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Total War: Shogun 2 - Fall of the Samurai - Antevisão

E onde está o Tom Cruise?

Lembram-se de Total War: Shogun 2? O jogo de estratégia por turnos que mistura gestão de cidades com combates táticos em tempo real onde controlámos verdadeiros exércitos. Ora o título da Creative Assembly foi um dos melhores jogos de estratégia do ano passado, e por isso esta primeira expansão Fall of the Samurai não representa propriamente uma surpresa. Exceto que esta não é exatamente uma expansão. É uma continuação direta de Shogun 2, mas funciona de forma independente e possui conteúdo mais do que suficiente (cerca de 100 horas de acordo com a CA) para se auto-intitular como um "standalone product".

Os eventos em Fall of the Samurai passam-se mais de 300 anos após o seu antecessor, e com o Japão cada vez mais marcado por influências externas, das nações Britânica, Americana e Francesa. O jogo aproveita estas transições culturais históricas como parte da narrativa, mas também do gameplay. Existem duas fações opostas, com visões distintas acerca da utilização dos costumes e ferramentas estrangeiras. Ao apostamos na modernização utilizando tecnologia externa ganhamos acesso a armas de fogo e a uma maior produção, mas isso afeta negativamente a felicidade dos nossos habitantes. Um pouco como no filme de Tom Cruise "O Último Samurai", onde assistimos ao conflito entre as tradições militares japonesas com o aparecimento das armas de fogo trazidas pelos Americanos.

O Japão está assim dividido entre os clãs apoiantes do imperador e os que apoiam o Shogunate, seis novos clãs jogáveis no total, Aizu, Nagaoka e Jozai do lado do Shogunate. E os clãs Choshu, Satsum e Tosa da parte do império combatem em plena guerra civil que ficara conhecida como Boshin War. Como em qualquer ambiente de guerra que se preze existe um equilíbrio ténue entre os clãs, e as nossas decisões diplomáticas terão uma enorme importância na definição dos nossos aliados e inimigos. Gerir as trocas comerciais, pactos, lacaios, casamentos "reais" e até mesmo assassinatos será uma tarefa recorrente, com as nossas decisões a afetarem diretamente as relações com os outros grupos. Outra novidade é a introdução de membros das nações estrangeiras, que apesar de não serem jogáveis, têm um papel integrante no gameplay ao definirem certas unidades a recrutar e o acesso a determinada tecnologia, mediante o nosso nível de relação com eles.

Se jogaram algum dos títulos anteriores da série Total War sentir-se-ão confortáveis com Fall of the Samurai, no entanto, o jogo da Creative Assembly continua a não ser muito amigável com os novos jogadores. Existe um tutorial com uma enciclopédia explicativa de todos os elementos, mas como é norma neste tipo de jogos, centra-se demasiado em texto explicativo aborrecido de ler, apesar de indispensável se não fizerem ideia de como as mecânicas funcionam. Adicionalmente, durante a campanha têm direito ao apoio de um conselheiro (Advisor) que oferece indicações sobre os passos a tomar e explicações acerca das funcionalidades dos edifícios/unidades. O conselheiro tem direito a voz, e é por isso muito mais agradável de seguir.

Na sua essência Fall of the Samurai continua fiel às mecânicas clássicas da série, mas com um foco especial no equilíbrio necessário entre o progresso tecnológico e a paz social. Exagerem na aposta em modernização e tecnologia externa e terão que lidar com revoltas populares e desertores nas vossas cidades. O transporte de exércitos beneficia de uma estrutura de caminhos-de-ferro que altera em grande medida o posicionamento estratégico das unidades militares no mapa. E Importa ainda referir as mudanças no ciclo temporal, cada ano representa agora 24 turnos, com seis turnos para cada estação. Isto afeta diretamente o jogo, atacar durante o inverno por exemplo não é grande ideia, já que os exércitos recebe uma penalização no seu movimento.

Mas o que distingue Shogun 2 dos outros jogos de estratégia são sem dúvida as batalhas, mais concretamente a micro gestão que é possível fazer durante as mesmas. Podemos controlar batalhões inteiros, unidades singulares, ou até o exército como um todo se preferirmos, tudo em tempo real. É possível pedir ao computador para resolver as batalhas automaticamente, mas a possibilidade de sucesso é muito maior se formos nós a controlar os eventos no terreno. É certamente delicioso depois de nos habituarmos. Fall of the Samurai apresenta 39 novas unidades de combate, incluindo soldados equipados com armas de fogo e veículos de artilharia de onde se destaca a conhecida "Gatling gun" que pode ser controlada individualmente na própria perspetiva da arma.

Novas unidades podem ainda ser recrutadas diretamente das forças estrangeiras, os British Royal Marines, US Marine Corps e French Marines disponibilizam as suas próprias unidades para nosso contento. Os combates navais também tiveram direito a novidades, 10 novos navios de guerra a vapor fortemente armados com artilharia moderna vêm fazer companhia aos que já conhecíamos de Shogun 2 e assim oferecer maior diversidade aos combates no mar.

Depois do sucesso temos a queda do Samurai.

Uma característica que torna as batalhas de Shogun interessantes é a sua ligação histórica. Os produtores da Creative Assembly tiveram o apoio de um historiador para que os acontecimentos nas batalhas pudessem ser o mais fiel possível em relação ao que realmente aconteceu na época. Tal como acontece nos filmes, optar por retratar factos históricos permite oferecer imediata legitimidade aos acontecimentos (afinal, foi assim que aconteceu), e ainda suscita automaticamente a curiosidade de quem consome o media. No caso dos videojogos, quando feito adequadamente permite que o jogador sinta que está a divertir-se, ao mesmo tempo que se enriquece culturalmente enquanto interage com a própria história.

Talvez a mais relevante adição, ou melhor, "upgrade" em Fall of the Samurai, é a possibilidade de participar em confrontos (skirmishes) de 40 contra 40 unidades. Podemos ter um exército de 20 unidades, com outras 20 como reforços que podem ser utilizados para flanquear os inimigos durante a batalha. Este foi um dos pedidos mais frequentes por parte da comunidade de Total War, que lembro, tem já um historial respeitável de 11 anos. O facto da Creative Assembly se ter decidido por este caminho mostra que os produtores ouvem os jogadores, isso é muito importante.

Total War: Shogun 2 Fall of the Samurai não é jogo de nicho, mas também não é para todos. Continua com o padrão de qualidade que esperamos da Creative Assembly, sempre com muita atenção ao detalhe. Mesmo nesta versão ainda incompleta oferece bastante conteúdo e algumas novidades dignas de registo, apesar de ser uma expansão e um produto independente ao mesmo tempo. Será que FOTS conseguirá ser um dos melhores jogos de estratégia de 2012? Cá estaremos para a versão final e consequente análise.

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Aníbal Gonçalves

Redator

MMOs e RPG são com o Aníbal. Aliás existe um rumor na redação que a sua primeira casa é o World of Warcraft. Mas às vezes também o vemos a fazer uns exercícios. Não é mau de todo.
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