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Têm pouco dinheiro para gastar em jogos?

Aqui está o guia para jogar muito e pagar pouco.

Os jogos podem ser um tipo de entretenimento muito caro, e com a crise a atacar em força a população portuguesa, há cada vez mais pessoas que se vêm obrigadas a cortar nas "gorduras", e os jogos encaixam precisamente nessa categoria. Mas se jogar contribui para a vossa felicidade, e gostam imenso desta arte, então deixar de adquirir um videojogo não é algo de que devam abdicar facilmente.

Para quem ganha o salário mínimo, ou um pouco acima, ou mesmo para quem ainda seja jovem e more com os pais e não tenha uma grande mesada para esbanjar, gastar 69,99€ ou por vezes 59,99€ num jogo no seu lançamento está fora de questão, ou então é uma ocasião rara. Felizmente, para quem não tem muito dinheiro para gastar em jogos, a indústria cresceu imenso nos últimos anos, e agora existem tantas alternativas a comprar um jogo numa loja tradicional que ficar restringido a esta opção é completamente desnecessário e impossibilita uma visão abrangente de tudo o que os jogos têm hoje para oferecer. Ao seguirem este guia não pouparão apenas a carteira, mas também poderão dar a oportunidade a jogos que à partida poderiam colocar de lado.

As alternativas são imensas, e nem sequer é preciso recorrer à pirataria ou à importação; só têm que abrir os olhos, e este é precisamente o propósito deste artigo. As propostas que serão indicadas poderão não ser novidade para alguns, ainda assim, sentimos que é importante alertar os nossos leitores de que é possível jogar muito e pagar pouco. O único ponto negativo é não poder acompanhar os lançamentos mais recentes. Mas o que importa? Os jogos verdadeiramente bons são aqueles que assim continuam durante vários anos, não interessa se os jogam agora ou daqui a dois ou três anos, ou talvez mais.

Optar pelo PC como plataforma de jogos é atualmente a melhor forma de poupar na compra de jogos. Graças a plataformas de distribuição digital como o Steam e há grande competitividade que existe neste espaço (existem vários sites de distribuição digital, tais como GetGames, Green Man Gaming, Good Old Games e GameFly), é possível comprar jogos por uma ninharia. Ainda agora, neste preciso momento, está a decorrer uma promoção de jogos independentes no Steam. Com cerca de 10€ podem comprar três jogos e divertirem-se durante dezenas de horas. É preciso sublinhar que, nesta promoção, estão incluídos jogos como Hotline Miami, Limbo, Braid e Mark of the Ninja, que receberam notas máximas em vários sites de crítica especializada.

Por apenas €3.74 no Steam, Amnesia: The Dark Descent, um dos jogos mais aterradores dos últimos anos, pode ser vosso.

A maravilha dos jogos digitais é que qualquer computador com hardware não muito antigo pode corrê-los facilmente. Se quiserem correr o Crysis 3, então talvez tenham que gastar dinheiro a comprar novo hardware. Mas nos jogos independentes, ou jogos lançados somente em formato digital, não são obrigados a tal. Continuando, não hesito em afirmar que existem jogos independentes ou digitais que valem mais e custam muito menos que um jogo de €69.99 para as consolas ou de €49.99 no caso do PC, o que me leva cada vez mais a pôr em causa o preço praticado pelos jogos que se inserem na categoria de "grandes lançamentos".

Ainda que torçam o nariz perante os jogos independentes ou digitais, o Steam continua a ser o local ideal para comprar jogos a preços inacreditáveis. Em 2012, quando Max Payne 3 ainda era relativamente recente, numa promoção do Steam o preço desceu dos habituais €49.99 para €12.99. Promoções como estas são comuns no Steam. Na plataforma da Valve é normal presenciar descontos de 75 porcento, em outros lados é uma raridade. Passo a passo, o Origin também começa a aderir a este tipo de promoções. Se visitarem o Origin agora encontrão imensos jogos com 50 porcento de desconto.

Os free-to-play acabam por ser a opção mais em conta, porque são gratuitos, e nada é melhor que gratuito. Existe um estigma e preconceito contra os free-to-play, sentimentos negativos que são justificados com o argumento de que se tratam de jogos pay-to-win. Reconheço que é um argumento que poderá ser usado contra alguns jogos, mas não podemos generalizar, há obviamente excepções. Uma delas é League of Legends, o free-to-play mais popular do momento, contando com uma comunidade de 32 milhões de jogadores. League of Legends é um jogo equilibrado, viciante e em que tudo pode ser desbloqueado sem desembolsar um tostão. Há outros free-to-play que vale a pena mencionar. Team Fortress 2 é um deles, que antes da transição para free-to-play, era comummente referido como uma das melhores experiências multijogador. Querem mais? PlanetSide 2, Lord of the Rings Online, DC Universe Online, TERA: Rising, The World of Tanks e Tribes: Ascend são outros free-to-play que devem pelo menos ser experimentados.

