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Yaiba: Ninja Gaiden Z - Análise

Uma desonra para os ninjas.

Custa-me compreender como é possível que um jogo que parece tão fantástico possa ser terrível de se jogar. É incompreensível, mas Yaiba: Ninja Gaiden Z passou por este estranho fenómeno. Na antevisão publicada no final de janeiro tinha alertado que o jogo precisava de ser polido, e que esse deveria ser o motivo para o adiamento, contudo, da versão de antevisão para esta versão final que me chegou às mãos parece-me que há poucas diferenças e encontra-se praticamente no mesmo estado, impreparado para ser comercializado e mais perto de uma versão beta do que uma versão final.

Desde o lançamento de Ninja Gaiden para a Xbox que a série se tornou uma referência de elite nos Hack and Slash e por boas razões: a jogabilidade era super fluída, rápida, intensa e cheia de possibilidades com um grande número de combos e quantidade respeitável de armas. Yaiba: Ninja Gaiden Z desperdiça a sua herança e não aproveita o que havia de bom nos jogos anteriores. Se não fosse pelo nome e pelo uso de personagens de Ninja Gaiden, Yaiba dificilmente seria reconhecido como um Ninja Gaiden. O que está em causa não é a mudança, é a mudança para pior.

Remover o botão de saltar é uma das piores decisões feitas para este Ninja Gaiden. Parece inconcebível que um Ninja não possa saltar, e para além de não fazer sentido, retira mobilidade. Como substituto para o salto temos o botão de dash, que deve ser conjugado com o botão de bloquear, excelente para contra-ataques se bloquearem no momento certo. Os momentos de saltos estão reservados para as secções de plataformas, em que a liberdade de controlo da personagem é muito reduzida. Estas secções são quase automáticas, tudo o que temos de fazer é carregar no botão acertado em concordância com o próximo obstáculo, por exemplo X para saltar e círculo para usar a corrente para baloiçar.

Talvez o que tenha forçado a remoção do saltar tenha sido a introdução do terceiro botão de ataque. Tradicionalmente, os Hack and Slash têm dois botões de ataque, um leve e outro mais forte. Yaiba: Ninja Gaiden Z introduz um terceiro ataque com uma corrente, que tem um uso específico contra inimigos electrificados, acabando temporariamente com passagem de corrente. Em segundo lugar, a corrente com os seus ataques abrangentes atingem mais inimigos, o lado negativo é que os danos são leves. Por último, o círculo, o botão de ataque da corrente em ocasiões normais, torna-se o botão de ataque quando apanhamos uma arma deixada pelos zombies.

Os zombies em Yaiba: Ninja Gaiden Z são de vários tipos. Não vão enfrentar apenas os zombies estúpidos que facilmente são cortados aos pedaços, existem zombies mais ameaçadores que cospem fogo ou veneno ou são capazes de dar choques. Quanto alguns destes zombies são derrotados, deixam para trás partes do seu corpo que podem ser usadas como armas. O seu uso é limitado porque são degradáveis, mas os danos causados são grandes. Misturando estes três elementos, podem chegar a efeitos diferentes. Combinando o fogo com a eletricidade origina-se uma tempestade ardente. Os zombies com ataques de veneno são altamente inflamáveis, usar o fogo contra eles não é uma má ideia.

Na violência e gore não posso dizer que seja diferente dos Ninja Gaiden anteriores. À jogabilidade foram acrescentadas execuções brutais que integram na mecânica de ganhar vida. Executem um zombie e vão ganhar um pouco de vida, executem vários de uma vez e vão ganhar ainda mais vida. Mais tarde ou mais cedo, vão precisar de recorrer a este método que ilustra o espírito de Ninja Gaiden Z, um jogo sangrento para quem se diverte a massacrar zombies às dezenas. Para um jogo destes, não havia melhor personagem que Yaiba, um ninja sedento de sangue e que mata sem piedade.

