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Uncharted 3: Drake's Deception - Análise

Confronto dos íntimos receios de Drake.

Há uma insistência em levar o jogador a derrubar inimigos através da atuação furtiva, embora isso exija um controlo e rigor muito grandes para evitar o alarme. Assim que os inimigos detetam a nossa presença alguns tendem a enviar constantemente granadas. É possível devolver boa parte delas, evitando que deflagrem muito perto, mas sempre podem disparar com pontaria quando algum adversário se prepara para retirar a cápsula de mais uma, rebentando com ela.

A natureza dos puzzles não diverge largamente do estilo apresentado nos jogos anteriores. Alguns requerem a consulta do guia que habitualmente Drake leva consigo, outros obedecem a uma interação com objetos espalhados pelo cenário, mas de um modo geral não se afiguram demasiadamente complexos ao ponto de sentirem uma interrupção forte no curso do jogo. Quanto a mim e se quiserem retirar o proveito destes testes o melhor é desativarem a opção relativa às dicas pois se errarem por diversas vezes são-vos apontadas as soluções e onde devem começar a resolver o puzzle, o que não é muito conveniente quando se pretende um desafio a valer.

O deserto, um dos melhores ambientes do jogo.

É na dimensão visual e gráfica que Uncharted 3 mais brilha. Não sendo tão percetível o salto qualitativo desde o último episódio que já levara muito longe a barreira da apresentação, representação e envolvência das personagens, a verdade é que apesar de não ser muito percetível há melhorias. Drake, por exemplo, está algo diferente, mais trabalhado, tem o rosto mais fundo e agreste. Sullivan não mostra grandes diferenças e as mulheres do jogo, a morenaça Chloe e a loira Elena continuam a marcar presença. Desta vez desapareceu aquela tensão entre as personagens bem marcada no jogo anterior. Chloe entra em cena logo no começo do jogo, mas acaba por sair do enredo ainda antes da entrada de Elena que funciona como um ponto de equilíbrio na loucura de Drake em levar por diante as investidas na exploração. Certo é que Drake ainda está longe de se tornar num pai de família.

De qualquer modo as localizações do jogo continuam a apresentar um grau de detalhe e pormenorização fantásticos. Sempre pontuados por um imenso colorido, é igualmente assinalável a transição entre escuros e claros, especialmente no deserto quando se passa da noite para o dia. A descrição dos locais evidencia todo um notável trabalho de casa bem feito pela Naughty Dog em tornar bastante credível e o mais realista possível o ambiente de jogo. Nesse aspeto não há volta a dar ao texto. Uncharted 3 pode não aumentar a fasquia de Uncharted 2 em termos gráficos, mas nos seus diversos "settings" continua a impressionar e a exibir um ponto difícil de replicar.

E o óscar de melhor actor vai para

Ao mesmo tempo a movimentação dos protagonistas está melhor. As diferentes movimentações de Drake consoante o desgaste, especialmente no deserto, tornam o avanço mais vagaroso ou rápido. No que respeita às vozes existe um sincronismo quase perfeito no movimento dos lábios associado às palavras em inglês, o que é notável. Por preferência escolhi passar o jogo com as vozes em inglês, mas terão sempre a possibilidade de passar para o português que também se encontra em bom nível. A banda sonora é igualmente notável, agora confortada por composições e ritmos associados à representação cinematográfica do médio-oriente.

Uma vez completa a campanha no modo normal será aberto um novo nível de dificuldade para além de hard, mas nem por isso sobejam modos de jogo entre co-op online, em lan, assim como um renovado multiplayer. Tal como já sucedia no jogo anterior, os tesouros que colecionaram ao longo da aventura permitem adquirir novas roupas, armas e itens para o multiplayer, assim como será desbloqueada artwork e vídeos sobre a produção do jogo. A integração em termos de redes sociais será feita através do Facebook. O modo cinema também conta com algumas melhorias permitindo a criação de clips de jogos completos com integração através do YouTube e Facebook.

Em termos multiplayer o jogo apresentará algumas das áreas mais importantes da campanha totalmente repensadas para favorecer a experiência para vários jogadores em rede. Os níveis The Chateau ou Airstrip estão construídos de modo a permitir diferentes fases, com estruturas dinâmicas naquela que é uma aproximação ao que se pode ver na campanha (ainda que com a devida perda dos efeitos gráficos), mudando a localização do combate, por exemplo no caso do Airstrip consoante o aparelho esteja a descolar ou já em pleno voo. Entre os novos modos de jogo e para lá do já tradicional Team Deathmatch haverá o Three Team Deathmatch que é uma variante do jogo anterior composta por três equipas de dois jogadores em competição entre si. O outro modo é o Free for All, no qual cada jogador avança no mapa por sua e única conta.

Durante as partidas on-line os jogadores poderão encontrar tesouros e outros colecionáveis, funcionando tudo para aumentar a moeda de troca útil para adquirir novas personagens, equipamento e fazer novos perks. Será também possível entrar mais tarde nas partidas e mais depressa. Isso assegura que os jogos estejam repletos de participantes durante mais tempo.

O buddy system é a forma ideal para vários amigos se juntarem e partilharem entre si os sucessos ao longo do jogo. Podem até doar tesouros ao vosso colega ou então fazer spawn de um colega perecido em combate de forma a ripostar mais depressa aos ataques dos adversários.

O modo multiplayer prevê ainda outras modificações decorrentes das personagens através da melhoria de equipamento e de modificações que as tornam mais eficientes, os chamados boosters e kickbacks. Para ambos os casos haverá uma tabela de rankings e assim que progredirem na tabela acederão a novos conteúdos.

Mas para lá do multiplayer, Uncharted 3 fica também marcado pelo regresso da vertente cooperativa em rede e em modo local. Os modos Arena e Hunter traduzem já uma representação do que vimos em Uncharted 2, sendo que a novidade vai para o modo aventura que é composto por um guião que porá em coligação de esforços os 3 protagonistas fixos.

Com Uncharted 3: Drake's Deception a Naughty Dog volta a entregar uma aventura que toca nos padrões de qualidade alcançados em Uncharted 2, ultrapassando-os até em determinados momentos. Porém e para uma terceira fase de evolução esperava-se uma maior longevidade e até uma reinterpretação da estrutura do jogo. E não é isso que acontece, pelo menos para quem queria ver o jogo avançar para lá de Uncharted 2. Drake's Deception não tem tantos capítulos como o jogo anterior e o argumento não é tão consistente e coeso do princípio até ao final (há um corte muito claro na passagem da França para o Médio-oriente). Depois ainda demora umas horas até ganhar verdadeira dimensão e por último o final da campanha volta a aproximar-se de algo já visto, para além de uma "boss fight"aquém daquilo que deve ser um momento único no jogo. A isto soma-se também uma estrutura automática que ganha cada vez mais pendor, reduzindo as margens de atuação do jogador. Não é que se tenha perdido a interatividade, mas por vezes fica a impressão que o jogo festeja mais do que o jogador. Apesar disso, não tenham dúvidas que estamos perante mais um grande jogo e que a Naughty Dog volta a reforçar a discussão entre cinema e videojogos, fazendo do realismo um elemento orientador de toda a experiência. Uma grande aventura no deserto, bem-vinda para aquecer estas noites frias e prolongadas.

9 / 10

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