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The Last of Us da HBO começa da melhor forma

A fazer dos valores do jogo a sua essência.

A série The Last of Us já está disponível no HBO Max, com um primeiro episódio que dura mais de 1 hora e 20 minutos. É apenas um pequeno vislumbre do que nos espera na série, mas figura como um sólido atestado das intenções da equipa criativa. O melhor de tudo é que evidencia um forte respeito aos valores do jogo lançado em 2013.

Há muito que a indústria dos videojogos espera entrar numa nova era de adaptações. A equipa criativa responsável por The Last of Us da HBO partilhou, antes da estreia, o desejo de evitar muitos dos erros vistos em diversas outras adaptações. Após assistir ao primeiro episódio, a ideia predominante na mente é como respeitaram o jogo sem o copiar 1:1 e ainda fizeram a sua essência brilhar num novo formato.

The Last of Us foi imaginado com um tom muito adulto, muito cinematográfico e credível, diferente de outras obras com zombies. O foco não está nos monstros, está nas monstruosas ações que o ser humano é capaz de cometer mesmo quando tudo está mergulhado no caos. Desprovido da necessidade de se submeter à hipócrita interação social, o ser humano revela o animal dentro de si e ativa o seu instinto de sobrevivência.

A adaptação criada por uma equipa liderada por Craig Mazin e Neil Druckmann rapidamente mostra que Joel Miller (Pedro Pascal) não é um herói, um bom samaritano cuja bússola moral o impede de fazer o mal. É apenas um pai que trabalha para pagar as contas e alimentar a filha. Quando o surto acontece, ele faz o que pode para salvar a filha Sarah (Nico Parker) com a ajuda do irmão Tommy (Gabriel Luna).

A primeira meia hora adapta as primeiras cenas do jogo, mas numa versão expandida, com muito pelo meio para nos dar mais contexto e aprofundar o mundo destas personagens. Não tens nada de propriamente relevante no grande esquema das coisas, mas é necessário neste formato de série. Ajuda a cimentar as personagens num mundo que se quer credível, especialmente nesta era pós-pandemia. Se em 2013 The Last of Us parecia fantasia, em 2023 ninguém se atreverá a descartar qualquer possibilidade relacionada com vírus ou fungos.

Após os trágicos eventos iniciais, que vão marcar especialmente quem não sabe nada de The Last of Us, a série salta 20 anos e vemos a Zona de Quarentena em Boston. Também aqui, nesta espécie de segunda metade do episódio, vês que a série oscila entre o altamente familiar e o expandido. Sem jamais copiar diretamente cenas do jogo, algo que acredito ser uma mais valia, a série mostra-te como Joel vive, mostra-te Tess (Anna Torv) e uma versão ligeira dos eventos que te levam até Ellie (Bella Ramsey).

Com o foco colocado nas personagens, nas emoções humanas e na crueldade desta realidade de um mundo assolado por criaturas que atacam humanos, a série mostra-te conceitos como a FEDRA e Pirilampos sem grande pompa ou circunstância. A narrativa visual faz muito para te inserir no mundo de The Last of Us da HBO e isso ajuda imenso a manter a imersão e atmosfera. Nada de explicar em demasia conceitos mas, acima de tudo, respeitar imenso a essência do jogo e da metodologia da Naughty Dog.

Com cenas expandidas e abordagens diferentes aos acontecimentos que levam Joel e Tess até Marlene, The Last of Us da HBO captura a nossa atenção e desperta a curiosidade para o que aí vem. A cena quando escapam de Boston para dar início à missão de levar Ellie é um forte exemplo da abordagem criativa para a série. Não se focaram em recriar aquele momento gameplay. É fácil perceber que num jogo é preciso criar momentos interativos para desafiar o jogador. Aqui o foco está na narrativa e na construção das personagens. Tens mais um forte momento onde é arrancada mais uma camada da personagem Joel e que certamente dará imenso que falar nos próximos episódios.

Cover image for YouTube videoThe Last of Us | Trailer | HBO Max

O melhor deste primeiro episódio é conseguir criar em quem não conhece o jogo, e nem sequer pretendia jogar, um impacto similar ao que senti quando joguei a versão original em 2013. The Last of Us da HBO evita clichês, ou transformar segmentos gameplay em cenas live-action para vermos tiroteios de uma "nova perspetiva", e nem sequer recorre aos monstros. The Last of Us foca-se no ser humano, nas emoções duras e cruas de quem vive no limiar do desespero, da ausência de esperança.

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The Last of Us Part I

PS5, PC

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Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.

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