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Mutant Year Zero: Road to Eden - Análise - Uma agradável surpresa

Um jogo de estratégia por turnos influenciado por XCOM.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
Um jogo de estratégia por turnos que combina exploração e stealth em tempo real. Uma surpresa agradável até para quem não é fã do género.

Mutant Year Zero: Road to Eden é a surpresa mais agradável que tive este ano. É um daqueles que jogos em que comecei a jogar sem qualquer expectativa e que, pouco-a-pouco, ficou cada vez melhor. Geralmente, os jogos de estratégia não conseguem cativar-me, mas Mutant Year Zero: Road to Eden provou ser diferente. Se calhar andava a experimentar os jogos de estratégia errados, ou se calhar o título em questão é mesmo muito bom.

Se és como eu e pouco ou nada sabes sobre Mutant Year Zero: Road to Eden, fica com uma breve introdução. É um jogo de estratégia por turnos altamente influenciado por XCOM, mas o contexto é completamente diferente, bem como as personagens. Neste jogo controlamos um grupo de mutantes com habilidades especiais num mundo pós-apocalíptico, onde os vestígios da nossa civilização já estão quase cobertos por vegetação.

Compreendo que o contexto possa parecer banal, afinal, há tantos jogos que decorrem num contexto semelhante, em que a humanidade como a conhecemos actualmente desapareceu. Contudo, a apresentação da história e o carisma natural emanado pelas personagens tornam Mutant Year Zero: Road to Eden num jogo mais interessante do que inicialmente parece.

O jogador é colocado na mesma perspectiva do que as personagens, isto é, no início do jogo não há nenhuma introdução a explicar exactamente o que aconteceu à civilização. Sabemos que a civilização desapareceu, mas como, quando e porquê permanece um mistério. Lentamente, explorando várias áreas, vamos descobrindo vestígios, anotações das pessoas que já desapareceram e pistas do que desencadeou o final da humanidade (as personagens que controlamos já são por si mesmas uma pista).

Gostei particularmente de como o jogo brinca com os mitos que podem ser criados com base no desconhecimento do que ficou para trás. A dado momento, um dos NPCs da Ark (um local seguro para os habitantes deste novo mundo) diz-nos que há um lugar, lá para norte, em que as pessoas vinham de todo o lado para comer a comida dos deuses. Como é que se chama este local? Pizzaria. Mais adiante, descobrimos a Pizzaria do mito, numa área jogável a norte do mapa, e não passa de uma Pizzaria como tantas outras.

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Inicialmente, a nossa equipa é composta por duas personagens: Dux e Bormin, humanoides com aspecto de um pato e de um javali. Quando comecei a jogar até brinquei e disse que o jogo era uma mistura de X-Men com o Pato Donald e os três porquinhos, mas acabei por gostar mais delas do que esperava. Apesar do seu aspecto animalesco, são personagens humanas, racionais e sem frases parvas. Conforma a história se desenrola, vais conhecer mais personagens mutantes que se juntarão à tua equipa, mas a cada momento só três personagens é que podem estar activas.

"Assim que começas a progredir mais, o jogo desabrocha com um grande leque de possibilidades estratégicas"

Embora os combates funcionem como um jogo de estratégia por turnos, o resto do jogo é como se fosse uma mistura entre aventura e sobrevivência. O mundo é formado por pequenas áreas jogáveis, umas maiores do que as outras, e em cada uma destas áreas vais encontrar grupos de inimigos e valiosos recursos. Estes recursos podem depois ser trocados na Ark por novas armas, acessórios para as armas e itens como granadas e estojos de primeiros socorros. Enquanto estás a explorar, tens controlo directo nas personagens, mas assim que entras em modo de combate, a área fica dividida como uma folha quadriculada.

As tuas decisões em combate são importantes, mas a minha experiência em Mutant Year Zero: Road to Eden dita que a abordagem a cada situação é igualmente importante e, acima de tudo, deves tentar usar o stealth para eliminares o maior número possível de inimigos. Cada inimigo tem uma área de alerta e, se conseguires aproximar-te sorrateiramente, é possível evitar que sejas detectado. As personagens normalmente deslocam-se com lanternas ligadas na mão, mas podes desligar as lanternas e caminhar aninhado para passar despercebido. É bom pormenor que ajuda no realismo, se bem que, como outros jogos de stealth, há situações em que na realidade dificilmente não serias detectado.

No que diz respeito à estratégia, que apesar de tudo o resto continua a ser o foco de Mutant Year Zero: Road to Eden, é um jogo impiedoso, mas que te dá muitas possibilidades na abordagem a cada situação e também na personalização e evolução de cada personagem. Nas primeiras horas é um jogo mais básico porque ainda não desbloqueaste as melhores habilidades das personagens e as armas a que tens acesso são fracas, mas assim que começas a progredir mais, o jogo desabrocha com um grande leque de possibilidades estratégicas.

