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The King of Fighters - Round 4

Do controverso KoF 01 até ao derradeiro KoF 03, o último das plataformas NEO GEO.

A indústria dos videojogos trouxe muitas coisas boas após a viragem do milénio mas também chegaram más notícias para os jogadores. A Sega, ao encerrar a produção de consolas e focar o seu negócio nas arcadas e produção de software multiplataformas deixou muitos fãs em choque. Numa escala mediática menor, a declaração de falência da SNK e posterior aquisição pela Azure causou igualmente um abalo entre os fãs, mas atendendo ao menor destaque dado pela imprensa, o processo de transição para a Playmore não foi tão doloroso. Desde logo porque o mítico presidente Kawasaki não cedeu quando se apercebeu que a Azure pretendia encerrar o negócio da SNK. Fundando a Playmore, readquiriu a sua antiga companhia, mas sem muitos postos de trabalho e sem licenças, teve à sua frente uma missão quase impossível. Felizmente para os fãs, a empresa segurou-se e regressou ao activo em 2001, seguramente não tão forte como dantes (o seu pessoal mais experiente havia saído após a falência), mas com todo o simbolismo associado. E num ano de tão grandes incertezas, não se perdeu o fio à meada em The King of Fighters. Neste round vamos do jogo mais controverso da série até ao último lançamento para as plataformas NEO GEO.

The King of Fighters 01: lançado num ano de imensa agitação

Com o lançamento de KoF 2000 a SNK lançava o sétimo jogo consecutivo da série. Sete jogos lançados anualmente. Mas foi em 2000 que a SNK entrou em falência após a acumulação de perdas nos anos anteriores. Primeiro adquirida pela Azure, interessada em desmantelar o negócio operado até então, foi depois salva por Eikichi Kawasaki, que não querendo ver a empresa que fundara há mais de uma década diluir-se de um momento para o outro, criou em 2001 a Playmore e com ela readquiriu a SNK, rebaptizando-a de SNK Playmore, ao mesmo tempo que iniciou um processo de reaquisição das licenças, numa disputa litigiosa muito dura com a Azure. Forçado a começar praticamente do zero, 2001 foi uma espécie de nova partida para uma SNK diferente mas ainda apostada em manter o negócio das arcadas, prosseguir nas consolas e encetar uma abordagem diferente em termos de jogos multiplataformas.

Apesar de tudo o que a companhia passou KoF 01 é um produto da perseverança e do afinco de um presidente cujo interesse passou sempre pelos jogadores e por aqueles que apoiaram a SNK. Sem E. Kawasaki, 2001 teria sido muito provavelmente o ano derradeiro da empresa.

Para os fãs acérrimos da companhia, as dúvidas sobre os futuros jogos avolumaram-se. Tendo sido despedidos quase todos os artistas, músicos, engenheiros e programadores, sobrou pouco pessoal numa empresa que chegara a níveis muito altos de produção durante a década de noventa. A passagem para o novo milénio anunciava-se como uma refundação, um voltar às origens, que não deixou de acontecer. Felizmente, a companhia readquiriu todas as licenças e voltou a empenhar-se a fundo, mas a falta de pessoal, em 2001, levou a SNK a ter de "encomendar" The King of Fighters 2001 à Coreana Eolith. Mesmo num ano difícil e de imensas convulsões a SNK não deixou em branco uma das suas franquias mais importantes.

Num esforço conjunto com os coreanos, KoF 01 só foi lançado no princípio de 2002, depois de sucessivos atrasos na produção, fruto das incertezas vividas na empresa. Apesar de tudo e sendo este também um jogo novo, mesmo com toda a confusão instalada, no final acabou por chegar ao mercado um título bastante consistente, repleto de lutadores e bem no seguimento dos anteriores. Podendo o novo desenho das personagens suscitar mais divisões entre os fãs, certo é que não deixou de ser uma opção bastante jogável, um título a sério, apesar da discórdia em certos pontos.

Cenário japonês em KoF 01. Cliquem na imagem para ver em tamanho maior.

Entre as maiores críticas dos fãs está o novo desenho das personagens (no quadro de selecção), a música e alguns cenários menos bem conseguidos como o do autódromo de S Paulo, grande prémio do Brasil. Todavia, existem outros interessantes como a ponte de Veneza, uma espécie de regresso à cidade italiana presente em KoF 94. Quanto a lutadores, a Eolith adicionou cinco personagens: K9999, Angel, Foxy, Li Xiangfei e May Lee. O sistema "strikers" permaneceu activo. Nesta edição os jogadores podem escolher quatro personagens livremente, elegendo os titulares em combate e os que ficam como "strikers". Esta maior liberdade oferece mais garantias para diferentes estratégias. Apesar das críticas e dos pontos mais sensíveis, nomeadamente a direcção artística das personagens no quadro de selecção, quando passamos ao combate o caso muda de figura e retomamos mecânicas bem sucedidas. Não é um jogo estrondoso como os anteriores, mas apesar da grande convulsão vivida no seio da SNK, não deixa de ser admirável a sua realização. O jogo atingiu uns possantes 682 megas.

