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Super Mario Maker 3DS - Análise

Edição limitada.

Um poderoso editor de níveis reduzido a portátil que sai prejudicado pelo corte (injustificado) do carregamento de níveis online.

Faz por esta altura um ano e três meses que Super Mario Maker foi lançado na Wii U. Em Setembro do ano passado tivemos a oportunidade de classificar o jogo como um dos melhores na consola da Nintendo. Precisamente por conciliar muito bem a criação do universo Super Mario em 2D com o potencial do GamePad, cujo ecrã táctil de generosas dimensões permite a gestão completa e eficiente das ferramentas. A isto acrescia um alargado sistema de carregamento e partilha que produziu uma produção em massa de níveis criados pela comunidade, que qualquer utilizador podia jogar. Há não muito tempo, a Nintendo anunciou o lançamento do mesmo jogo para a 3DS, um "port" que seria em tudo similar. Este é talvez o ponto que merecerá mais atenção à frente, mas apesar disso não deixa de ser interessante, nesta fase derradeira da 3DS, encontrar mais um jogo oriundo do formato Wii U, depois de Super Smash Bros. Se é verdade que este encontrou na miudeza das personagens e no reduzido ecrã da 3DS alguns entraves ao pleno aproveitamento das cenas de pancadaria, já Super Mario Maker consegue um desempenho mais interessante.

De resto, à Nintendo interessa fazer chegar à 3DS o jogo produzido para a Wii U. O falhanço desta leva a Nintendo a querer anular as menores vendas por comparação com uma consola cuja penetração do mercado é muito boa, embora não tanto como a DS. Tanto que Super Mario em 2D é normalmente sinónimo de boas vendas, especialmente numa consola portátil, perspectivando-se por isso uma boa performance no mercado, especialmente no japonês. A Nintendo não quis também fugir ao habitual título Super Mario na época natalícia. Sabe-se que os japoneses não celebram o Natal como nós, mas nem por isso deixa de ter importância como oferta para o mercado ocidental, especialmente o norte-americano. A referência está até na superação de Super Mario em 3D.

A juntar ao bom momento que vive a 3DS depois dos recentes Pokémon, a portátil da Nintendo torna-se assim na plataforma da Nintendo que neste momento concentra as maiores atenções, à custa de um acervo de jogos com a qualidade que somos habitualmente brindados. Os fãs mais hardcore, podem até redescobrir os primeiros jogos da série Super Mario Bros a partir da Mini NES Classic, talvez a maior surpresa da Nintendo (pelo formato) para este final de ano, mas nada como este processo criativo por força da generosa mala de ferramentas de Super Mario Maker.

Coo Coo. O jogo está todo localizado para português.

Depois de verificarmos o funcionamento de Super Smash Bros na 3DS e de como o jogo cumpriu uma série de mínimos, as nossas reservas sobre o alcance de Super Mario Maker são estreitas, sobrando a dúvida relativamente ao sistema online, no fundo parte do interesse deste poderoso editor de níveis. O conceito do jogo é primordialmente a edição, contendo no entanto um modo de jogo denominado Desafio Super Mario, que é no fundo um convite para os jogadores mais preguiçosos ou que não possuem tanto talento para a edição de níveis, podendo simplesmente jogar sem passar por grandes preocupações, pois há que referir que até criarem um bom nível terão que criar e apagar imenso. Além disso, um nível começado não fica tão depressa terminado.

Pese embora a integração de um jogo produzido para a Wii U no formato portátil, não deixamos de estar perante a mesma produção, ainda que a Nintendo tenha levado a cabo a tarefa de criar novos níveis e adicionar muitos criados pela comunidade, oriundos da versão Wii U, o que é sempre valioso no sentido do reconhecimento. E no essencial não modificam o tipo de experiência. A diferença desta vez é que fica a sensação da Nintendo ter dado preferência pela componente "single player", convidando o jogador a experimentar níveis criados e a partilhar menos com o mundo e mais com os amigos que estão por perto, dado que o sistema de partilha se restringe ao local. Desta forma é praticamente impossível jogar níveis específicos e seleccionados com base nas preferências e em conformidade com a produção da comunidade. Se a ideia do original passa pelo lema da criação e partilha online dos níveis editados pela comunidade, com um poderoso sistema de pesquisa, o corte neste quadro para uma redução de níveis apresentados de forma quase aleatória quebra muito do estímulo e faz desta versão 3DS uma edição manca e algo amputada das qualidades que determinam o sucesso da iniciativa (algo inédita da Nintendo) projectada para a Wii U.

Do lado positivo estão desde logo as lições básicas e avançadas. Aqui a Nintendo andou bem. Servindo de guia a jogadores menos acostumados ao editor, logo ao começar somos apresentados a duas personagens que nos ajudam a compreender melhor as ferramentas de edição e criação de níveis. Se estivermos com pouco tempo podemos sair e voltar mais tarde. Na prática eles mostram-nos como o sistema de edição é o mesmo e que desta vez tem a vantagem de se encontrar aberto, ou seja, podem começar a criar mais coisas logo à partida que dantes não podiam, como os famosos níveis debaixo de água.

Com as medalhas adquirem mais itens nos desafios Super Mario. Algumas são bem difíceis de lograr.

