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WRC 7 - Análise

Nova era no campeonato do mundo.

WRC 7 revela um sistema de condução mais refinado, com melhor física. Não é abundante em novos conteúdos e falta mais produção.

Depois de DIRT Rally 4 e F1 2017, a vaga de "racers" é cada vez maior, com uma oferta muito ampla e diversificada, na qual a audiência mais casual ou afoita pela simulação encontra algo do seu agrado. Nos capítulo dos ralis, a Codemasters continua em força, ainda que não beneficie da licença do campeonato do mundo de ralis, com todos os pilotos, marcas e veículos que militam na mais apetecida prova. Essa licença pertence à Big Ben Interactive, que mais uma vez, pela via do estúdio parisiense Kylotonn, traz-nos nova fornada do WRC, para a sétima edição.

Num ano de grandes mudanças, depois da retirada abrupta da Wolkswagen, por força do "dieselgate", os fãs assistem a uma das mais disputadas temporadas. A Toyota regressou, a Hyunday cresceu, a Ford tem o piloto campeão do mundo nas suas fileiras (Sébastien Ogier) e a Citroen procura chegar ao título depois de anos como imbatível no tempo do outro Sébastien (Loeb). É com base neste revigorado campeonato, de grande proximidade entre as forças presentes, que entra em cena WRC 7.

Saliente-se que esta é uma produção que conta com orçamento abaixo da média. Para além da dimensão reduzida do estúdio, por comparação com outros estúdios mais apetrechados e com outros apoios, o Kylotonn não vive propriamente de inesgotáveis fundos, e dentro de um ciclo anual é difícil operar grandes mudanças. No entanto, a cada nova entrada, há sinais de melhorias, com alguns elementos avançados, tornando a experiência de condução mais apelativa, ainda que não estejamos, claramente, perante um simulador.

O salto em Fafe é um dos momentos mais icónicos, que merece ser tratado com respeito pelos pilotos, sob pena de acabarem fora da pista.

Digamos que WRC 7 situa-se algures entre o registo arcade e a simulação, a acessibilidade e uma maior exigência, com destaque para uma dificuldade adicional a partir do momento que se opta pela condução profissional, na qual não existem assistências e a condução não só é mais exigente como qualquer erro pode custar eternidades na tabela de classificação. Face à edição passada, o que aprecio particularmente é a evolução no que toca aos comandos dos carros. O contacto do carro com a pista é muito mais estimulante e gratificante.

Para começar, o jogo tem uma boa sensação de velocidade, especialmente nas perspectivas interiores, sendo poucos os momentos em que ocorrem abrandamentos, algo que acontece com alguma regularidade, podendo até causar dificuldades na condução, quando se dá uso à perspectiva de perseguição, normalmente sobre o spoiler traseiro. Mas é a partir de uma perspectiva interior que nos sentimos mais próximos da pista e percebemos melhor as reacções do carro. O "feeling" é bastante agradável. Em termos de correcção de trajectória o comportamento não ganha pelo realismo, mas não deixa de ser aceitável e até bem conseguido.

Nos troços de terra batida as ondulações provocam constantes trepidações, provocando inclinações e mesmo algumas saídas de pista quando apertamos demasiado o acelerador. Refira-se que os carros desta temporada são os mais potentes de há uns grandes anos para cá e por isso como que se levantam quando esmagamos o acelerador. Para arrancar com força só precisam de soltar o travão e manter o acelerador a fundo quando o relógio em contagem decrescente marcar o zero. O uso do volante, conjugado com o travão e com o travão de mão nas curvas mais apertadas, embora não sendo do mais evoluído, é bastante gratificante e satisfatório. Até nas categorias WRC Junior e WRC 2, o comportamento dos carros não desaponta. Como categorias de iniciação são recomendadas para os principiantes.

O Porsche de Romain Dumas integra a caravana, a título desbloqueável.

Tanto no asfalto como na terra batida ou gravilha, o feedback é muito distinto. A condução na neve é como na terra, sobrando o rali de Monte Carlo como um dos mais escorregadios por força da conjugação do asfalto com neve. A afinação do carro é crucial na vertente profissional, a categoria mais elevada de condução. Sendo mais de uma dezena as provas que integram o campeonato do mundo, a variedade de pisos e classificativas é uma das mais valias da franquia WRC. Com uma média de 4 especiais por rali, contando com as super especiais, que normalmente são disputadas no primeiro dia de prova, a novidade neste quadro é a inclusão das especiais épicas.

No rali de Portugal, juntamente com Lousada, Amarante e Viana do Castelo, Fafe é a especial épica, uma classificação dada a especiais que apresentam não só pontos icónicos como uma extensão que vai de 10 a 15 km. A zona do Confurco não está fielmente recreada, mas o segundo salto é bastante fiel à realidade. Pena que exceptuando estes pontos não haja mais correspondência com as especiais verdadeiras. Há uma descrição próxima e mínima (as torres eólicas fazem agora parte do horizonte montanhoso nortenho), mas o percurso é diferente. O ponto negativo destas especiais épicas é que resultam de um somatório de duas ou mais especiais disponibilizadas, não sendo na prática uma novidade.

Todas as especiais podem ser percorridas de forma inversa e em diferentes momentos do dia, desde a noite, até ao amanhecer, passando pelo meio-dia e por do Sol. Há chuva e céu nublado. As 12 provas que constituem o campeonato do mundo são maioritariamente disputadas na terra, com destaque para alguns ralis mistos, que envolvem especiais de asfalto e terra. Para lá da categoria WRC, que abrange todos os pilotos, carros e marcas, estão ainda presentes os veículos e pilotos do WRC 2 e do WRC Junior, a categoria de entrada, que é por onde começam o modo carreira.

Ogier não está a ter um ano fácil, mas é um dos sérios candidatos ao título.

Assinando contrato por uma equipa oficial do WRC Junior, começam por participar num número limitado de provas. O objectivo passa por terminar na frente, dando cumprimento a uma série de metas. Se forem suficientemente rápidos, saltam de categoria e passam a tripular carros mais potentes. Infelizmente, este desafio replica, em quase tudo, a mesma estrutura da temporada passada. Faltam novidades e a estrutura de progressão ainda é demasiado simples e circular.

A escassez de modos de jogo é particularmente manifesta, atentas opções como o time trial, modo online até oito jogadores, competição em ecrã dividido para dois jogadores e uma competição em forma de eventos regulares. Relativamente à edição do ano passado, pouco há a acrescentar, mais parecendo que estamos a jogar o mesmo jogo, com o mesmo design e layout. Só mudam os carros e as especiais, quase todas redesenhadas. Nota para a presença de veículos extra campeonato e de outras temporadas do WRC, como os carros da Volkswagen ou então alguns modelos Porsche GT3 que habitualmente brindam os fãs, tanto nos ralis de terra como de asfalto. Estes carros encontram-se bloqueados, pelo que só depois de ganharem campeonatos e provas é que terão acesso aos respectivos postos de condução.

WRC 7 é um jogo com apreciáveis progressos em termos de condução. É provavelmente, dentro da fornada mais recente, o jogo com melhor feedback em termos de condução. A fluidez está assegurada, desde que usem a perspectiva interior ou sobre o capôt, enquanto que a luminosidade cria efeitos agradáveis nas especiais, especialmente sob um sol plento. Os carros estão bem desenhados e as especiais apresentam sinuosidades e uma descrição bastante aceitável. No entanto, existem poucos novos conteúdos e o impacto visual e físico ainda não chega ao nível de outras opções do mesmo género. Mas não deixa de ser uma proposta razoável, a considerar pelos fãs do WRC.

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WRC 7

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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