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Assassin's Creed: Mirage - As areias do tempo

Expansão glorificada?

Image credit: Ubisoft
Assassin's Creed: Mirage tem momentos de forte esplendor, seja pelo gameplay ou pelos gráficos, mas não escapa à sensação de uma expansão glorificada cuja história precisava um pouco mais de pimenta. Além disso, os problemas com a IA inimiga quebram a imersão constantemente.

Assassin's Creed: Mirage é o mais recente jogo da Ubisoft na sua popular série de Assassinos contra Templários, originalmente conhecidos como Ocultos e Ordem dos Anciãos, que expande a narrativa e personagens apresentados em Assassin's Creed: Valhalla. Se jogaste Valhalla, sabes que é um dos mais importantes títulos da série, em termos da narrativa e expansão dos conceitos em torno dos eventos mais marcantes deste universo, no qual Basim foi posicionado como uma peça importante para o futuro de Assassin's Creed. No entanto, não sabemos muito sobre Basim, o Oculto que surgiu em Inglaterra para ajudar Eivor.

Basim revelou-se uma personagem inesperada, com regras próprias e cujas ações nos deixam a pensar no que se passou para o motivar a agir como agiu ao longo de Valhalla. A sua origem não foi apresentada como expansão para Valhalla, mas sim num novo jogo chamado Assassin's Creed: Mirage e no qual a Ubisoft tenta mostrar-te o passado de Basim e escrever uma carta de amor aos primeiros jogos da série.

Talvez sejam os rumores que Mirage começou como uma expansão para Valhalla e posteriormente transformado em jogo separado que influenciaram a minha perceção do jogo, mas sinto que a Ubisoft apenas conseguiu alcançar parte dos objetivos. O gameplay, remonta realmente para AC1 e é divertido, capaz de te fazer sentir que um remake desse primeiro jogo podia conquistar os fãs, mas por outro lado, a narrativa não tem a robustez esperada, não tem personagens marcantes e situações que realmente te façam sentir que o precisas jogar para expandir o teu conhecimento do enredo geral.

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Enredo

Assassin's Creed: Mirage decorre 12 anos antes de Valhalla e o seu propósito é mostrar-te o que aconteceu a Basim, como se tornou num Assassino e quais os eventos que o colocaram na situação em que está no final dessa aventura viking que a Ubisoft lançou em 2020. Como seria de esperar, Basim está envolvido na luta entre a Ordem dos Anciãos e os Ocultos, num dos momentos mais importantes para ambos os grupos.

A vida de Basim chocará de forma inesperada com o conflito entre as duas organizações, isto coloca-o numa rota na qual tenta encontrar um propósito para a sua vida e descobrir a origem de um mal que o aflige. Apesar de existir como suporte para Valhalla e para o futuro da série, a jornada da origem de Basim não conta com uma história particularmente interessante. Descobrirás uma trama em torno da importância de Bagdade e os esforços misteriosos da Ordem, que os Ocultos tentam contrariar.

Apesar de um ou outro momento interessante, Mirage não apresenta uma narrativa capaz de conquistar em pleno e fica mesmo a ideia de uma expansão que foi transformada em jogo e que não conseguiu cumprir na narrativa e personagens, apesar de o alcançar no gameplay.

Isto leva-te para Bagdade e arredores, num design aberto, mas cuja escala é pequena quando comparada com algumas das mais recentes odisseias na série, desde a passagem para um novo design de maior escala. Passear por uma cidade e locais que te fazem pensar no primeiro jogo e Revelations, com mecânicas gameplay refinadas e talhadas para te fazer pensar nas origens da série é o que te espera nesta tentativa de expandir Assassin's Creed com um olhar focado em Basim.

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Gameplay

Como referido, Assassin's Creed: Mirage é uma carta de amor aos jogos clássicos da série, aos títulos desenvolvidos como jogos de ação e aventura, antes da transição para Action RPG com Origins, em 2017. Além disto, é preciso ter em conta um detalhe igualmente importante, Mirage é mesmo clássico dos clássicos, com um design como os primeiros e não como Unity ou Syndicate, com controlo de territórios através da repetição de tarefas opcionais. É uma experiência mais simples, desprovida de elementos artificiais, pensada para facilmente divertir e cujas mecânicas foram simplificadas para promover esses desejos.

Após as primeiras 2 horas que funcionam como um tutorial para as novas mecânicas e para transmitir a sua personalidade focada no elemento furtivo, Mirage leva Basim para Bagdade e lá terás de lidar com diversos casos. Através das investigações dos Assassinos, estruturadas por missões, vais descobrir pistas que te indicam onde está cada membro da Ordem e a cada missão dás mais um passo para descobrir o que realmente se passa na vida de Basim. É uma estrutura interessante, que te obriga a seguir as missões por uma ordem específica (dentro dessa investigação pois podes escolher qual a investigação que queres iniciar e trocar a meio) e que nos leva para uma outra era dos videojogos singleplayer.

