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Uncharted: Coleção Legado dos Ladrões - Drake e companhia chegam ao PC

Continua a ser o melhor no seu género.

Continua a ser a série mais divertida e recompensadora de um explorador que busca sempre o derradeiro tesouro. Chega ao PC em excelente forma para fazer as delícias de quem ainda não jogou.

Há uns anos atrás seria impensável imaginar exclusivos PlayStation a correr oficialmente no PC, mas aqui estamos nós em 2022 e o número de títulos que a Sony tem transportado dos seus estúdios internos até esta plataforma é cada vez maior. Jogar algo tão icónico do universo PlayStation no PC ainda é algo estranho, mas começa a ser cada vez mais a normalidade. Temos agora a chegada de Uncharted, um clássico com origens na PlayStation 3, mais concretamente a Coleção Legado dos Ladrões que inclui dois capítulos, Uncharted 4: O Fim de um Ladrão e Uncharted 4: O Legado Perdido.

Esta entrega dá continuidade à estratégia da gigante nipónica em entregar trabalhos de grande qualidade e sucesso da PlayStation na plataforma PC. Desta vez temos uma compilação que se estreou na PlayStation 5 no início de 2022, mais concretamente a 28 de janeiro. Podem consultar a nossa análise efetuada por Bruno Galvão à versão PS5, que se mantém totalmente atual para esta apresentação, como poderão ler mais à frente. Esta dupla de títulos foi lançada originalmente na PlayStation 4 em 2016 e 2017 respetivamente.

Narrativa intensa com personagens fortes e credíveis

Nathan Drake e a sua equipa de exploradores faz a sua aparição pela primeira vez a muitos jogadores, que nunca tiveram acesso a uma consola PlayStation. É particularmente a esses que esta coleção é mais dirigida, já que jogadores como eu, que jogaram todos os títulos, originalmente na PS3 e depois na PS4 e PS5 com estas duas incursões, não haverá muito apelo para esta nova entrega. Mas os referidos novatos por estas paradas, principalmente quem gosta de aventuras ao bom estilo Indiana Jones, tem aqui algo surpreendente e deveras impressionante. A Naughty Dog é dos estúdios mais capazes quando se trata de narrativas intensas, imersivas, com personagens fortes e credíveis, em conjugação com o garante de diversão no seu gameplay extremamente refinado.

É um dado adquirido que este clássico PlayStation vive das suas narrativas e da envolvência das personagens, num tom leve e um delicioso e subtil sentido de humor. Tudo aliado a um gameplay aprofundado que foi refinado ao longo de todos estes anos. Saliento a perfeita compatibilidade com o DualSense da PS5, com todas as funções hápticas dessa versão a transitarem para o PC. Estas aventuras de exploradores fizeram as delícias nos seus tempos, continuam a ser bem atuais e através de melhorias proporcionadas pelo hardware mais capaz são revisitadas, trazendo-as assim a um público mais vasto. Pode-se sempre debater se são ou não justificáveis, cabe a cada um decidir e em último caso adquirir ou deixar passar.

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Não tira partido de todo o potencial do PC

O que temos em mãos no PC é pouco díspar da versão já aprimorada para a PS5, existem alterações que são permitidas pelas opções de configuração que a plataforma PC apresenta. É nessa versatilidade que temos a vantagem do PC, quanto melhor o hardware melhor o desempenho que se obtém, não esquecendo as resoluções bem superiores em comparação com as consolas. São argumentos tecnológicos um tanto injustos numa comparação direta, sendo mais racional uma avaliação em termos de custo benefício pelo desempenho extra.

