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Urban Trial Freestyle - análise

Cidade de pernas para o ar.

Há consideráveis anos, já não consigo precisar quando, mas julgo ter sido há mais de uma década, ganharam visibilidade, por cá, as competições de trial, quer em percursos exteriores, quer dentro de um grande salão, os chamados indoor. Houve até uma atenção muito grande por parte dos media, que constantemente aludiam à presença dos campeões. Estas provas, nas quais os pilotos conduzem motorizadas ao longo de percursos apertados e cheios de obstáculos, requerem uma grande perícia, pois os vencedores eram os que produziam menos faltas, ou seja, evitavam pousar o pé no chão, cair e falhar determinada rampa. Mais recentemente é a Red Bull que tem vindo a patrocinar muitos destes eventos, mas o que é certo é que essas provas de trial deixaram marca.

Agora, ao ter em mãos para a Nintendo 3DS o jogo Urban Trial Freestyle, pude recuperar mais facilmente essas memórias. Proveniente do estúdio polaco Tate Interactive, este jogo retoma algumas das coordenadas que ajudaram a popularizar este jogo. Há um misto de complexidade, perícia e audácia entre quem se dedica a esta modalidade. E, felizmente, tudo isso é devidamente transposto para o jogo em termos de desafio, já que projecta uma sensação muito próxima das dificuldades por que passam os seus praticantes.

A diferença para este jogo é que certas manobras são executadas por um duplo, sendo que os saltos, por exemplo, são medidos e passam a contar para efeitos de pontuação máxima, havendo uma linha que define o recorde mundial. Sem se aproximar do trial de montanha ou do trial indoor, esta modalidade vinga aqui em circuitos de natureza urbana, destacando-se pelo seu aspecto realista de plataformas, e adaptado a diversas temáticas, como as zonas underground que levam os jogadores para tubos e passagens por canos de esgoto, mas também áreas industriais e zonas de construção. Urban Freestyle oferece assim uma boa variedade e quantidade de percursos.

Onde foram buscar aquela bola gigante?

Mas é no plano da jogabilidade que encontramos o melhor do jogo. Cada percurso é construído em três dimensões, mas a perspectiva de jogo é sempre em 2D. Até parece um jogo de plataformas, com influências de Excite Bike. Só que para manter a moto na posição correcta, temos que encontrar um ponto de equilíbrio entre aceleração, travagem, inclinação no ar e aterragem. Estes elementos fazem parte da física do jogo e ainda que algumas acelerações causem efeitos indesejados, como é levantar a roda da frente, pressionando o acelerador, quando se está numa posição horizontal, e noutros movimentos o feedback esteja um pouco para lá do realismo, a jogabilidade nunca nos impede de chegarmos ao resultado pretendido. Ainda que tenhamos de repetir algumas sequências até chegarmos à pontuação máxima, o certo é que a curva de aprendizagem é muito curta e com algum treino conseguimos realizar verdadeiras proezas.

O modo principal leva-vos até diferentes secções, cada uma constituída por quatro pistas, sendo que, cada uma poderá ser disputada dentro do modo trial ou time attack. No primeiro modo vão lutar por conquistar o maior número de estrelas, até ao máximo de cinco, sendo que o resultado final depende do tempo gasto, ausência de falhas e pontuação nos stunts. No modo Time Attack o objectivo é tão só superar o relógio. Contudo, nem todos os percursos estão abertos, e até que fiquem com todos disponíveis e acedam aos exigentes challenges, terão de cumprir determinados objectivos.

A construção das pistas também se revela eficaz e apelativa. Nalguns pontos existem plataformas em deslocação, rampas em movimento, tábuas que projectam a mota e o piloto. Existe uma boa sensação de física, já que a moto reage realisticamente em concordância com o tipo de queda. Se falharem uma aterragem, ou se embaterem com o corpo do piloto ou de outra parte da mota, que não de forma horizontal, preparem-se para recuar até ao ponto de gravação intermédio. Cada secção está dividida por muitos pontos de gravação e normalmente cada um proporciona um zona de manobra espectacular.

Não é tão intuitivo como desejávamos que fosse, o editor de pistas. Ainda assim, os mais persistentes poderão retirar proveito.

Neste capítulo irão ter lugar algumas interessantes acrobacias, como loopings, subidas de elevador, saltos de grande altura, entradas por tubos apertados, saltos de um guindaste até uma plataforma distante; desafios que põem à prova toda a habilidade. Pelo meio será possível recolher sacos de dinheiro que permitem ao jogador melhorar o equipamento, como roupas e aspecto visual do nosso piloto, mas também adquirir uma montada de melhor qualidade, capaz de facilitar a realização de acrobacias de maior grau de dificuldade. Mesmo assim, tendem a persistir algumas reacções algo imprevisíveis que podem deitar tudo a perder quando procuram realizar um bom tempo.

Em termos de modos de jogo, não existem mais alternativas aos percursos normais e aos challenges, pelo que rapidamente o jogo se esvazia de interesse, a não ser que se dediquem ao editor de pistas que não se oferece particularmente amigável para quem não estiver acostumado a trabalhos de edição deste tipo. A ferramenta é boa, mas nem todos sentir-se-ão tentados para arriscar aqui algum do seu tempo. O design dos menus também não é muito prático e nem sempre acomoda a informação de forma eficaz, prejudicando a fluidez e transição entre os menus. O grafismo é convincente, o design revela-se consistente e realista. Há uma animação segura e sem quebras de frame rate, mas não podemos deixar de observar uma certa repetição nas pistas, reflexo talvez de um menor grau de fulgor visual e de cor.

Urban Trial Freestyle dificilmente suplanta os melhores do género, mas ainda assim é um jogo que merece atenção se procuram um jogo diferente e se vos atrai o conceito do trial. Como alternativa portátil desenvolvida pela Tate Interactive, aos jogos do XBLA, a produção sofre um pouco com nesta passagem, mas nem por isso perde a definição do desafio.

6 / 10

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Urban Trial Freestyle

iOS, PS3, PlayStation Vita

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Sobre o Autor
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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.
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