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TV SuperStars

Só se for nas suas mentes.

É fácil descrever TV Superstars e suas inspirações enquanto videojogo: é o produto de uma sociedade viciada em maus conteúdos televisivos e programas estereotipados da cabeça aos pés. É um videojogo com uma premissa mesquinha e um resultado que carece em oferecer ao jogador qualquer divertimento. O humor é seco, a apresentação é valorizada acima da jogabilidade e o conteúdo é parco. Não se admirem, portanto, se tiverem que mudar de canal a meio do programa.

Assim sendo, o jogador é convidado a criar uma personagem, que será o seu alter-ego em jogo, e poderá criar quantas personagens quiser. É preferível que se crie um punhado de personagens, caso isso signifique que têm alguns amigos dispostos a entrar no "show" – é que jogar sozinho é lamentavelmente triste. A personagem criada terá assim a cara do seu autor, já que é pedido para tirar algumas fotografias, consoante uma série de expressões faciais distintas. Cabelo e barba são também opções de personalização. Cada jogador terá assim uma apresentação predefinida, na qual poderá ainda gravar o típico grito cliché de apresentação que será tão bombástico quanto o desejarem.

Isto de entrar, literalmente, no jogo tem a sua piada nos primeiros minutos. É que se para os teus amigos ver o teu boneco desfilar numa passerelle poderá ser motivo de gozo, para ti chegará a ser embaraçoso. Mas isto é só um exemplo, já que as acções a tomar poderão ser tão penosas quanto o anúncio a gravar. Mas o que importa? A seguir serão eles a fazer figuras e tu a rir. Mas por quanto tempo?

Bem, a premissa do jogo é bastante simples. A tua personagem é um Zé Ninguém da indústria televisiva e o teu objectivo é chegar ao topo de uma escala que vai de Z até A. Ou seja, tornares-te uma super-estrela. Na prática isto resume-se a participar nos programas de TV apresentados para que ganhem pontos de fama. Esses pontos servem depois para gravarem uns spots publicitários numa agência a cargo da Teresa Guilherme – se existem vozes demasiado "marcantes" para aparecer em dobragens esta é uma delas, a pessoa sobressai-se à personagem. Mas o que importa é ter um cast cheio de gente conhecida já que isso também vende.

O jogo é todo ele um hino dedicado aos estereótipos em televisão. Temos o típico asiático energético no típico programa de obstáculos, o maricas flamejante apresentador de moda, o nigga cozinheiro que faz Hip-Hop com comida e o programa estilo Querido mudei a casa onde, curiosamente, não descobri rasto de preconceito. Inicialmente ainda pensei que este recorrer aos estereótipos fosse uma forma satírica de fazer humor, mas com o constante recorrer a esta premissa rapidamente descobri que o jogo é apenas isto – é como se não soubessem fazer outra coisa. Não é defeito, é feitio. Mas é difícil gostar deste feitio.

A jogabilidade é um desastre, não tem qualquer sentido. Existem 2 ou 3 actividades pelo meio de todos estes programas que falei onde poderão encontrar algum proveito, mas regra geral é tudo demasiado supérfluo. Não é que seja necessário desembolsar 40 € para fazer de conta que cozinham. É tudo à base de mexer o comando de um lado para o outro, muitas vezes sem qualquer tipo de intuitividade. Depois existe um inerente esforço na busca por ser extravagante. É como se tudo tivesse que ter parvoíce à mistura... um pouco ao estilo de alguns programas de TV. O problema é que não funciona. Chegam a existir alturas em que apenas queres jogar, ou repetir uma tarefa, mas pelo meio ainda tens que levar com falas desnecessárias e anúncios publicitários. Ok, são anúncios fictícios, mas chegam a ser tão chatos como os normais.

Mas o grande problema é a falta de conteúdo. Existem actividades que até têm a sua piada, mas daí a que vos dêem vontade de voltar a jogar vai um grande passo. É que uma piada só tem graça à primeira vez. De qualquer forma, fazer a caminhada até ao topo do estrelado é algo que demorará cerca de 3 ou 4 horas se o fizerem sozinhos. O jogo nem vos pede que repitam tarefas, já que uma participação em cada programa deverá ser o suficiente para que consigam chegar ao topo. Os desbloqueáveis presentes são completamente desnecessários, já que podiam perfeitamente vir acessíveis desde o inicio do jogo. Novos penteados, roupas ou estilos para o boneco teriam tido alguma piada, mas aquilo que têm ao inicio é tudo o que vão ver.

TV Superstars é um jogo curto, onde aquilo que vêm nos primeiros minutos é aquilo que vão receber de forma recorrente. Com amigos poderá ter alguma piada, mas nunca por muito tempo, já que a parte que suscita maiores gargalhadas é mesmo a criação do avatar, algo a que nem se pode bem chamar "jogar". É caso para dizer que podem mesmo julgar o conteúdo pela capa. No fundo é como ver TV – há programas que se gosta mais, outros que se gosta menos. Este tem muito por onde não gostar.

4 / 10

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Sobre o Autor
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Ricardo Madeira

Contributor

É redator e dá voz à Eurogamer Portugal. É um dos mais antigos membros da equipa, e ao mesmo tempo um dos mais novos. Confusos? É simples.
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