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Captain America: Super Soldier - Análise

Cada vez menos Super.

Era uma vez um filme que estreou no cinema e, com ele, uma série de jogos que aterraram nas lojas. Mas o filme já passou e as adaptações "videojogáveis" medíocres já lá vão, será que vale mesmo a pena voltar a tocar no assunto? Aparentemente sim; mas ao mesmo tempo não. Sim porque, bem, se não valesse não estaríamos aqui novamente. Não porque… já vão ver. Ele é o Capitão América, o Super Soldado, e este é o seu jogo para a mais recente portátil da Nintendo.

A aventura segue o rumo das sua primogénitas caseiras, colocando o Capitão América no meio de uma operação de salvamento que, tão cedo quanto poderão esperar, o envolverá numa trama capaz de levar o Capitão a visitar algumas das personagens mais emblemática do seu universo. Na prática, aquilo que vão encontrar é uma reciclagem das versões anteriormente lançadas, mas agora com um estilo mais linear e, regra geral, em tudo mais fraco.

Existem algumas boas prestações a nível da atuação vocal (retiradas das versões para consolas caseiras), capazes e bem enquadradas, mas com elas surgem também uma série de diálogos pobres e toscos. Porém, dê por onde der, a possibilidade de ouvir estas personagens em constantes diálogos e animações poderá ser a única vantagem deste jogo no que a sistemas portáteis diz respeito, já que graficamente é paupérrimo em todos os sentidos. Algumas animações parecem até ter potencial, mas tudo isso se esbarra num visual datado e vulgar.

A possibilidade de vaguear por cenário diversos do mundo do Capitão será uma das poucas coisas positivas para os fãs. E mesmo para esses a pobre apresentação deverá ser um grande entrave. Tudo aqui é feio e funciona mal. O catálogo de jogos da 3DS é ainda parco, mas já mostrou mais do que o suficiente para provar que a consola é capaz de bem melhor. E isto é só para começar.

A câmara é defeituosa, interferindo geralmente com o efeito 3D. Mas isso também não é grande problema, pois o 3D é tão mal aplicado que quando derem pelos problemas de câmara já o terão com certeza desligado. Devia ser proibido lançar um jogo numa consola como estas com um efeito 3D tão mal aplicado. Ou então nem o disponibilizavam. Em todo o lado existem arestas que ferem a vista. E, para ajudar à festa, o framerate é inconstante.

O enredo é o de um típico jogo do género, simples e leve. Uma má justificação para visitar as forças HYDRA e Red Skull, entre outras personagens, e colocar o jogador em níveis com uma organização demasiado metódica. A aventura não deverá demorar mais do que as 5 horas. Pelo meio poderão completar alguns desafios extra (Zola Challenges), destruir explosivos Red Skull ou encontrar soldados perdidos como forma de desbloquear algumas imagens para a galeria.

Algo que aqui vão encontrar muito é combate, mas nem por isso diversão. Uma vez mais, uma reciclagem mal conseguida das versões caseiras. Ao derrotar inimigos ou destruindo caixas e peças da mobília serão congratulados com estrelas de combate. Consoante as apanham em quantidade suficiente para preencher uma barra de experiência, terão a possibilidade de evoluir determinadas características do Capitão, tais como novos ataques, habilidades de defesa ou melhorias diversas. No entanto é tudo muito básico e a profundidade que trazem ao jogo é mínima.

É um jogo pouco ambicioso. Tendo em conta que vão passar metade do tempo a combater inimigos, é inadmissível olhar para um sistema de combate tão parco em possibilidades. Não existe uma lista de combos para sequer criar a ilusão de controlo em combate. Em vez disso deverão conformar-se com o esmagamento de botões constante, enquanto os ataques surgem de forma aleatória. Se tiverem desbloqueado o poder certo, então até pode ser que ao derrotarem um certo número de inimigos em cadeia aconteça um ataque especial, mas não contem ter grande controlo sob a situação. Nem mesmo os combates com os Boss são imaginativos.

Aquilo que acaba por imprimir um pingo de originalidade a esta demanda é o manuseamento do escudo. É possível, através do ecrã tátil, encaminhá-lo para zonas pretendidas ou, controlado o joystick da consola, utilizá-lo para proteção ou como forma de criar um ricochete para projéteis.

A cada nível existem zonas de puzzles para resolver, geralmente recorrendo à utilização do escudo como forma de alcançar determinadas zonas ou provocar certas reações em cadeia, de forma a alcançar objetivos. O problema aqui é que alguns deles requerem demasiado perfecionismo no manuseamento do escudo, quando as ferramentas ao dispor do jogador são tudo menos perfeitas. O resultado é uma experiência frustrante, ainda para mais com a constante repetição de mecânicas a que o jogo recorre.

Reciclagem de níveis e ideias é muito daquilo que poderão esperar, levados a executar mecânicas relativamente simples vezes sem conta como forma de progredir. Ocasionalmente lá surgem algumas plataformas que obrigam o jogador a efetuar umas acrobacias e saltos. No entanto, são zonas que não requerem qualquer perícia, já que os saltos são feitos de forma automática - basta pressionar o botão e são efetuados como se toda a vida ali tivessem saltado. E nem há o perigo de falhar, pois se o fizerem na altura errada o Capitão nem saltará. Afinal ele é que manda!

A conclusão óbvia é que Captain America: Super Soldier na 3DS é uma adaptação de uma adaptação. Se de filme para jogo já não costuma correr bem, então de um jogo para outro só poderia dar asneira. Um grafismo datado, com um efeito 3D miseravelmente aplicado e uma jogabilidade repetitiva tornam este um jogo a passar. Só a caracterização vocal e a trilha sonora, recicladas das versões caseiras, salvam este jogo do caos, mas mesmo assim não estou certo de que agradará nem os fãs mais devotos.

3 / 10

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In this article

Captain America: Super Soldier

PS3, Xbox 360, Nintendo Wii, PSP, Nintendo 3DS, Nintendo DS

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Sobre o Autor
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Ricardo Madeira

Contributor

É redator e dá voz à Eurogamer Portugal. É um dos mais antigos membros da equipa, e ao mesmo tempo um dos mais novos. Confusos? É simples.

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