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Tatsunoko vs Capcom: Ultimate All-Stars

O bom, o mau, e o nipónico.

Mais de um ano após o lançamento original Japonês, o sentimento que Tatsunoko vs Capcom: Ultimate All-Stars deixa é ambíguo. Por um lado, passei quase um ano a desejar que chegasse e por outro lado, agora que chegou, temos o confirmar de que algumas das decisões de design não são propriamente as mais favoráveis a um produto que supostamente deveria ser feito para apelar a um público específico, que curiosamente parece ter sido relegado em prol de um outro associado à consola e não ao género. Os problemas de licenciamento e a incerteza do lançamento fora do Japão foram receios que agora deixados de lado, só o seu relembrar deveria ser suficiente para não efectuar qualquer crítica e simplesmente mergulhar na espectacularidade tipicamente made in nippon a que a Capcom, e a sua série “Vs”, tanto nos habituaram. Infelizmente, só é certa medida é possível.

Antes de adensar mais sobre esse assunto, primeiro vamos às introduções. Ultimate All-Stars é o mais recente na série “Vs” da Capcom que já conta com uma tradição e um público adepto. É o primeiro feito de gema para esta nova geração de consolas e é o primeiro a apostar num visual em 2.5D (personagens e cenários 3D numa perspectiva 2D). Se até ao momento os confrontos da Capcom foram contra as personagens da Marvel ou da SNK, agora é chegada a vez da Tatsunoko Productions, estúdio de animação Japonesa que pode, ou não, ser conhecido de muitos. O mais certo é não conhecerem metade das personagens que estão do lado Tatsunoko mas algumas como os personagens da Science Ninja Team (Gatchaman no original) devem ser conhecidos pelos mais cultos na animação Japonesa e Karas e Casshern devem ser conhecidos pelos adeptos da animação Japonesa mais recente. Do lado da Capcom surgem figuras bem conhecidas desta companhia e algumas delas marcam presença num jogo do género pela primeira vez.

O leque de personagens ao dispor é variado e vai desde Street Fighter a Dead Rising, Megaman, Lost Planet, Onimusha, Viewtiful Joe e ainda Dead Rising. Isto do lado da Capcom pois do lado Tatsunoko, para além dos já referidos, temos personagens de séries como Tekkaman, Yatterman, Ippatsuman ou Polymar. Todos estes personagens, 26 no total, surgem prontos para lutar com um leque de movimentos e golpes especiais adaptados ao género que recriam o que fazem nos seus jogos ou nas séries para uma enorme autenticidade e espectacularidade.

De que outra forma poderíamos ver uma pequena rapariga enfrentar robôs gigantes de vassoura?

Como é tradicional na série “Vs”, temos estilos distintos que nos fazem ganhar interesse em ir conhecendo os personagens a pouco e pouco e apesar de todos terem os seus pontos fortes e fracos oferecendo diversidade e alguma profundidade, demasiado cedo se reconhece quais os mais fortes e mais fáceis de usar. Isto resulta de uma jogabilidade que pretende ser intuitiva e acessível mas fá-lo em perigosa demasia. Pensando nos novatos e iniciantes, e não tanto nos acérrimos adeptos dos seus jogos de luta, a Capcom criou um sistema de combate muito fácil de usar que recorrendo a quatro botões facilmente remete o jogador para uma enorme sensação de repetição e quando tudo deveria ser estrondoso e vibrante, o perigo da monotonia espreita.

Aprender as combinações e variações pode ser um trabalho que oferece méritos aos jogadores em tal interessados que vão aprender a aplicar combos que devastam a barra de vida dos adversários. O encadear de combinações com ataques aéreos para completamente deixar o adversário submisso e pronto para os loucos especiais é o grande desafio para os que gostam de estudar até à exaustão este tipo de títulos mas esse limite chega cedo demais e com pouca recompensa. Isto porque na procura de acessibilidade a novatos e menos dados ao género, a Capcom permitiu que o jogador possa jogar com o Mote num esquema de controlos não só adaptado como também demasiado automatizado que retira mérito ao jogador mas fornece golpes e sequências de uma forma quase injusta. Optando pelo comando clássico, o jogador já vai ganhar realmente as rédeas dos seus lutadores mas o que ganha em acesso a novos e maiores combos, perde no que a pé de igualdade diz respeito. Os aficionados dos jogos de luta vão optar pelo comando clássico ou pelo Fight Stick mas nem todos vão assumir esse compromisso quando existem alternativas de tal forma acessíveis que são quase injustas. De qualquer das formas os combos disponíveis são de extrema facilidade de execução e a sua quantidade por personagem é tão baixa que repetimos constantemente os mesmos vezes sem conta por isso caberá ao jogador se vai querer conquistar a glória vencendo em total controlo sobre esquemas semi-automatizados.

O visual colorido dá vida a personagens e movimentos loucos e indescritíveis.

De todas as maneiras fica assegurado que qualquer um pode jogar o jogo sem ser forçado a comprar periféricos adicionais e mesmo que sofra restrições, não deveria ser deixado com a sensação de que tal pode ser, aparentemente, tão benéfico. Isto deverá ser uma preocupação especialmente nos confrontos online ou com amigos localmente, o que se revela de altíssima importância pois o modo online é vital neste jogo. Com um modo "Arcade" extremamente pálido, o jogador fica com poucos modos para se entreter e quando tudo parece assumir um certo valor de repetição, mesmo jogando com vários jogadores, chegar ao fim com todas as personagens não vai ser muito apelativo. Mesmo com bónus e mini-jogos para comprar e desbloquear, a jogabilidade teima em não se mostrar tão equilibrada quanto o que a Capcom já nos habituou no passado e nem todas as personagens ficam num patamar equiparável.

Se a jogabilidade se coloca num ponto em que vai deixar o jogador a lutar contra si mesmo pois sente que rapidamente alcança a vontade de o largar, o desejo de continuar muito provavelmente vai manter-se devido ao espectáculo visual que se vai deparando diante dos olhos. Visualmente estamos perante um jogo repleto de cor que provém tanto dos cenários como dos espectaculares movimentos que os personagens despejam com graciosidade. Um verdadeiro arco-íris em termos da palete de cores e um espectáculo de fogo de artifício nos especiais e supers, Tatsunoko vs Capcom é tudo aquilo que a série “Vs” representa. Magia nipónica em movimento que aos olhos de uns há-de sempre continuar a parecer como uma parvoíce enquanto que para outros há-de ser sempre um atestado de qualidade de excelência.

O amor e paixão aos jogos de luta em 2D pode ser de expoente máximo mas nem mesmo assim pode ser suficiente para evitar um fácil cansaço a curto médio prazo. Para tal torna-se vital a existência de um grupo de amigos para humilhar ou uma forte dedicação ao modo online. Tatsunoko vs Capcom: Ultimate All-Stars pode ser um produto único na sua consola, e até nesta geração, pode evidenciar um trabalho de carinho por parte da equipa de desenvolvimento, mas algumas decisões tomadas não deixam de atrapalhar e o mais caricato surge, um jogo feito tendo como objectivo agradar qualquer um, inevitavelmente irá acabar por ficar restrito a um leque de devotos jogadores.

7 / 10

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