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Suicide Squad precisava de mais Joker

Mas a Harley Quinn ajudou a compensar.

Um dos filmes mais aguardados do ano, pelos menos para aqueles interessados em Super-Heróis, estreou na semana passada nas salas de cinema portuguesas. Suicide Squad (Esquadrão Suicida em Portugal) é o segundo filme do universo cinemático da DC Comics e tinha um grande peso sob os ombros: gerar uma recepção mais calorosa por parte dos críticos e dos fãs. Depois da recepção de Batman v Superman em Março, que gerou impressões mistas, a Warner Bros. e DC Comics fizeram todos os possíveis para que Suicide Squad não repetisse os mesmos erros. De facto, como filme, Suicide Squad deixa uma melhor impressão, mas há espaço para melhorar nos próximos filmes da DC Comics.

Antes de mais, é importante esclarecer que Batman v Superman e Suicide Squad são filmes com tons distintos, todavia, estão inseridos no mesmo universo e a narrativa deste último parte dos acontecimentos anteriores. Com receio de que possa surgir um meta-humano tão poderoso como o Super-Homem, mas com intenções malvadas, o governo dos Estados Unidos da América aprova a criação do Suicide Squad, um grupo de intervenção composto por vilões com habilidades fora do normal.

Uma das dificuldades que advém sempre de um filme com tantas personagens é apresentar a história individual de cada uma e dar-lhes tempo suficiente de ecrã. Batman v Superman teve dificuldades em lidar com isto devido à quantidade de personagens novas em comparação com Man of Steel, o filme anterior e que serviu de base para lançar o universo cinemático da DC Comics. Surpreendentemente, apesar do maior número de personagens a apresentar, Suicide Squad faz um melhor trabalho em dar um contexto a cada um. Tanto é que uma parte considerável da primeira metade do filme serve apenas para mostrar o percurso de cada personagem do Suicide Squad e como chegaram aquele ponto.

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Se calhar alguns podem considerar um desperdício de tempo, mas é um ponto crucial, principalmente nos filmes da DC Comics, já que esta não teve o mesmo percurso da Marvel, que investiu em filmes individuais para as suas personagens mais importantes. Em segundo lugar, embora algumas personagens do Suicide sejam relativamente conhecidas, como Deadshot, Harley Queen e Killer Croc, outras como Captain Boomerang, Enchantress e El Diablo são praticamente desconhecidas fora do ciclo daqueles que adoram bandas desenhadas. Aliás, provavelmente muitos só ficaram a conhecer a existência do Suicide Squad depois do anúncio do filme.

Portanto, inicialmente um filme deixa uma boa impressão, mas mais adiante descarrila um pouco, quase como se tivesse duas identidades diferentes. Apesar da excelente prestação de Jared Leto como Joker (é diferente da prestação de Heath Ledger, mas merece mérito), o papel do eterno inimigo de Batman para o enredo não é completamente evidente. É quase como se o Joker tivesse sido incluído apenas para gerar interesse no filme e causar confusão. Não interpretem mal, a presença do Joker é positiva, mas estávamos à espera que tivesse mais importância. Por outro lado, é possível que o Joker tenha sido introduzido em Suicide Squad para depois ter um papel mais relevante num próximo filme da DC Comics.

Os trailers davam a entender que o Joker teria um papel mais relevante.

Uma maior envolvimento do Joker poderia ter resultado num filme melhor, até porque para um filme sobre um grupo de super-vilões, Suicide Squad precisava de ser mais ousado. Os trailers prometiam um filme de atmosfera negra com um tom cómico, e apesar de haver momentos genuinamente engraçados (em grande parte graças a Margot Robbie no papel de Harley Quinn), algumas piadas parecem forçadas e parecem ter sido gravadas apenas para aparecerem nos trailers. O problema não está na atmosfera negra nem na parte cómica, mas sim na inexistência de uma sinergia entre estas duas partes. Daí parecer que o filme tem duas identidades diferentes.

Apesar de aparecer pouco, o Joker consegue ser muito mais interessante e brilhante do que o vilão escolhido para o filme. A introdução do vilão é demasiado breve e sucinta, deixando a sensação de que ficaram ali coisas por explicar. Isto acaba por prejudicar o resto do filme, em parte porque não percebemos em pleno as motivações do vilão (as razões que o filme apresenta são demasiado banais), e por outra parte devido a uma má escolha para o papel. Ou seja, o Suicide Squad tinha os ingredientes certos para dar resultado, mas estranhamente focou-se nos seus elementos piores e acaba por passar uma imagem menos positiva.

"Suicide Squad tinha imenso potencial, mas algures pelo caminho, esse potencial dispersou-se"

Margot Robbie, que no filme faz de Harley Quinn, é brilhante em todas as cenas que aparece. Will Smith não fez um mau trabalho como Deadshot, mas não conseguiu adaptar-se por completo à personagem e o seu desempenho acaba por ser demasiado parecido com outros filmes nos quais participou. Entre os outros actores, destaca-se Killer Croc, embora fale pouco, e Captain Boomerang, sobretudo pela parte cómica. O grupo de actores que a Warner Bros. reuniu é de alto calibre e, no geral, o filme consegue criar uma sinergia positiva entre todos. Aliás, como filme de introdução a este grupo de super vilões e anti-heróis, faz o que é suposto fazer, mas nunca chega a ser brilhante.

Suicide Squad tinha imenso potencial, mas algures pelo caminho, esse potencial dispersou-se. Embora deixe uma melhor impressão do que Batman v Superman, que era confuso e tinha problemas de enredo, nomeadamente cenas mal explicadas e com pouca ou nenhuma lógica, Suicide Squad tem margem para ser melhor. É entusiasmante ver este grupo de personagens juntas no cinema, mas a história precisava de "sal". O vilão pode ser extremamente poderoso, mas não tem grande impacto. A acção, que devia ser um dos melhores aspectos do filme, rapidamente se torna repetitiva. Mesmo a sequência final, que está mais elaborada do que as restantes, deixa a desejar. Ainda assim, não é um filme mau, mas com o orçamento e recursos disponíveis, tinha obrigação de ser melhor.

Para 2017 já estão na calha vários filmes da DC Comics, por isso enquanto fãs, resta-nos esperar que a Warner Bros. tire apontamentos e aproveite o potencial que o seu universo tem para o cinema. Com Suicide Squad saímos do filme com sensações mistas. Estamos contentes que o filme exista e há pontos positivos a destacar (mas há outros tantos negativos), no entanto, olhando para o que a Marvel já fez, sabemos que a DC Comics pode fazer melhor.

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