Estes princípios esbarram um pouco no que é trazido até ao PC, neste caso a Uncharted: Coleção Legado dos Ladrões. De facto, o esforço aqui implementado não me pareceu tão genuíno como noutros títulos, por exemplo Marvel’s Spider-Man Remastered, já que pouco se consegue distinguir em relação à versão lançada em janeiro para a PS5. Obviamente que temos uma adaptação às especificidades da plataforma, desde as referidas múltiplas resoluções, possibilidade de se jogar em formato ultrawide, imensas opções visuais para afinar ao pormenor a nossa experiência, e a inclusão do tão vantajoso dimensionamento de imagem por IA da NVIDIA e AMD, DLSS e FSR respetivamente, para dessa forma conseguirmos ir buscar aqueles fotogramas extra que possibilitam uma superior fluidez em troca de uma pequena perda de qualidade de imagem. Se retirarmos estas funcionalidades específicas do PC, pouco ou nada foi acrescentado aqui, infelizmente.

Não é que seja totalmente desapontante, continua a ser uma experiência fantástica e de certa forma arrebatadora, mas não a um nível que seja uma aquisição obrigatória da parte de quem já o jogou nas consolas da Sony. Certo que dei por mim a recordar os momentos fantásticos que estes dois títulos me proporcionaram na altura do seu lançamento, mas depois desse entusiamo não encontrei finalidade obvia além do prazer de experimentar novamente algo tão bem construído, em todos os aspetos. Como já referi, é dedicado a um novo público, aquele que está afastado do universo PlayStation. É essa a cartada da Sony e tem de se compreender essa linha estratégica, mostrar os seus trunfos para os capitalizar numa plataforma distinta e quem sabe conquistar mais público, a fim de adquirirem uma consola PlayStation para jogarem os AAA que se avizinham dos seus estúdios internos.

Visualmente continua deslumbrante

Visualmente, continua a ser arrebatador, com paisagens fantásticas, criada minuciosamente para dar aquele deslumbramento com efeito uau. É uma transposição da consola para o PC quase imaculada, mas francamente, poderiam ter adicionado mais qualidade a determinadas texturas e até melhorado a resolução das sombras. Denota-se alguma preguiça, muitos dos recursos do PC limariam certamente muitas das lacunas visuais da versão das consolas, mas a opção aqui parece ter sido uma transferência quase direta com a inclusão de configurações próprias do PC, apenas. Mas o certo é que continua belo mesmo desta forma, poderia era estar ainda melhor.

Abordando a parte mais técnica e os problemas que me deparei no PC, tenho de salientar alguns problemas de stuttering/gaguez em determinadas transições e alguns raros crashes. Também está aqui presente a sempre incomodativa otimização de Shaders, que demora sempre bastante tempo a concluir. Esta coleção foi jogada com um Intel i9 9900K e uma RTX 3080, atingindo um desempenho muito bom com todas as configurações no máximo, numa resolução de 3440X1440 (ultrawide). Não há muito mais a adiantar sobre a parte técnica, fico na esperança que uma atualização lime essas arestas e torne a experiência tão suave quanto possível.

Para o bem e para o mal, esta coleção é uma adaptação que denota a estabilização de uma linha de transferência de títulos da o PC. Iniciada com Horizon Zero Dawn em 2020, estendida depois com Days Gone e God of War. Denota-se que a Sony está cada vez mais célere nessa conceção, e uma superior aptidão de o conseguir com um resultado final cada vez mais refinado. Continua a ser atual, Uncharted: Coleção Legado dos Ladrões está recheado de diversão, com uma narrativa cinematográfica que enche as medidas. Manifestamente, muito dirigido a quem nunca tenha jogado numa consola PlayStation.

Prós: Contras:
  • Continua a ser o melhor dentro do género
  • Excelente narrativa singleplayer com personagens fortes e credíveis
  • Jogabilidade muito recompensadora e polida ao pormenor
  • Visualmente ainda impressiona
  • Mais cinematográfico jogado em ultrawide
  • Poderiam ter adicionado mais melhorias ao grafismo
  • Nada de novo para quem jogou na PS4 e PS5
  • Alguns problemas de gaguez e raros crashes

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