Skip to main content
Se clicares num link e fizeres uma compra, poderemos receber uma pequena comissão. Lê a nossa política editorial.

Atelier Sophie 2 review - bálsamo para a alma

A Gust continua a traçar um caminho próprio.

A sequela da Gust é mais um jogo com um doce charme que se torna fácil de acompanhar, mas não é propriamente superior ao que veio antes.

A Gust já se tornou conhecida pelos seus JRPGs que escapam quase por completo aos moldes tradicionais. Aqui não tens um elenco de pseudo machos dedicados a travar um vilão de armadura e impedir o fim do mundo. São um pouco mais terra-a-terra e mesmo com elementos de grande fantasia, colocam as suas bases no real para apresentar elencos carismáticos que vivem jornadas marcadas por uma tranquilizante doçura que inevitavelmente te deixa relaxado e à procura de desfrutar de experiências desprovidas de stress.

Os jogos da Gust são de nicho dentro de um género de nicho e, por isso mesmo, é fácil entender o porquê dos mais ávidos adeptos de JRPGs dedicarem parte do seu precioso tempo a estes jogos. Ajudam a descomprimir ao longo de paisagens coloridas, com elencos juvenis e até tontos, que são colocados em jornadas de auto descoberta enquanto tentam explorar o mundo à sua volta para viver empolgantes aventuras e conhecer novas pessoas. Aquela sensação de explorar o misterioso e sentir que há uma infinita quantidade de novidades à espreita que tanto marca a juventude.

Após alcançar um novo expoente máximo de qualidade com Atelier Ryza, que mereceu de imediato uma sequela que acabou por se tornar no meu jogo favorito da Gust, e provavelmente no seu melhor título, a companhia decidiu apostar novamente numa sequela. No entanto, ao invés de Ryza 3, a Gust optou por convocar a sua anterior mais querida, a Sophie, que volta com Plachta para dar continuidade aos eventos vistos no primeiro jogo. Existem constantes referências a eventos do passado das duas personagens e uma continuidade direta da narrativa anterior que poderá deixar-te perdido em alguns momentos, mas no geral aguenta-se bem como um jogo para quem não conhece o primeiro.

Bem ao seu estilo e como tanto gostamos, Atelier Sophie 2 aposta no misterioso para te puxar e recorre a personagens doces e carismáticos para te manter a jogar, sempre com vontade de descobrir mais sobre os seus problemas. Erde Wiege é o novo local onde estes mistérios decorrem, uma terra para onde Sophie foi inesperadamente levada e onde encontra uma Plachta alternativa. Terás de explorar diversos locais desta nova terra para no final de cada masmorra enfrentar um boss e desvendar um pouco mais da trama.

Ver no Youtube

Como seria de esperar, estarás constantemente a recolher materiais para fabricar itens, recursos, armas, armadura ou peças importantes para progredir na narrativa, o que te força a ir para o pote misturar ingredientes. A Gust simplificou e dinamizou o elemento de alquimia em Atelier Sophie 2 até podes ativar a mistura automática, o que remove qualquer atrito desta vertente da experiência que poderia incomodar alguns. Diria que um dos maiores trunfos desta sequela, além do elenco e tom da experiência em si, é mesmo ver que esta equipa continua dedicada a polir e afinar o fluir dos seus jogos. Se Atelier Ryza e respectiva sequela já mostram preciosos avançados na transição fluída e rápida entre locais ou no ritmo da experiência, Atelier Sophie 2 segue esses passos.

Existem zonas de maior escala para explorar, mas não sentirás que isso prejudica o ritmo geral do jogo, apesar da simplicidade do design destes locais. A viagem rápida está ativa desde o início e é muito fácil de usar, o mapa do jogo indica-te pontos de interesse, para onde tens de ir para prosseguir e até é fácil visualizar os materiais disponíveis em cada local quando tens de procurar por ingredientes em falta. Resumindo, é muito difícil ficar encalhado em Atelier Sophie 2 e enfrentar entraves ao desenrolar da narrativa. Somente nas masmorras poderás encontrar inimigos poderosos que te obrigam a um ligeiro grande para os derrotar.

As masmorras, que voltam a apresentar um design básico, mas com bons momentos e visuais igualmente coloridos, são outro ponto que mostram os avanços da Gust na sua série Atelier. Não encontrarás aqui nada de particularmente requintado, mas as mecânicas de Atelier Sophie 2 foram afinadas para brilhar na sua simplicidade e para permitir uma progressão fluída. A diversão na simplicidade. O sistema de combates por turnos descarta alguns dos melhores elementos de Ryza 2 e poderá até sentir-se mais simples em comparação, mas ainda assim enverga profundidade suficiente para sentires que é necessária alguma estratégia. Os golpes especiais criados por duplas são dos momentos mais divertidos de Atelier Sophie 2.

Jogar Atelier Sophie 2 deixou-me com um sorriso na face pois não é uma experiência complexa, pelo contrário é até relativamente simples, mas era precisamente isso que precisava. Os visuais coloridos, os locais dotados de magia e fantasia ao estilo Gust ajudaram a dar encanto ao elenco, que apesar de cair em alguns clichés, não deixa de espalhar charme. Atelier Sophie 2 é um jogo descomprometido, cuja maior exuberância é dizer ao jogador para se divertir e que em momento algum estabelecerá parâmetros para o incomodar, mesmo que isso resulte numa experiência sem grande dificuldade.

Uma doce aventura à lá Gust

Atelier Sophie 2: The Alchemist of the Mysterious Dream é claramente um título da Gust, uma companhia japonesa que já é conhecida por apostas em protagonistas femininas, que vivem aventuras muito focadas em jornadas pessoais de descobertas, que acabam por cruzar com mistérios capazes de transformar o mundo. As temáticas de alquimia, amizade, exploração do desconhecido e personalidades doces em todo o elenco ajudam a diferenciar os jogos da Gust dos demais títulos do género, tão focados em vilões e no fim do mundo, mas apesar do seu incrível charme e da experiência tão fácil de jogar e desfrutar, Atelier Sophie 2 deixa a desejar em comparação a Atelier Ryza 2. Fica a sensação que a Gust terá de dar saltos maiores de jogo para jogo.

Prós: Contras:
  • Estética visual colorida apelativa
  • Zonas de maior escala
  • Narrativa que aposta na sensação de aventura
  • Simplificação das mecânicas de alquimia
  • Ausência de uma versão PlayStation 5
  • Sistema de combate não é tão profundo quanto o de Ryza 2
  • Sensação de repetição na estrutura e temáticas

Read this next