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Dragon Ball Z: Battle Of Z - Análise

Só um desejo do Dragão Sagrado é que podia salvar este jogo.

Será Dragon Ball Z: Battle of Z o jogo que os fãs tanto aguardam, aquele que corresponderá finalmente a todas as suas expectativas e que fechará esta geração com uma chave de ouro? Não, nem pensar, muito longe disso. Estamos perante algo tão desastroso que se compararmos ao jogo anterior, Dragon Ball Z: Ultimate Tenkaichi, fá-lo parecer como uma alternativa fantástica. Não estou a exagerar quando digo que estamos perante uma regressão.

É uma regressão porque não dá para fazer uma das coisas mais básicas e que já estava presente em jogos anteriores, a transformação a meio dos combates. É uma das características que definiu a manga/anime, e não estar incluída num jogo lançado a esta altura do campeonato não tem justificação possível. Mas em comparação com outros aspectos, as transformações são apenas uma pequena parte do que torna Dragon Ball Z: Battle of Z num jogo horrendo.

O principal problema está naquilo que é o pilar de qualquer jogo de luta: os combates. O erro não está no conceito escolhido, que são os combates em equipa (é possível combater em quatro contra quatro, ou seja, oito personagens em simultâneo numa arena), mas antes no estado em que o jogo se encontra, dando a sensação que precisava de vários meses de beta testing para chegar a um estado que pudesse ser considerado minimamente razoável.

Para começar, o sistema de lock-on funciona terrivelmente. É comum ter a câmera bloqueada num oponente e tentar atacar a grande velocidade apenas para falhar, passando ao lado deste. Depois, quando o lock-on está ligado, a câmera assume constantemente perspectivas muito inconfortáveis que impedem-nos de perceber o que está a acontecer em nosso redor (a câmera nos jogos de Dragon Ball estilo Tenkaichi nunca foi perfeita, mas era bastante aceitável). Só estes dois factores em combinado são suficientes para dissipar qualquer vontade de jogar, por maiores fãs que sejam Dragon Ball.

A juntar a isto temos a colisão dos ataques especiais (kamehameha e derivados) que é anedótica. Em primeiro lugar não dão aquela sensação de poder fantástica que deviam dar (tudo culpa da colisão, que está muito mal feita), em segundo, as animações e efeitos visuais estão piores, parece que foram feitas à pressa e sem carinho, assim como o resto do jogo, para ser honesto. Mas mais horrível ainda é a movimentação das personagens a voar.

O sistema de combate é semelhante aos jogos Tenkaichi, mas com a diferença do número largamente reduzido de combos. Com poucas opções para variar nos ataques, torna-se repetitivo a um ritmo mais acelerado que os jogos anteriores, que sempre estiveram pré-dispostos, uns mais do que outros, para este problema. A perseguição aérea (ou o efeito ping-pong, como gosto de lhe chamar) continua presente em Battle of Z (chama-se Meteor Chain), mas agora só podemos acertar no inimigo uma vez, as restantes vezes terão que ser levadas a cabo pelos vossos companheiros de equipa. Se todos carregarem no triângulo no momento devido, vão atingir o encadeamento máximo de golpes e, consequentemente, o dano máximo.

A nível de ataques a variedade não aumentou nem diminuiu. Cada personagem tem, além dos ataques corpo-a-corpo atribuídos ao triângulo, um ataque especial de curta distância (tipo o Kaio-ken), um ataque de longo alcance (tipo kamehameha), um ataque de suporte (tipo posses que podem aumentar o ataque, defesa, etc) e um ataque de interferência (por exemplo o Solar Flare). Em adição a estes, as personagens possuem um ataque final que é possível executar quando a barra de Ki fica cheia.

Em Battle of Z deixou de ser possível encher a barra de Ki carregando simplesmente num botão. Agora, para encher esta barra têm que obrigatoriamente atacar corpo-a-corpo um dos adversários. Pelo lado positivo, acabou-se o spam de ataques especiais, pelo lado negativo, não é muito fiel ao manga/anime e em última instância é mais uma limitação.

Dragon Ball Z: Battle of Z tem algumas ideias positivas que acabam por ser prejudicadas por se encontra num estado quase injogável. Juntando esforços, é possível que dois, três ou quatro jogadores ataquem em simultâneo um único oponente (Synchro Rush), criando uma cadeia de ataques que causam uma boa quantidade de dano, um dos poucos bons momentos que consegue dar.

A experiência é menos má se jogarem em modo cooperativo, que felizmente podem fazê-lo em todas as missões da campanha. A inteligência artificial não se desembaraça nada mal nos combates, nem nos incomoda, mas não está preocupada em chegar ao encadeamento de ataques máximo. Pelo menos, quando vamos ao tapete, às vezes tenta partilhar um pouco da sua energia connosco para voltarmos à ação (a partilha de energia é uma das mecânicas presentes, basta carregar no R3 e seleccionar o companheiro para partilhar a nossa energia). Também existe a oportunidade de participar em partidas competitivas contra outros jogadores através do Battle Mode, que tem quatro variações.

Mais uma vez temos um modo história que nem chega perto de fazer justiça ao anime/manga. A apresentação dos eventos dá-se de forma apressada. Claro que os fãs vão perceber em que momento da história estão situados, mas creio que todos partilham a opinião que Dragon Ball deveria receber um tratamento semelhante aos jogos Naruto, nos quais o modo história é espectacular e não muito diferente de ver o anime graças à atenção que os produtores lhe dão.

A estrutura do modo história faz lembrar muito o Galaxy Mode de Raging Blast 2, que retratava muitos dos combates que aconteceram no anime/manga mas sem qualquer contexto. Em Battle of Z as missões estão divididas por ramos e por número. Algumas das missões são puramente imaginativas e não aconteceram realmente, mas é uma forma de prolongar a longevidade. No final de cada missão recebem uma classificação conforme o vosso desempenho.

Uma mecânica que ainda não foi referida é a barra “Genki”, que está bem visível durante os combates. Quanto melhor estiver a correr o combate, mais esta barra enche. No final do combate, se terminarem em grande com um ataque final, podem dar a energia acumulada nesta barra para uma espécie de "banco de energia mundial", que reúne energia de todos os jogadores e apresenta um contador no menu principal, não sei bem para qual propósito. A vantagem de doar a energia é ganhar pontos Premium para comprar itens desta categoria. Estes itens são diferentes e mais raros do que aqueles que podem comprar com os pontos ganhos nos combates.

"(...) o que falha terrivelmente é a execução."

Nos gráficos também não há elogios a fazer, pelo contrário, mais uma vez estamos perante uma regressão. As arenas parecem uma colagem de texturas feias e sem vida (até os jogos Dragon Ball da PlayStation 2 conseguem ter melhor aspecto). Dos modelos das personagens não há muito a dizer, mas a palete de cores usada não parece ser a correta. Há qualquer coisa de estanho que não agrada aos olhos.

Para a conclusão, volto a referir que a ideia para Dragon Ball Z: Battle of Z tinha potencial, o que falha terrivelmente é a execução. O que há de bom acaba por ser abafado pela grande quantidade de coisas más e o resultado final é tão mau que até doí. Normalmente, este tipo de jogos vêm acompanhados pelo rótulo "apenas para fãs", o que é compreensível e aceitável, mas Dragon Ball Z: Battle of Z é um caso que nem recomendado para os fãs deve ser. Os fãs devem manter-se bem distantes a não ser que estejam preparados para uma forte desilusão.

4 / 10

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