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Cada personagem tem direito a duas jogadas por turno, e nestas jogadas estão incluídas acções como recarregar a arma, deslocação nos quadriculos, disparar a arma, lançar granadas e activar habilidades especiais. Ou seja, a cada turno as personagens só podem fazer duas destas acções que acabei de nomear. Além disso, certas acções, como disparar a arma, acabam imediatamente o turno, ou seja, não podes disparar e a seguir deslocar a personagem que disparou para outro lugar. Também podes deslocar-te para mais longe do que o normal, mas em troca vais gastar as duas acções daquele turno.

Existem várias regras e condições que tens de ter sempre em mente, mas certas habilidades das personagens permitem dobrar as regras. Bormin eventualmente desbloqueia a habilidade Run & Gun em que poderá garantidamente disparar a arma depois de se deslocar. A habilidade é especialmente útil para garantir uma acção extra por turno. A habilidade Run & Gun também provou ser muito útil quando combinada com outra habilidade de Bormin, que lhe permite correr e nocautear um inimigo por dois turnos. Para evitar que combinações poderosas como esta sejam usadas constantemente, cada habilidade tem um limite de uso, requerendo que a personagem elimine um certo número de adversários antes de poder usar outra vez a mesma habilidade.

"Existem várias regras e condições que tens de ter sempre em mente, mas certas habilidades das personagens permitem dobrar as regras"

Todas as tuas decisões em Mutant Year Zero: Road to Eden serão influenciadas por risco e recompensa. As caçadeiras são armas poderosas, mas obrigam-te a que estejas perto dos inimigos para teres uma chance de 100 porcento de acertar no alvo. Depois, há outras coisas a levar em conta como o sistema de cobertura. O facto de estares aninhado atrás de um obstáculo reduz a tua chance de acertar no inimigo. Se o inimigo estiver protegido, menor será essa chance. Não é um jogo fácil. O jogo tem três dificuldades, e mesmo no modo normal (curiosamente o mais reduzido), tem vários confrontos desafiantes que me obrigaram a usar tudo o que tinha.

Não é, contudo, um jogo injusto. Sempre que perdes, sentes que foi por culpa tua, e não porque existem inimigos demasiado poderosos. Felizmente, o jogo grava sempre antes e depois de um confronto. Portanto, é muito fácil começar de novo sem perder progresso, o que torna o jogo desafiante, mas nunca frustrante. É de facto um jogo de estratégia muito bem desenvolvido, com uma jogabilidade bem afinada e oleada. O progresso e a exploração de áreas opcionais do mapa também são bem recompensados, sobretudo com armas adicionais ou acessórios úteis para o teu arsenal. Cada personagem é muito diferente das outras e torna-se divertido experimentar diferentes combinações de habilidades.

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No nosso caso testámos a versão para PC, mas há versões para Xbox One e PlayStation 4. O jogador pode rodar a câmera livremente, mas a perspectiva inclinada de cima para baixo mantém-se em todo o jogo. Cada área jogável não é muito grande, mas Mutant Year Zero: Road to Eden consegue ser esteticamente agradável e muito bem conseguido. A vegetação, que vais encontrar em muitas áreas, tem um aspecto natural e a decoração dos cenários transmite a sensação de desejada, isto é, de um cenário pós-apocalíptico em que a natureza reclamou para si o que lhe foi retirado. Os efeitos de iluminação ajudam a dar um ar natural e orgânico a todos os cenários. Os reflexos das poças de água estão igualmente excelentes. Nota-se que, apesar das curtas áreas em espaço, os produtores preocuparam-se em embelezar ao máximo cada uma delas.

Mutant Year Zero: Road to Eden é um belíssimo jogo de estratégia por turnos que apresenta uma combinação triunfante entre um género clássico e uma estrutura moderna de um jogo de aventura. É desafiante e obriga-te a explorar todas as possibilidades em cima da mesa, mas também é em simultâneo uma palatável aventura entre um grupo de mutantes que estão a tentar descobrir porque raios têm o aspecto de animais. A história vai se dando aos poucos, com curtas cinemáticas em estilo de banda desenhada, ou através de pequenos diálogos entre as personagens enquanto navegas pelos cenários, mas apesar da sua subtileza, é cativante. O maior triunfo do jogo é que, além de ser um potente jogo de estratégia, faz-te importar com as personagens com que estás a jogar e ultimamente queres ver qual é o seu destino.

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Mutant Year Zero: Road to Eden

PS4, Xbox One, PC, Nintendo Switch

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Sobre o Autor
Jorge Loureiro avatar

Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.
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