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A fraca argumentação da Microsoft

Jogo de tronos das consolas.

A aquisição da Activision Blizzard por parte da Microsoft (ou pelo menos, a tentativa) e a intervenção da Sony PlayStation tem sido comparável a uma telenovela... o drama não pára, e quando pensamos que já vimos tudo, somos surpreendidos. Esta semana saiu mais um episódio.

Ao saber que a FTC (que defende os consumidores nos Estados Unidos) tem planos para avançar com um processo e impedir a aquisição da Activision, Brad Smith, o presidente da Microsoft, resolveu fazer um apelo através de um artigo de opinião publicado no Wall Street Journal.

O argumento do presidente da Microsoft é simples: como a Xbox está em último lugar nas consolas, a única forma que tem de competir contra as rivais PlayStation e Nintendo é adquirir a Activision Blizzard, adicionando o vasto catálogo de jogos desta editora ao Xbox Game Pass (e também ficava fortalecida no mobile, graças a Candy Crush).

É uma argumentação falaciosa, porque não retrata a realidade. É verdade que a Xbox está atrás das concorrentes, mas não é por falta de ferramentas. Não vamos esquecer que nos últimos anos adquiriu vários estúdios e uma editora enorme, a Bethesda. Agora a Microsoft quer "engolir" uma editora ainda maior. Estamos a falar da 3ª companhia mais valiosa do mundo e que tem um enorme poder noutras áreas.

A Xbox Series X é a consola mais poderosa do mercado e tem o Xbox Game Pass, o serviço de subscrição mais aliciante.

Brad Smith fala de como a Microsoft está a enfrentar grandes desafios na indústria dos videojogos. Os desafios são normais de qualquer mercado e não é fácil chegar ao topo. A Nintendo enfrentou vários desafios, o mais recente com a Wii U, que foi um falhanço. A PlayStation sofreu nos primeiros anos da PS3. A PS Vita teve que ser abandonada.

Nem a Sony nem a Nintendo tentaram usar as suas infortunas para iniciar uma monopolização do mercado. Tanto uma como outra cresceram e beneficiaram de aquisições estratégicas, é certo, mas acima de tudo o seu sucesso vem de perseverança e da lenta construção de estúdios e propriedades intelectuais de qualidade.

A Microsoft quer acelerar os seus ganhos de quota de mercado e precisa de novidades constantes para alimentar o Xbox Game Pass, mas cada vez mais comporta-se como um miúdo mimado, fazendo birra para conseguir aquilo que quer. O texto de Brad Smith não só denigre a marca Xbox, como é um espelho da incapacidade para competir com as rivais, apesar das diversas aquisições realizadas nos últimos anos.

A Xbox tem a consola mais poderosa do mercado. Tem o serviço de subscrição mais aliciante. Tem uma impressionante lista de propriedades intelectuais. Os seus estúdios transbordam de talento. De que é que precisa mais para conseguir competir contra PlayStation e Nintendo? O que vai acontecer se continuar em terceiro lugar depois de adquirir a Activision Blizzard? É justificação para comprar outra editora?

O último argumento de Brad Smith e da Microsoft é que a aquisição da Activision Blizzard beneficia os jogadores, porque coloca o catálogo mais acessível através do Xbox Game Pass. Isto até pode ser verdade para o futuro próximo, mas assim que for dominante no mercado dos videojogos, a Microsoft terá a "faca e queijo" na mão para ditar preços e aumentar subscrições. Os monopólios só são bons para as companhias que os detêm. Nunca para os demais.

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