As lições do Pombo Yamamura e a senhora Machiko são eficazes diante de uma audiência juvenil. Por vezes as explicações são morosas e óbvias, podendo ser até passadas à frente se souberem do que se trata, mas até os mais adultos e experientes não deixarão de querer acompanhar as lições avançadas nos capítulos derradeiros do "tutorial", justamente por funcionarem como um incitamento à criação, abrindo luzes sobre o processo criativo e como podem criar níveis desafiantes, algo que fez falta na versão para a Wii U. Pelo menos foi por aqui que fiquei a saber que podia fazer mais coisas com os objectos, quando antes me parecia difícil. A tradução para português ajuda, especialmente os mais novos. Além disso, a integração é particularmente eficaz, pois não só assenta em explicações, no seu sistema mais básico, como na vertente avançada convida o jogador a completar um nível, partindo depois para o comentário sobre as suas peculiaridades.

Dá a sensação de que a Nintendo escutou as críticas dos fãs relativamente ao original. A outra vantagem desta edição é a disponibilidade de muitos conteúdos. Isso retira aquele processo algo monótono de ser preciso aguardar dias e cumprir objectivos até se ter por exemplo o modelo de New Super Mario Bros ou de Super Mario World. Ter muitas coisas logo de início com que trabalhar e editar é bem mais cómodo. Mas nem tudo está disponível. O desafio Super Mario oferece vários níveis ao longo de 18 mundos, com recompensas no final. É a forma mais tradicional de encontrar níveis equilibrados e justos - ao experimentar um dos Níveis Mundiais criados pelos utilizadores tive a sorte de me sair em "calha" um daqueles altamente complexos e repletos de sistemas delicados -, embora encontrem níveis temáticos, muitos deles baseados em técnicas que requerem algum controlo em concreto. Ao completarem os níveis dos 18 mundos guarnecem sobremaneira o editor. Mérito nisto e talvez uma das melhores componentes do jogo, melhor desenvolvida até que na versão Wii U, atendendo desde logo ao tamanho do conteúdo.

O Desafio 100 Marios leva-nos a experimentar muitos níveis criados pela comunidade através da versão Wii U. A Nintendo escolheu aqueles que no seu entender proporcionam um bom desafio, pondo o jogador à prova constantemente. Dispõem de 100 vidas, o que significa que podem sair e voltar mais tarde caso estejam a sofrer numa parte mais delicada, aliviando o peso da frustração. Mas diga-se que estes níveis foram bem escolhidos, pelo que não encontram dos mais tenebrosos. Esses sim já os podem encontrar na secção "recomendados". Trata-se de uma base online de níveis aprovados pela Nintendo, passível de actualização constante. Sò que com ela desapareceu a possibilidade de efectuar carregamentos dos nossos níveis e realizar uma pesquisa avançada, usando critérios como a região e os utilizadores para jogar mais níveis. A Nintendo não apresentou qualquer justificação para isto, o que nos deixou tristes pela decisão, precisamente por ver cortada uma das maiores bandeiras do jogo, a partilha online e o poderoso sentido de comunidade.

A estética Super Mario World continua belíssima na 3DS.

Em termos visuais Super Mario Maker consegue impressionar ao correr de forma eficaz e fluida numa consola portátil (jogámos na New Nintendo 3DS). Um dos êxitos da série é justamente a fluidez e a cadência de frames por segundo. Nada disso sai beliscado. A diferença está na percepção de um maior "granulado" que só muito ao pormenor se detecta quando projectam os níveis no quadro New Super Mario Bros U (nos restantes o desempenho é melhor, como que perfeito), o que apesar de tudo diz bem desta adaptação. Claro que se quiserem jogar a melhor versão graficamente e só por isso a escolha vai para Mario Maker na Wii U.

Enquanto que Mario Kart 7 se posicionou como um dos melhores títulos na fase de lançamento da 3DS, justamente por possibilitar boas e acesas competições online, é um tanto estranho que Super Mario Maker, orientado para o processo de criação e partilha de níveis online, se apresente neste "port" 3DS com uma grande limitação na funcionalidade online e não possibilite o usufruto dessa experiência. A Nintendo não explicou se é uma forma de evitar que menores possam encontrar níveis editados de forma imprópria ou se existe limitação em termos de hardware (o que não nos parece) ou dos servidores. O primeiro caso seria facilmente contornado através de um sistema de pré aprovação. Ao optar pelo corte da partilha online, a Nintendo volta a ir de encontro a mais uma decisão algo difícil de aceitar e que não deixa de ser um tanto estranha num jogo que deveria prevalecer o conceito de comunidade e partilha.

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As ferramentas estão agora disponíveis em formato portátil e o poderoso editor de níveis 2D de Super Mario pode novamente levar longe os mais criativos mas também os principiantes, já que o sistema de lições e a abertura dos conteúdos desde o começo do jogo transmitem os passos necessários para se criar com sucesso e sem desmotivação, através de parâmetros simples e acessíveis. Numa consola mais pequena, que não XL, poderá haver mais dificuldade pelo tamanho em lidar com os níveis. Já numa 3DS XL ou New 3DS as limitações em termos de tamanho não são tão perceptíveis. Por último, se não estiverem voltados para a criação de níveis podem sempre calcorrear os múltiplos desafios criados pela Nintendo, conteúdo suficiente para umas boas horas de jogo. Mas teria sido outro desiderato ver reduzido a formato portátil um jogo com as mesmas proezas de Super Mario Maker na Wii U. Não atinge o pleno, o que faz desta versão um "port" com severas restrições online, condicionando um dos conceitos da versão original, a partilha. Apesar disso não deixa de ser uma boa opção pelo conteúdo que proporciona, da forma que entrega e com a qualidade que estamos habituados dos jogos Super Mario em formato "side scroll".

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