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Total War: Shogun 2 - Fall of the Samurai - Análise

Pólvora vs Aço.

Depois de vários DLC, incluindo a campanha Rise of the Samurai, a Creative Assembly decidiu subir a parada e lançar uma verdadeira expansão para o seu último grande jogo de estratégia Total War: Shogun 2. Este Fall of the Samurai, apesar de oferecer conteúdo suficiente para justificar ser comercializado como um "standalone product", continua fiel às bases do título original, e não corre muitos riscos para se destacar. No entanto, à medida que vamos avançando no jogo, nota-se a progressão das próprias mecânicas para um campo diferente, aproveitando o facto dos eventos se aproximarem mais do que nunca dos tempos modernos, mais concretamente quando "a pólvora acabou com os heróis".

Existe uma legitimidade agradável nos eventos de Fall of the Samurai, e isso não se deve apenas ao facto de retratar uma época histórica de transição cultural no Japão, mas também devido à correspondência histórica de algumas batalhas durante o jogo. Os produtores da Creative Assembly tiveram o contributo de um historiador, para que os acontecimentos nas batalhas pudessem ser o mais fiel possível em relação ao que realmente aconteceu na época. Tal como acontece nos filmes, retratar factos históricos permite oferecer imediata legitimidade aos acontecimentos (afinal, foi assim que aconteceu), e ainda alimenta a curiosidade de quem consome o media.

Os eventos passam-se 300 anos depois do jogo principal, com o Japão mergulhado num autêntico colapso cultural provocado pela crescente influência das civilizações ocidentais no seu território, nomeadamente dos Britânicos, Americanos e Franceses. Em plena Boshin War, o poder está dividido entre apoiantes do Imperador decididos em manter as tradições ancestrais, e o Shogunate, que reivindica a modernização e industrialização do Japão. Existem três clãs jogáveis em cada um dos lados, e depois de escolhermos o nosso lado temos direito a um pequeno território por onde começar a nossa conquista. Os clãs ligados ao Imperador têm direito a uma zona a sul do Japão, enquanto os do Shogunate ficam algures a Norte.

Se jogaram algum dos títulos anteriores da série Total War sentir-se-ão imediatamente confortáveis com o jogo, contudo, Fall of the Samurai continua a não ser muito amigável com os novos jogadores. Existe uma conselheira que vai explicando lentamente os vários elementos na primeira vez que temos contacto com eles, e uma enciclopédia explicativa tipo tutorial a que podemos recorrer. O problema é que a quantidade de informação necessária para começar a aproveitar o melhor da experiência neste género se torna facilmente avassaladora, e o facto dos sistemas de texto explicativo serem basicamente aborrecidos de ler, são uma barreira por si só para que mais jogadores entrem no género.

"A resistência à mudança é intrinsecamente humana, e por isso cada vez que construímos um edifício ou desenvolvemos a nossa árvore tecnológica em direção à modernização a população mostra o seu desagrado."

Fall of the Samurai oferece a sua própria campanha, onde o sucesso requer sempre que conquistemos um determinado número de províncias, ao mesmo tempo que temos que garantir um determinado controlo do território global para a fação que a nosso clã apoia. O jogo oferece três tamanhos para a campanha, "short", "long", ou "domination" onde precisamos controlar todo o Japão. Adicionalmente podem participar em batalhas individuais retiradas diretamente da história, ou até criar a nossa própria batalha (custom battle) onde podemos ser nós a escolher o ambiente e regras de jogo.

Claro que até aqui não há muito a analisar, as opções e mecânicas são basicamente as mesmas que conhecemos de Shogun 2, apenas com um background narrativo diferente. Construímos cidades, movemos estrategicamente os exércitos para onde são mais úteis e negociamos acordos diplomáticos com os outros clãs, tudo na ação por turnos típica da série. As verdadeiras novidades surgem com o desenrolar do jogo, começando à medida que vamos apostando na modernização das províncias.

Gameplay da expansão Shogun 2 - Fall of the Samurai.

A resistência à mudança é intrinsecamente humana, e por isso cada vez que construímos um edifício ou desenvolvemos a nossa árvore tecnológica em direção à modernização a população mostra o seu desagrado. Esta mecânica é uma forma inteligente de retratar a mudança cultural pretendida, ao mesmo tempo que adiciona valor estratégico ao jogo, temos que procurar um equilíbrio entre o desenvolvimento industrial e a paz social nas várias províncias, mantendo algumas unidades de combate estacionadas para preservar a ordem. Mas a modernização não é a única preocupação das populações, existem outros fatores que contribuem para a infelicidade geral. Um Daimyo desonrado ou uma utilização exagerada de impostos por exemplo, podem provocar revoltas entre os populares e levar grupos a questionar o poder instituído.