Em alternativa, podem aderir ao Free Indie Bundle, uma compilação dos melhores jogos independentes gratuitos. O Free Indie Bundle encontra-se neste momento na sua quarta edição e está a oferecer pequenos jogos curiosos como uma versão FPS de Mega Man (não oficial). Têm aqui uma excelente oportunidade para ficar a conhecer uma outra faceta do desenvolvimento de jogos, fora dos grandes estúdios que empregam centenas de pessoas e das editoras equivalentes a uma máquina de fazer dinheiro. O único propósito destes jogos é divertir-vos e experimentar ideias novas.

O Humble Bundle é outra proposta para aumentarem a vossa biblioteca de jogos num ápice e com poucos euros. Ainda há pouco podiam adquirir Bastion pela quantia ridícula de $1 (cerca de 0.77 cêntimos!). Nem um jogo para iOS ou Android é tão barato, a não ser que sejam gratuitos é claro. Normalmente o Humble Bundle compila jogos facilmente recomendáveis e vende-os a um preço tão baixo que quase custa acreditar. Relembro que no final do ano passado, o Humble Bundle estava a vender Darksiders, Company of Heroes e as suas duas expansões, Red Faction: Armageddon e Metro 2033 por $1. Mais barato do que isto não encontram em lado nenhum.

No território das consolas não encontrarão tantas promoções e tão apetecíveis como no PC, porém ainda é possível poupar e desfrutar de grandes jogos sem abdicar de €69.99 por cada jogo. O PlayStation Plus, disponível para os possuidores de uma PlayStation 3 e/ou PlayStation Vita, é uma forma. Por €49.99 ao ano recebem acesso, sem qualquer custo adicional, a muitos jogos, todos eles de renome, já para não falar das promoções exclusivas. Em acrescento, a PlayStation Network e Xbox Live Marketplace organizam esporadicamente promoções. As recentes promoções no Xbox Live Marketplace, onde surgiu a oportunidade de comprar Tekken Tag Tournament 2 a €9.99, mostraram uma vontade da Microsoft de se aproximar das promoções incríveis que têm lugar no PC. Apesar disto, ainda existem coisas que têm que mudar, como é o caso dos preços dos jogos que são lançados em formato físico e digital, em que o formato digital custa o mesmo que o físico (o formato digital não acarreta custos de distribuição, fabrico, caixa, manual, etc).

Na plataforma de distribuição digital da Nintendo, a eShop, ainda foram poucas as oportunidades para poupar. Uma dessas oportunidades está a decorrer agora. Jogos como ZombiU, Assassin's Creed 3, Just Dance 4, e Little Inferno estão com 50 porcento de desconto no preço até 4 de abril. Como a Nintendo Wii U ainda é relativamente recente, e possui poucos jogos, não seria prudente reduzir drasticamente os preços.

Se desviarmos o olhar para a Nintendo 3DS, que já cumpriu o seu segundo aniversário, verificamos que existe um desinteresse por parte da Nintendo em organizar promoções ou em reduzir permanentemente o preço dos jogos. Um espelho dessa realidade é The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D, que está a ser vendido na eShop por €29.99. Este é um jogo com quase dois anos, porém, está a ser vendido quase ao mesmo preço de lançamento - €39.99. Sem querer colocar em causa a qualidade do jogo, que é um dos poucos da sua era que sobreviveu à erosão do tempo, deve ser dito que este não é um preço amigável. Eu comprei o meu The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D por €14.90 na Media Markt no verão passado, no entanto, a Nintendo está a vendê-lo agora pelo dobro.

Poupar acaba por ser uma questão de estar atento e de saber aproveitar a ocasião. Sempre que me surge a oportunidade de comprar um jogo muito barato, não hesito, mesmo que tenha vários jogos por acabar em casa. Há jogos que ficam baratos muito rapidamente, estes são normalmente os menos populares. Portanto, pensem bem no que toca a adquirir lançamentos anuais, pois o preço destes jogos só será reduzido quando houver um novo jogo da série. Como popular não é sinónimo de qualidade, não é uma missão impossível encontrar jogos excelentes que não são populares entre os consumidores portugueses, e por esse motivo ficaram mais baratos num instante. Nas minhas visitas à GAME, Mediamarkt e Fnac encontro sempre jogos que valem a pena jogar escondidos no fundo das prateleiras a preços como €9.90 ou €14.90 (por exemplo, BlazBlue: Continuum Shift está à venda na Fnac por €7.99 - PS3 e Xbox 360). Os jogos mais recentes são sempre os que estão em destaque e ao nível dos olhos, pelo que têm apenas que se aninhar para encontrar uma boa oportunidade.