The King of Fighters 2002 - regresso à boa forma

Em 2002 a SNK Playmore voltou à carga com um novo episódio da série, mantendo os habituais formatos (Neo Geo MVS, AES, Dreamcast, PS2 e Xbox). koF 02 foi um ano de apreciáveis transformações. Após alguns anos de enquadramento no sistema "strikers", a Eolith, novamente a cargo da produção, em conjunto com uma nova equipa formada por antigos membros da SNK, abandonou o sistema e voltou ao clássico 3 vs 3. Sem trama, estamos perante a inclusão de equipas que abraçam todos os anos anteriores da série. É uma opção que aproxima o jogo do modelo aplicado em KoF 98.

KoF 02 representou uma espécie de homenagem a KoF98, com mecânicas mais seguras e um roster sempre impressionante. Regresso do formato por equipas.

Graficamente o jogo recebeu uma injecção de novos movimentos e mais "sprites" 2D, mesmo sobre um motor que por esta altura acusava já algum desgaste. A jogabilidade melhorou, numa aproximação ao modelo utilizado em KoF 98, sem as opções Advanced e Extra. A barra de energia enche-se à medida que aplicam movimentos e combinações de golpes sobre o adversário. Podem adicionar até 3 barras. Podendo fazer "super cancel" quando activada a barra, abre-se uma janela para uma série de golpes devastadores. Existem mais técnicas, num esforço louvável que melhorou a olhos vistos a experiência. A juntar a 44 personagens, a edição 02 retomou a trajectória dos clássicos.

Pena que alguns cenários tenham perdido a qualidade patenteada noutras edições. Mesmo assim muito boas batalhas.

Sem novos lutadores, contam-se os regressos: Rugal, Billy, Yamazaki, Vice, Mature e a equipa Orochi, sendo que desta vez os retratos das personagens revelam mais consistência. Pena que os cenários tenham perdido parte do carisma logrado noutras edições. Alguns são vazios, despidos de profundidade e com poucos detalhes, mais parecendo retratos ou fundos com pouca resolução do Windows 98. Um ou outro escapam à média, mas globalmente, depois da fasquia elevada em edições anteriores, não chegam ao mesmo nível. Contudo, isso não afecta o crucial num jogo destes, que é a jogabilidade. KoF 02 é uma experiência melhor e com ela a SNK Playmore dava sinais de querer voltar aos bons velhos tempos.

The King of Fighters 2003

KoF 03 é o décimo jogo consecutivo da série, mas também é o último a recorrer ao magnífico e emblemático "hardware" Neo Geo. Por esta altura o jogo é lançado nas plataformas proprietárias da SNK (MVS e AES) pela última vez. A SNK optou por fazê-lo por entender ainda estarem reunidas as condições, mesmo numa fase em que a pirataria dos cartuchos MVS crescia e outras séries de "fighting games" ganhavam projecção com novos e poderosos motores 3D, proporcionando experiências que se afastavam em termos de qualidade visual, daquelas produzidas pela SNK, algo que a editora não podia mais deixar de ter em conta, especialmente o novo "hardware".

KoF 03 marca a despedida da série do formato NEO GEO, com uma produção muito sólida. A recuperação das personagens de Garou: MotW é um dos pontos altos. Gostariam de ver a SNK fazer uma sequela de Garou: MotW?

Apesar disso, ainda hoje KoF 03 é uma sólida opção, sendo valorizada especialmente pelo sistema de 3 vs 3 em modo "tag team" e pela inclusão de lutadores do fantástico Garou: Mark of the Wolves (Terry Bogard, Tizoc). A jogabilidade proporcionou um inédito Tactical Leader System, sendo confiado ao líder uma habilidade especial. A partir daí dá-se uma transformação muito grande. A escolha do líder é importante assim que optamos pela equipa (que regressam no modo clássico). De certa maneira é um jogo que traz consigo uma carta de despedida, homenageando bons momentos da série, ao mesmo tempo que incorpora personagens extraordinárias, do indiscutível Garou.

Confrontos permaneceram acesos e destaque para as personagens de Garou, como o emblemático Terry Bogard.

As animações são boas, o jogo mantém um charme 2D inapelável, apesar de acusar por esta altura alguma idade. Os cenários, na anterior edição, um dos pontos mais baixos, regressam em boa forma, pormenorizados e cheios daqueles pequenos detalhes que ajudam a tornar memoráveis as batalhas. KoF 03 é o décimo e último jogo da série a inscrever a contagem anual no seu título. A partir daqui a SNK Playmore abandona o "hardware" Neo Geo e parte para o sistema Atomishwave, começando a experimentar novos jogos em 3D, numa tentativa de se aproximar da fasquia colocada pela concorrência. Não haverá por isso um KoF 04 e só em 2005 a editora retoma a linha original da série com The King of Fighters XI, já com uma nova numeração (o décimo primeiro jogo da série), que guiará até The King of Fighters XIV.

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