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VOEZ - Análise

Avalanche sonora asiática.

Um jogo de ritmo que vale sobretudo pela quantidade de temas, predominantemente asiáticos, mas sem grande chama criativa.

Publicado no verão passado pela Flyhigh Works para os sistemas iOS e Android, Voez é uma produção da tailandesa Rayark Games que se insere no quadro dos jogos de música e ritmo, na linha de outros como Guitar Hero e Ouendan. Meses depois da estreia nos dispositivos portáteis, é a vez da Nintendo Switch, como plataforma "tablet", receber igualmente uma versão, justamente por ser possível tirar proveito do ecrã táctil.

Curiosamente, Voez é o primeiro jogo publicado na Switch a prescindir da utilização dos comandos Joy-Con e a funcionar exclusivamente em modo portátil, o que impede que o jogo seja usufruído no televisor da sala de estar, uma vez que não se pode jogar com a consola inserida na "dock station". Isso não é um problema, até porque vai de encontro à versatilidade da Switch, neste caso a sua dimensão portátil.

Criado por uma produtora tailandesa, Voez está repleto de músicas electrónicas de cariz asiático, com imensos temas pop nipónicos e coreanos, e outros temas com influências ocidentais. São 100 diferentes temas, um número abismal e verdadeiramente impressionante para uma produção do género, mas muitos destes temas são próximos e parecidos e nem todos causam o mesmo impacto caloroso que deixa o tema de abertura. Se são fãs da cultura japonesa, anime e pop, é provável que encontrem algo do vosso agrado e que o jogo até vos seduza, mas depressa pode saturar ao fim de quatro ou cinco temas, especialmente na acumulação dos temas electrónicos.

Os combos são determinantes para se obter melhor pontuação.

Voez é um jogo que faz bem aquilo que promete, aparecendo nas consolas como que habilitado a revitalizar a herança deixada por Guitar Hero, que durante anos concentrou as atenções. Mas foi há mais de dez anos que conhecemos um dos melhores jogos de ritmo de sempre, refiro-me a Ouendan, lançado para a Nintendo DS, uma produção inicialmente exclusiva do Japão e depois adaptada ao ocidente, com novas músicas. Pessoalmente, a versão oriental é superior. O jogo conjuga bem história com desenhos das personagens em situações humorísticas, bem como temas musicais e interacção através do ecrã táctil. No plano da criatividade, Ouendan ainda hoje é um expoente que Voez não é capaz de chegar perto, apesar da quantidade de músicas disponíveis, dos menus limpos e minimalistas e de alguma complexidade em termos de interacção.

Voez tem como um dos maiores trunfos a expansão da musicalidade asiática, um jogo bem feito, mas pouco habilitado a surpreender quem tenha já experimentado outras produções. Convenhamos que a apresentação de Voez é charmosa. O menu é agradável de percorrer, basta um toque num losango para escutarmos uma versão abreviada da música. Se for do nosso agrado podemos seleccionar o tema e escolher um dos três níveis de dificuldade "easy", "hard" e "special". O primeiro grau é muito básico, sem grandes complicações, enquanto que no segundo e terceiro a dificuldade sobe a pico.

As notas descem rápido sob a forma de losangos, dentro de faixas verticais que mudam de sítio e preenchem o ecrã ao ritmo da música. As notas e batidas conjugam-se numa linha horizontal, o ponto onde o jogador deve tocar com o dedo. Se for rápido a tocar nos losangos, no ponto de intercepção com a linha horizontal, activa um combo. O toque é variável; desde o simples toque até pressionar e arrastar o dedo para a direita ou para a esquerda, mantê-lo por alguns segundos até uma barra escura findar ou criar um efeito intermitente, tudo se conjuga dentro da mecânica. Ao obter combos, a pontuação aumenta. As notas falhadas são apontadas e prejudicam o resultado final, indicado numa pontuação de A (mais alta) a E (mais baixa).

Em hard terão que lidar com mais faixas e losangos.

Na dificuldade mais elevada torna-se quase impossível jogar com apenas uma mão. Os losangos descem em grande número, pelo que só dois dedos ou mais, num exercício de alguma concentração e sorte, podem evitar uma pontuação desastrosa. A apresentação é simples, bastante minimalista. Com cuidado mas sem nenhum particular atractivo que não sejam formas geométricas. Sobre a qualidade dos temas, apesar de existirem em grande número, nem todos são memoráveis. Alguns são passáveis e outros temas não são tão bons para repetir. Claro que no final, muito depende da vossa inclinação para as produções pop e electrónicas asiáticas, o prato forte desta produção. Existe uma história associada à exploração musical, revelada sob a forma de capítulos, mas para saberem mais terão que progredir entre as faixas, completando-as nos níveis de dificuldade mais elevados.

Cover image for YouTube video《VOEZ》on Nintendo Switch

Voez é um jogo de ritmo que cumpre aquilo que se propõe, abundante em temas musicais asiáticos e dotado de um esquema de jogabilidade táctil eficiente. No entanto, não é mais do que uma opção, nem arrisca especialmente em termos criativos quando podia aproveitar o material para lhe dar mais algum corpo. Percebe-se que é um jogo oriundo dos formatos portáteis (iOS e Android), criado para ser eficiente ao toque, mas sem grandes rasgos de criatividade ou engenho, não ousando desafiar produções mais antigas que ainda hoje se mostram como as melhores do género.

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Voez

Nintendo Switch

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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