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Atsushi Inaba: talento criativo do Japão

Da antiga Clover à liderança na PlatinumGames.

Isto não significa, contudo, que o risco seja sobrestimado, de outro modo seria o começo do fim do próprio estúdio. Fazendo dos jogos originais uma máxima e ao mesmo tempo uma atitude na indústria, o percurso deste estúdio independente visa estabelecer uma diferença e em certa medida distanciar-se da competição feroz das séries que anualmente se digladiam, apresentando propostas de grande equivalência em géneros que tardam a projectar novas configurações.

Títulos novos perfilam-se em menor número enquanto que as sequelas seguem por diante tantas vezes com um mero período de meses a marcar o ritmo entre duas versões da mesma série. E mesmo quando se dá a conhecer um novo jogo, descobre-se em pouco tempo que há mais uma tentativa para colher os benefícios gerados por um título maior, como se depois de LittleBigPlanet tivessem que se espalhar mais sackboys.

Sendo um dos grandes responsáveis pelo aparecimento da PlatinumGames, Inaba não perdeu o cargo anteriormente ocupado para a produção e desenvolvimento de novos jogos. Madworld é a sua mais recente produção, uma “Dead Watch” onde jogabilidade, apresentação, ritmo e estilo conjugam toda uma nova experiência. A liderar a companhia e num vértice destinado à vertente puramente administrativa está Tatsuya Minami, outro ex-Capcom que também participou, enquanto produtor, no desenvolvimento de imensos títulos.

Aliás, o grupo é quase todo constituído por antigos trabalhadores da Capcom. As energias nunca ficam ao relento e neste caso até contam com os préstimos de Shinji Mikami, badalado produtor de séries como Resident Evil (o último que colaborou juntamente com Kobayashi foi RE4) e o politicamente incorrecto e kafkaniano Killer 7, em conjugação com outro independente do Japão, Goichi Suda. Mas este entendimento e percepção global não coincide nem parece ganhar grande perspectiva para com o mercado que lhes dá a nacionalidade no bilhete de identidade.

A Nintendo Wii significa um conjunto de possibilidades que Inaba quer agarrar. E não é apenas por uma questão de liderança da máquina.

Os videojogos há alguns anos que mergulharam no ritmo da globalização, quebrando barreiras e abrindo alas a mercados emergentes, em franca expansão e com novas possibilidades de negócio. Em contraponto à evolução dos grandes mercados europeu e norte-americano, o Japão está cada vez mais retraído na expansão da indústria, mostrando-se cauteloso e ao mesmo tempo um obstáculo para que os seus maiores produtores encontrem no respectivo país um eco e adesão às suas produções.

Esta percepção acabou por ser determinante no interesse e posição da PlatinumGames que dirige os objectivos para os mercados além fronteiras, mais receptivos e abertos a experiências completamente novas. Os jogadores japoneses estão cada vez menos receptivos a grandes surpresas e preferem despender o seu tempo dedicado a jogos mais simples e acessíveis. Ancorando as preferências nos títulos mais tradicionais, precisamente jogos que denotam uma particular especificidade do mercado e que colheriam em perfeita surpresa os jogadores orientais, são cada vez mais escassos os produtores japoneses independentes que conjugam novas ideias para tornar um jogo com sucesso para lá das fronteiras.

Houve um tempo em que o Japão permaneceu como mercado líder na promoção e exportação de videojogos e novas ideias. Em boa parte os estúdios mais reduzidos fundem-se com os grupos gigantes de modo a garantir a própria sobrevivência quando lhes faltam meios para acorrer aos mercados ocidentais. Para a PlatinumGames não é apenas a preocupação de garantir uma desejável liberdade no processo criativo, mas também recuperar a marca do “made in Japan”, mesmo quando se perceba, pelos elementos postos nos títulos, que o interesse seja dirigido à satisfação dos adeptos ocidentais, com todo o significado que um novo desafio sempre encerra.

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