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Super Mario 64 celebra 20 anos

Porque foi um dos jogos mais influentes da indústria?

No passado dia 23 de Junho, Super Mario 64 chegou os 20 anos. O jogo lançado para a Nintendo 64, no Japão, nessa data primaveril, só chegaria à Europa no ano seguinte (em Março) depois do lançamento norte-americano em Setembro de 1996 (naquela época eram raros os lançamentos mundiais e quase sempre a Europa era a última a receber as novas consolas). É uma comemoração particularmente especial se considerarmos o jogo produzido pela equipa de Miyamoto como um dos mais influentes e transformadores jogos de sempre, sendo mesmo eleito como - "o jogo" - por muitos produtores em actividade. O que terá contribuído para o reconhecimento geral de Super Mario 64?

Só os efeitos 3D? A sensação de liberdade? A câmara que automaticamente acompanha a personagem? Os puzzles? O botão analógico para o comando da personagem?

Desde logo importa lembrar que Super Mario 64 foi um dos jogos de lançamento da Nintendo 64, juntamente com Pilot Wings 64. Ambos apresentaram mundos tridimensionais mas foi Super Mario que depressa arrebatou os corações, mesmo dos mais incautos, sedimentando uma posição de relevo no catálogo da N64, a consola que praticamente só conheceu produções em 3D. Numa altura marcada pelo salto geracional (do 2D para o 3D), a tecnologia ainda não estava no pleno do seu potencial (nas arcadas os CPU's e processadores davam azo a melhores gráficos 3D, mas nas consolas o patamar ainda não chegava a esse nível), o que tornou a proeza da Nintendo, obtida pela equipa de Miyamoto, ainda mais importante. A introdução de melhores placas gráficas no PC e o avanço das consolas com a entrada em cena da Dreamcast no final da década de noventa, marcaram claramente um novo paradigma nas produções tridimensionais como o grande alvo de trabalho da indústria para as aventuras, onde emerge GTA III como o jogo que mais rivalizou com o feito de Super Mario 64 (juntamente com outros títulos), tendo ambos contribuído para o que são hoje os jogos em mundo aberto, amplificados por desafios e tarefas constantes.

A entrada do castelo é só uma introdução para o que se encontra no seu interior.

Essa é provavelmente a maior proeza de Super Mario 64; os mundos que se abrem dentro do castelo e que se escondem nos quadros colocados nas paredes até aos sítios mais insuspeitos. A liberdade com que Super Mario deambula pelas diferentes áreas, sem uma orientação, um caminho predefinido através de paredes e uma mão que lhe diga vai por ali, é inédita e apta a surpreender totalmente o jogador. Os limites estão bem para lá do fascinante. Essas secções são níveis, mas se pensarmos em Super Mario World como o pináculo da série em 2D (juntamente com o brilhante Yoshi's Island), os níveis mostrados em Super Mario 64 não têm qualquer comparação com o visto anteriormente. Não há uma partida e uma chegada claras.

A partir daí projecta-se todo um desafio proposto pela equipa de Miyamoto, constantemente a brindar o jogador com surpresas, puzzles, áreas secretas, momentos de inapelável humor e aquela sensação de controlo e precisão da personagem que provém das experiências anteriores. No final, há sempre uma estrela a ganhar mas mais estrelas podem ser obtidas se descobrirem locais secretos e se olharem um pouco para lá do óbvio. O jogo transpira movimento e acção como qualquer jogo da série Super Mario, é feito para vincular o jogador ao mundo maravilhoso, um mundo em permanente ebulição. Das tradicionais plataformas até às corridas atrás dos pinguins, passando pelas aventuras nas pirâmides no deserto ou a caravela no fundo do mar, estamos como que diante de um metralhar constante de novos episódios. Ainda hoje, vinte anos depois, atendendo ao estado do 3D naquela metade da década de noventa, o jogo de Miyamoto permanece à frente do seu tempo, precisamente pela diversidade e constante surpresa gerada pelos diferentes mundos.

É possível interagir com o rosto de Super Mario no ecrã inicial. A equipa chefiada por Miyamoto conseguiu um jogo não só fluído como preciso nos comandos. O stick analógico revelou-se providencial.

A inclusão do botão analógico promoveu um melhor controlo da personagem em contexto tridimensional. Num espaço aberto, mover a personagem por intermédio do d-pad seria um descuido grave, pelo que a Nintendo percebeu e assumiu-se como pioneira na inclusão do botão circular. Embora não seja tão relevante como a ideia conceptual do jogo, contribuiu sobremaneira para o seu sucesso, juntamente com a perspectiva automática que apontava na melhor direcção, ainda que o jogador pudesse usar alguns botões para obter um campo de visão privilegiado.

Super Mario 64 transportou o canalizador e todos os que se aventuraram com ele para uma nova dimensão, o novo Mushroom Kingsom, onde conceitos como liberdade, desafios, puzzles e constantes surpresas proporcionaram momentos únicos. O cartucho abriu as portas para novas ideias, através de mecânicas consolidadas nos anos seguintes em produções maiores, ao mesmo tempo que a série se reconstruiu, sendo Super Mario Galaxy o melhor exemplo desse caminho.

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