As sequências que avançam a história são rápidas, para não cortar o ritmo de ação. Nunca percebemos muito bem o que está a acontecer e também não são feitos esforços nesse sentido. O que precisam de saber é contado logo no início. Ryu Hayabusa e Yaiba defrontaram-se, este último perdeu e viu o seu braço e parte do seu rosto serem cortados pela lâmina afiada de Hayabusa. Yaiba não morreu e foi transformado num cyborg por uma corporação, que agora quer usá-lo para combater uma praga de zombies. Yaiba concorda em ajudar porque sabe que Ryu Hayabusa está a investigar à praga e quer vingança.

Vingança é o tema que alimenta Ninja Gaiden Z e o seu protagonista Yaiba. Depois de centenas de inimigos cortados, Yaiba é capaz de activar a habilidade bloodlust, que o torna mais rápido, mais poderoso e insensível aos danos. O efeito dura apenas alguns segundos, mas depois os zombies ficam desfeitos em pedaços.

O desaparecimento do botão para saltar não é o único crime cometido por Yaiba: Ninja Gaiden Z. Não pode controlar a câmera num jogo de ação a três dimensões é impensável para a realidade de hoje. Era desculpável se optasse por uma perspectiva isométrica, o que não é o caso. Dar a desculpa de que o analógico direito é usado para outra função também não é válida, em todo o jogo fica inutilizado. Houve um esforço para tentar colocar a câmera num ângulo abrangente, mas há sempre pontos cegos nas áreas e se o combate se dirigir para aí, torna-se irritante não pode controlar a câmera.

Comparativamente aos Ninja Gaiden anteriores, o combate é mais básico, menos divertido e transmite menos vontade de explorar todas as técnicas, até porque não existem assim tantas. A parte mais difícil de Ninja Gaiden Z é dominar a técnica de parry. É mais difícil acertar no momento certo quando estamos rodeados de zombies, mas em situações de um para um torna-se bem mais fácil. Se o combate, que era o coração de Ninja Gaiden, não diverte e rapidamente maçador, então Ninja Gaiden Z fica sem nada para oferecer. Os capítulos da história resumem-se a alternar entre secções de combate e de plataformas, e não brilha em nenhuma delas, pelo contrário. A história oscila entre fraca e inexistência. O que sobra? Talvez a parte estética?

"Yaiba: Ninja Gaiden Z é um título desleixado e preguiçoso."

Yaiba: Ninja Gaiden Z parece de facto um espanto a olhar para as imagens e desde o início que a sua dimensão estética me cativou, mas revelou-se uma desilusão. Nas imagens fica bem, mas em movimento o seu estilo cel-shade juntamente com os muitos efeitos e esguichos de sangue tornam-no uma confusão. Chegou a haver momentos em que se tornou difícil de perceber o que estava a acontecer, inclusive nos momentos de execuções, nos quais nunca compreendemos bem o movimento que arrancou a cabeça ao zombie ou outra das partes do seu corpo.

A um jogo com as bases fracas adicionem arestas por polir e o resultado final não é agradável. O conceito tinha fulgor e capacidade para mais. Creio que algo de errado se passou a meio da produção ou então a equipa não soube aproveitar o que tinha em mãos. Yaiba: Ninja Gaiden Z é um título desleixado e preguiçoso. Fica a ideia que o projecto foi deixado a meio e foi feito um esforço muito sem vontade para o terminar, gravá-lo em discos e enviar as unidades para as lojas. É uma entrada que acaba por manchar a série, que depois de Ninja Gaiden 3 não estava propriamente em alta.

Yaiba: Ninja Gaiden Z não apela nem aos fãs de Ninja Gaiden nem aqueles que apreciam o género. Acabar um jogo é na maioria das vezes divertido, Ninja Gaiden Z transforma este acto numa tarefa dolorosa.

4 / 10

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In this article

Yaiba: Ninja Gaiden Z

PS3, Xbox 360, PC

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Sobre o Autor
Jorge Loureiro avatar

Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.

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