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Trials of Mana review - Charme de 1995

Revivalismo confiante e precioso.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
Action RPG simples, adorável e altamente divertido. Visuais de 2020, mas uma alma de 1995, combinam para criar um jogo repleto de charme.

No início de Abril, a Square Enix lançou o remake de Final Fantasy 7, um dos mais memoráveis clássicos da PS1 e um jogo que permanece um marco na forma como o género JRPG é visto no Ocidente. Final Fantasy 7 normalizou os JRPGs neste lado do mundo e trouxe a sede por mais, no entanto, isto significa que muitos jogos que vieram antes dele ficaram pelo Japão. É o caso de Seiken Densetsu 3, um clássico SNES lançado em 1995 e que durante mais de 20 anos esteve fora do nosso alcance. Foi somente em 2019 que Seiken Densetsu 3 chegou a estes lados, numa colecção para a Nintendo Switch e com o nome de Trials of Mana. Em Abril de 2020, a Square Enix lançou o seu remake, um RPG incrivelmente acessível, adorável e muito divertido.

Trials of Mana remake é um jogo que me apanhou totalmente desprevenido pela forma como une passado e presente. Este remake captura a essência e simplicidade de outrora, mas num aspecto actual. Quando dei por mim, pensei que estava claramente a jogar um jogo de 1995, com todas as suas mecânicas simples, mas engenhosas, com um tom doce e sempre focado em salientar a fantasia. No entanto, os visuais criados com o Unreal Engine 4 são actuais, o sistema de iluminação é fabuloso, os personagens detalhados e muitos dos locais que visitas vibram com um estilo artístico fiel para glorificar a sensação de fantasia. Combinado com um sistema de combate de acção simples e eficaz, Trials of Mana é mais um jogo de qualidade da Square Enix.

Neste projecto, que exige delicado equilíbrio entre nostalgia e actualizações, a Square Enix mostra grande competência e introduz uma experiência muito dinâmica e cuja simplicidade é um inesperado incentivo para te manter a jogar horas a fio. Trials of Mana poderá ser terminado em cerca de 23 horas, não existe conteúdo para encher e é muito fiel ao original, mas enquanto estava a jogar, queria sempre continuar. É difícil largar um jogo quando te está a divertir tanto e quando a sua personalidade não se faz munir de artificialidades.

Secret of Mana

Inicialmente básico no design de níveis (os locais finais são um pouquinho menos básicos), Trials of Mana leva-te de local em local com um trio de personagens, escolhido entre as 6 disponíveis, que inevitavelmente terão objectivos comuns. O primeiro que escolhes será o principal, mas também assistirás e jogarás o prólogo das outras duas que encontras na jornada. As outras 3 também surgem, mas não são jogáveis. O marcador de objectivo sempre presente garante que não te perdes, o design e estrutura de Trials of Mana pouca margem dá para isso. Torna a experiência mais dinâmica, especialmente quando o sistema de combate transita de caminhada para acção ininterruptamente. Vês os inimigos no cenário e quando de aproximas o personagem pega de imediato na arma e começas a lutar. Fluído tal como um Action RPG deve ser.

Existem dois botões de ataque e tens alguns combos que podes executar, sendo ainda possível desviar ou saltar, mas não proteger. Podes ainda executar golpes especiais quando a sua barra está cheia. Este sistema de combate é muito divertido e torna o ligeiro grinding facilmente tolerável. Não encontrarás grande dificuldade no teu primeiro playthrough, com a excepção dos bosses, especialmente os Benevodons na segunda metade de Trials of Mana, mas isto apenas permite um melhor ritmo e fluidez. Ocasionalmente poderás ter de subir 2/3 níveis para enfrentar o boss, mas gostei tanto do sistema de combate que abracei com satisfação esses ocasionais momentos de grind. Comprar armas e equipamento ajuda e não sentirás falta de dinheiro para actualizar o equipamento.

A simplicidade de Trials of Mana não é um defeito, é um elemento do seu efeito nostálgico e em modo Hard terás a dificuldade que poderás desejar. O foco num trio de 6 personagens possíveis permite explorar as suas histórias e dar atenção a todos, também significa que poderás sentir vontade em jogá-lo mais tempo. É mesmo um charmoso Action RPG acessível, focado em trazer-te diversão e mostra que nem tudo precisa de exagerada profundidade para te agarrar. Existem sistemas como as habilidades que podes desbloquear com os pontos ganhos ao subir de nível e as classes desbloqueadas nas pedras de Mana, mas tudo isto é simples de gerir.

A Square Enix quis mesmo apresentar-te um Action RPG de 1995 com visuais actualizados e diversas outras melhorias, mas sem interferir com a essência da sua experiência, mesmo que isso o pudesse fazer parecer como demasiado simples para os dias actuais. Mas Trials of Mana é muito mais do que uma onda de nostalgia, é um jogo que se foca em divertir-te e isso é do mais importante num videojogo.

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Simples, divertido e nostálgico

Trials of Mana é um Action RPG colorido, muito simples, mas altamente divertido. Frequentemente, dei por mim a pensar que estava a jogar um jogo de 1995, com toda uma simplicidade engenhosa, mas cujos visuais são demasiado actuais para preservar essa ilusão. No entanto, o trunfo da Square Enix foi precisamente fazer-me sentir isso, de estar perante um jogo que simplesmente quer transportar-te para outro mundo e fazer-te viver diversas aventuras. Nem todos os personagens são interessantes e o design poderá ser demasiado básico para alguns, mas Trials of Mana é um RPG que não se mete em complicações para ser profundo e resulta numa experiência muito apelativa.

Prós: Contras:
  • Action RPG simples, acessível e muito divertido
  • Sensação de grande nostalgia devido ao respeito pelo original
  • Sistema de combate incrivelmente simples e dinâmico
  • Banda sonora repleta de bons momentos
  • A iluminação é deslumbrante
  • A alma de um RPG de 1995 com um aspecto de 2020
  • Boss fights divertidas que respeitam as do original
  • Design demasiado básico nos níveis iniciais
  • Ecrãs de loading a mais
  • Inteligência artificial aliada podia ser mais competente

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