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Shift 2: Unleashed

Aqui não há passeio de domingo.

Não quero deixar de destacar os circuitos e todo o trabalho feito em cada um, cheios de pormenores. Quando falo em circuitos falo em tudo o que o compõe. O jogo vai ao ponto até de tornar os circuitos dinâmicos, principalmente no lixo que é deixado pelos pneus e folhas que levantam voo com a nossa passagem. É simplesmente genial ir atrás de um veículo que foge para a parte de fora de uma curva e velo atirar contra o nosso pára-brisas detritos e óleo. A atenção ao pormenor é elevada ao extremo nos eventos noturnos. Aproveito para dizer que os circuitos poderão ser jogados de dia, noite ou no final da tarde no modo corrida rápida.

Nos eventos noturnos o jogo demonstra toda a sua qualidade visual. Se bem que ou temos um PC todo artilhado ou iremos ter que reduzir bastante os detalhes, o AA e efeitos de luz e sombras. Já na versão consolas(PS3 versão testada), existe uma quebra de frame-rate quando existem demasiadas coisas no ecrã, principalmente nos circuitos noturnos, que prejudica a jogabilidade. Colocando isso de parte estamos perante o que de melhor já se fez neste aspeto. É simplesmente fantástico ver todo o festim gráfico, os efeitos de luz e sombras criadas pelos faróis dos veículos. Aqui noite é mesmo noite. Não existem luzes artificiais a criar um ambiente mais visível. Aqui, em pistas fora das cidades, a escuridão é apenas quebrada pelos nossos faróis ou dos adversários. Dou um exemplo. Estás a conduzir em primeiro, e ninguém vem atrás de ti. A visibilidade é diminuta. Se algum adversário se aproximar de ti, a luz dos seus faróis irão iluminar a pista também, mas claro projetando a tua sombra, que a irás ver à tua frente ou nas laterais consoante a localização do carro. As sombras dos carros, e de tudo o que lhes rodeia reagem dinamicamente aos focos de luz. Aqui a luz e sombra não é apenas do normal, ter luz e não ter. Existe uma passagem suave por diversos níveis de sombra e sua transparência. Imaginem pegar em Alan Wake e todo o seu sistema de sombras e luz e o colocar ao serviço do automobilismo. É essa a ideia.

A nível de condução Shift 2: Unleashed tem duas versões. Com e sem volante. Acreditem a diferença é enorme, principalmente se optarem pela fantástica visão dentro do capacete. Mais uma vez o jogo é flexível. São jogadores mais virados para o arcade, sem se importando com o realismo na condução e afins? Então coloquem todas as ajudas e têm um jogo frenético, rápido e violento. Se são amantes do realismo, tentem jogar com volante, mudanças manuais, com a visão dentro do capacete e terão uma das melhores experiências no mundo da simulação automóvel. Isso é garantido.

Mas muitos após horas a jogar Shift 2: Unleashed poderão ficar com a sensação que muito mais poderia ser feito a nível de simulação. Principalmente a nível do resultado das falhas na condução, dos estragos nos carros e afins. A nível de mecânica julgo que nunca tive qualquer problema, sendo o maior desgaste a dos pneus, aí sim, com resultados evidentes como irem ao ponto de estourar no drifting. O jogo tem um sistema de danos convincente, principalmente quando o veículo fica completamente destruído. Rodas saem, vidros, pára-choques, pára-brisas etc, tudo fica no chão. É claro que estes estragos graves irão influenciar a condução, mas não chega ao ponto dos puristas em que um embate a 70 ou 80 Kmh já seria o bastante para nos tirar da prova.

Mas no geral o jogo cumpre muito bem, mantendo-se num meio termo, mas mais caído para o simulador puro do que o seu antecessor. A questão está nas cedências de "divertimento" para as massas. Uma saída, numa ligeira curva, à relva com a roda traseira a 200Kmh e com pneus slick não provoca quase nenhumas alterações na condução, principalmente com o volante. Mas quando isso acontece, quando por exemplo formos para dentro de um banco de areia, será muito complicado tirarmos de lá o carro. Algumas mudanças nos veículos também não são notadas tão precisamente. A maior é na caixa de velocidades, e claro na potência resultante do aumento de cavalos e estabilidade. Mas isso já são minúcias.

Um dos aspetos dos simuladores atuais é a falta de "respeito" para com o jogador nos modos campanha. É claro que nos modos online tudo depende do humano do lado de lá. Mas e as horas e horas que passamos no modo campanha? Não importa aqui a IA dos adversários? Não dará gosto ver dois carros à nossa frente em pleno despique, chegando ao ponto de baterem um contra o outro de forma real e conseguires passar entre os dois por uma unha negra? Sim conta, e Shift 2 tem isso muito bem recriado. Não será fácil conseguirmos as primeiras posições, principalmente nos níveis mais altos da IA. Competir numa prova até 16 jogadores foram muitas as vezes que consegui apenas vencer na última reta, e para isso valeu-me conseguir arrancar muito bem da grelha de partida(Sim temos aqui grelha de partida).

Shift 2 também herda de NFS: Hot Pursuit o sistema AutoLog, que é um fantástico complemento e quase como consciência sempre presente no jogo. Grava todas os nossos dados, melhores voltas, formas de jogar e veículos escolhidos para depois ire comparando com os nossos amigos. Isto quer online bem como offline. Seremos alertados sobre eventos recomendados pelos amigos e pelo Autolog, ou até se eles bateram os nossos recordes. Aqui a vingança serve-se fria. Ou seja, tudo aquilo que fazemos, os nossos amigos vêem, e vice-versa, criando uma sensação de comunidade enorme.

Nos modos online teremos a oportunidade em participar em corridas únicas até 12 jogadores e até em competições de duelo a eliminar. Neste último podemos entrar num campeonato, onde iremos correr contra outro adversário, aleatoriamente a nível mundial dentro de um grupo de seis fases. Temos também as corridas contra relógio, para podermos bater os tempos dos corredores online. Podemos personalizar o modo online, como por exemplo criar salas privadas, excelentes para podermos criar campeonatos. Aqui podemos definir os parâmetros da corrida, desde o tipo de carro permitido, número de voltas, circuito e afins.

Como já devem ter reparado, Shift 2: Unleashed entrou diretamente para os jogos de simulação de topo. Como referi no início da análise, é tudo uma questão de equilíbrio. E perante toda a concorrência, Shift 2: Unleashed é o jogo atual que consegue fornecer de tudo um pouco, e em quase tudo elevar a fasquia da qualidade da simulação automóvel. Os estúdios Slightly Mad Studios foram desde a apresentação do jogo muito críticos contra a concorrência direta, elevando a sua criação acima dos padrões atuais. Tinham razão? Completamente. Shift 2 é nervoso, cheira a pneu gasto e sentimos a chapa a doer de tanta força e velocidade. Quem tem a paixão por carros e principalmente pela velocidade, Shift 2: Unleashed é uma escolha completamente obrigatória. Para todos os outros, ganhem unhas e venham experimentar.

9 / 10

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