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Street Fighter IV

Bring it on!

Longa vida às arcades

Como opções de jogo Street Fighter IV envolve-se de modo determinante com a estrutura arcade, que lhe é tão familiar, ao permitir o cruzamento entre progressão do torneio em modo individual com as solicitações para combates online (player ou ranked). Este é um sinal perfeito da integração do online com a vertente individual. Sendo, porém, possível desligar a opção dos desafios online, os jogadores começam o torneio contra o computador diante de oito níveis de dificuldade, do mais simples até à incontestável dor de cabeça. Mesmo no grau de dificuldade médio, sente-se dificuldades em levar de vencida Seth, o boss final do jogo.

Alguns contornam a dificuldade aplicando apenas um round por eliminatória e assim aliviam o peso de um segundo combate onde Seth é geralmente um assomo de dificuldade galopante, mediante poderes especiais fascinantes como o transporte e os múltiplos golpes nas costas do adversário, assim como a sucção. É possível que para muitos seja uma dor de cabeça, mas um boss final quer-se sempre com a carga pejorativa que todas as letras do nome formam. E neste caso, Seth é mesmo do outro mundo. Até chegarem a Seth terão de superar seis adversários e enfrentar o rival específico. Neste caso cada lutador encontra sempre o mesmo adversário. Por exemplo, Ryu vai defrontar Sagat e Ken lutará contra Rufus, uma das novas personagens.

Zangief ou Red Cyclone. Deixem que ele vos agarre e vão ver as redondezas a grande altitude.

No entanto, enquanto estiverem no modo arcade, podem a qualquer altura receber um desafio de alguém ligado num qualquer ponto do globo para um ou mais desafios online. Podem escolher que seja um simples combate on-line ou que conte para o ranking. Sem gastar mais moedas podem combater as vezes que quiserem. Se entenderem que estão a perder demasiado tempo em solicitações on-line e pretendem total concentração na progressão individual podem desligar a opção. Mas aí também se esfuma algum do carisma das arcades, por isso a melhor alternativa, para a impossibilidade de um desafio é mesmo declinar esse combate.

De resto as opções são as costumeiras para os confrontos online. Desde as alterações ao nível de rounds, tempo limite e que tipo de prioridade na pesquisa dos combates (capacidade similar, estabilidade na ligação e mais capacidade) é possível moldarem a competição online conforme o interesse. Para dar algum toque de individualidade aos lutadores os produtores acrescentaram uma série de títulos (curtas mensagens de postura) e ícones que são desbloqueados pelos jogadores consoante os lutadores utilizados. Há até uma área onde se pode conferir todos os dados relativos ao tempo jogado, número de jogos feitos, vitórias, etc. Sente-se, porém a falta de um torneio online, modo esse que foi acrescentado em SSFTHD Remix.

Para alargar a dimensão do jogo e numa dificuldade sempre crescente os jogadores têm à disposição o Challenge mode, modo exclusivamente individual que permite desfrutar três modos. O time attack obriga a passar por todos os combates previstos dentro de um limite de tempo. E neste caso os níveis de dificuldade sobem constantemente. No modo survival o lutador terá de sobreviver às investidas dos adversários, apenas com uma barra de vida e por fim o modo Trial, ideal para os novatos em SF IV, por lhes ser dada a hipótese de treinar os golpes especiais e combos das personagens. Uma estrutura dividida por fases e que só se completa à medida que as etapas se forem concluindo.

Pequenos bónus como artwork original e cenas animadas vão sendo desbloqueadas à medida que as diferentes personagens completam o seu percurso no torneio. No início e fim há para cada uma uma cena de animação que permite perceber e enquadrar o objectivo do lutador. Ao mesmo tempo outros lutadores vão ficando disponíveis e o leque alarga-se até 25 lutadores com o aliciante de jogar pela primeira vez com Gouken, o mestre de Ryu e Ken e detentor de golpes formidáveis.

Sakura é uma das personagens favoritas. Exala a animé por todo o lado e detém um estilo de combate de respeito.

Daquilo que nos foi possível jogar on-line as partidas decorreram com grande estabilidade, salvo raras excepções de um visível abrandamento e mesmo a entrada para os combates fez-se com mais facilidade do que a vista em SSFTHD Remix, onde por vezes se desesperava para encontrar um desafio online em quick match.

De resto o que se pode dizer é que Street Fighter está de volta e com a versão IV o género dos “fighting games” regressa a casa num jogo empolgante, dramático, estratégico e hardcore como nunca. Traduz um regresso às origens e forma da velha guarda, presenteando os jogadores com o naipe de lutadores mais carismático da série, sob um aspecto mais vivo, explosivo e carregado de nostalgia. A animação e forma natural como os lutadores se empenham nos combates, com todos os efeitos laterais, em três dimensões, mas diante da perspectiva bidimensional base da série não encontra qualquer paralelo. Hardcore e difícil de dominar em todos os pontos do combate representa o definitivo “fighting game” do século XXI. Sobretudo tem matéria para durar por muito tempo já que sobra sempre algo para aperfeiçoar e evoluir. Yoshinori Ono almejou alto quando a Capcom não se mostrava tão apostada em continuar pela evolução da série, mas foi na retoma das origens e aproveitamento das grandes tecnologias, respeitando os fãs e o centro da audiência do género que foi possível alcançar este desiderato. SF IV representa a melhor homenagem que se podia fazer à série, mas também encontrou, numa aparente facilidade, forma de espalhar perfume e carisma, abrindo perspectivas para os “fighting games” dos tempos modernos.

“Em busca do próximo desafio. A cerimónia não significa nada para ele. A luta é tudo.” Ryu, SF II.

10 / 10

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