Mesmo sendo um mundo aberto, a escala é contida (cerca de duas das maiores áreas de Odyssey ou Valhalla) e tens os habituais pontos de viagem rápida, caso prefiras. A maioria das missões decorre em Bagdade, mas algumas decorrem nos arredores, seja no deserto ou localidades mais pequenas, para te tirar um pouco do ambiente citadino. No entanto, é na cidade repleta de NPCs que Mirage vibra e cativa. A maioria dos NPCs tem a sua rota diária e ao passar por eles sentes que estás imerso num local credível, com aqueles momentos "até parece que sinto o cheiro".

As missões estão desenhadas para incentivar o elemento furtivo, desde o posicionamento das casas e rampas para facilitar o parkour e entrar nos locais onde estão os atentos guardas, passando pelas ferramentas que podes desbloquear para atordoar ou distrair inimigos. A árvore de habilidades onde gastas pontos ganhos ao cumprir missões também favorece a furtividade, mesmo que o sistema de combate clássico te permita jogar de peito feito. O jogo fica mais difícil (especialmente se o nível de procurado for elevado) pois poderás ficar rodeado de inimigos que atacam sem piedade, mas é fácil contra-atacar e amparar golpes.

Percorrer a cidade com dinamismo com o parkour, escalar edifícios para alcançar os alvos importantes, escutar conversas para obter informações e procurar distrações para atrair os alvos mais relevantes fazem parte do ciclo gameplay, e por vezes até terás de encontrar disfarces para entrar nos locais. Mirage consegue momentos bem divertidos, mas sofre com um problema que destrói a imersão, o comportamento dos inimigos, mais especificamente a inteligência artificial. Foi frequente eliminar um guarda com outros a olhar e a fazer de conta, enquanto noutros momentos era visto sem estar num ângulo de visão que o permita. Diversas missões e momentos foram destruídos pela IA incapaz de manter a imersão, o que me levou a ridicularizar muitas outras missões pois sabia que conseguia destruir a lógica que a Ubisoft pretende criar.

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Gráficos e som

Graficamente, a Ubisoft Bordeaux e as equipas Ubisoft espalhadas pelo mundo que a ajudaram conseguiram um resultado que merece muitos elogios. Bagdade e as áreas em redor, desde deserto, oásis e localidades mais pequenas, conseguem momentos de grande beleza, com um forte contributo da iluminação. Dei por mim a recorrer frequentemente ao modo foto para capturar um momento para mais tarde partilhar. Existem aspectos que não estão nesse patamar, mas no geral a Ubisoft consegue um bom trabalho em Assassin's Creed: Mirage.

Deparei-me com uma quantidade mínima de bugs visuais, alguns interiores repetidos aqui e ali, mas a sensação geral é que Assassin's Creed: Mirage é um jogo muito bonito. Ao longo das 16h que precisei para terminar a campanha principal, vi muitas cutscenes com personagens repletas de detalhe, edifícios de grande escala e uma cidade cheia de NPCs ao ponto de te fazer pensar no quanto evoluiu a tecnologia nesta indústria ao longo de 10 anos.

O áudio de Assassin's Creed: Mirage também tem muito de positivo a destacar. Jogado com um bom sistema de som ou headset, Bagdade consegue um nível superior de imersão e a banda sonora apresenta composições que ajudam a engrandecer os momentos de gameplay.

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Conclusão

Assassin's Creed: Mirage é um jogo com momentos de puro esplendor, onde darás por ti parado a absorver as cenas como se quisesses respirar a cidade e os locais por onde Basim passa. O gameplay clássico, focado no elemento furtivo, simplificado para diversão imediata e sem elementos artificiais a prolongar a longevidade, conquista, mas a IA inimiga quebra constantemente a imersão e remove satisfação à tua interação, ao ponto de quase tornar banal jogar como a Ubisoft pretende que jogues.

Prós: Contras:
  • Qualidade gráfica repleta de bons momentos, especialmente pela iluminação
  • Foco no elemento furtivo força-te a explorar cenários para preparar abordagens e rotas
  • Gameplay clássico refinado e apoiado com novas mecânicas
  • Sistemas simplificados para diversão e sem artificialidades
  • Não és forçado a tarefas extra repetidamente para progredir
  • Má inteligência artificial
  • A história pode deixar a desejar
  • Imenso screen-tearing em todo o ecrã para manter o desempenho no modo desempenho

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