Uma iniciativa que merece ser mencionada foi posta em pratica pela EcoPlay, que distribui em território nacional os jogos da Activision, Konami, Sega, Capcom, entre outras companhias, que lançou há algum tempo o Ganha Sempre. Em que consiste o Ganha Sempre? Na compra de um jogo participante nesta iniciativa, receberão outro jogo (ou um filme) gratuitamente, basta introduzirem o código no site e escolherem o jogo que querem (só têm que pagar os portes: €2.45). Recentemente comprei Final Fantasy XIII por €9.99, que faz parte do Ganha Sempre. Por esse valor, fiquei com dois jogos.

Os jogos Essentials da PlayStation 3 apresentam um excelente rácio entre qualidade/preço. Nestes jogos, facilmente reconhecíveis pelas suas capas com bordas vermelhas, estão inseridos God of War III, Uncharted 2, Heavy Rain, Assassin's Creed Brotherhood, LittleBig Planet, entre muitos outros jogos first e third-party, cujo preço varia entre €14.99 e €19.99.

Recorrer ao mercado dos jogos em segunda-mão também é opção válida. Recomendo que se limitem maioritariamente aos sites de leilões, vendas online e fóruns, pois tendencialmente as lojas portuguesas que vendem jogos usados cobram preços ridículos por eles, por vezes, quase ao mesmo preço que os novos. Para quem não está habituado a compras online, pode parecer assustador dar dinheiro a um estranho que nunca conhecemos pessoalmente, mas este sites têm funcionalidades que permitem verificar a reputação da pessoa com quem estamos a negociar. Geralmente, tudo corre bem e fazem-se negócios excelentes. Aqui no site do Eurogamer Portugal têm a secção TradeZone, em que cada leitor pode criar um tópico para comprar/vender jogos.

Outra forma eficaz de poupar é estabelecer limites, isto é, estabelecer um valor máximo que estão dispostos a dar por um jogo. Mesmo que gostem muito de um determinado jogo, e estejam inclinados para comprá-lo ao preço de lançamento, este limite imposto por vocês próprios impede-vos que comprem esse jogo até que o preço baixe.

"Os preços praticados atualmente são definitivamente elevados e insuportáveis para alguns"

Dito isto, acho que ficou provado o que me propus a fazer no início deste artigo: mostrar que os jogos são, se quiserem, um entretenimento barato e para todo o tipo de bolsos. Seria interessante, como um desafio, pegar em €69.99 e ver que jogos se conseguia comprar, aproveitando todas as promoções e oportunidades que surgissem, no período de um ano. Bem aproveitados, penso que seria possível comprar jogos para os 365 dias sem menosprezar a qualidade do entretenimento.

Em última instância, este artigo não aborda profundamente o preço dos jogos em Portugal, que em comparação com os nossos vizinhos do Reino Unido, são mais caros. É um problema sobre o qual as editoras portuguesas deviam meditar seriamente. Os preços praticados atualmente são definitivamente elevados e insuportáveis para alguns. Nesta geração que está a chegar ao fim assistimos a um aumento no preço dos jogos. Na época da PlayStation 2, Xbox e Gamecube, €65 era o preço máximo que se pagava por um jogo (com a excepção de GTA: San Andreas, que foi vendido inicialmente a €69.99). Agora o preço situa-se nos €69.99. Será que com a chegada da PlayStation 4 e nova Xbox presenciaremos outro aumento? Espero que não, mas não posso deixar de recear.

Para terminar este artigo de forma positiva, tenho presenciado, pouco a pouco, uma mudança em Portugal. Já há lojas que não vendem jogos no lançamento por €69.99, em vez disso, vendem-nos por €49 ou €55, uma atitude louvável. Além disto, os preços também descem mais rapidamente. Só assim, ao tornar-se mais amigável do consumidor e ao acompanhar as tendências dos grandes mercados, é que a indústria dos jogos poderá prosperar em Portugal e juntar cada vez mais aderentes.

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Sobre o Autor
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Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.

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