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Street Fighter II: The World Warrior - Análise - Virtual Console Wii U

O começo de uma lenda.

Poucas séries ilustram tão bem ou tomam de assalto um género ao ponto de se confundirem com ele. É o que sucede com Street Fighter e o género dos "fighting games". Quem pensa em Street Fighter associa imediatamente aos fighting games, e quem pensa em fighting games, a primeira série que traz à memoria pode muito bem ser Street Fighter Claro que o género está longe de se resumir a esta franquia central da Capcom, cuja evolução, ao longo dos tempos, tem sido exemplar e sempre com o selo de qualidade. Estaria a enganar-me se não dissesse que esta é uma das minhas séries favoritas de sempre, embora a SNK, a grande SNK de meados dos anos noventa, tenha produzido as experiências que mais me marcaram, ao ponto de ainda hoje inserir os pesados cartuchos na Neo Geo AES, nomeadamente King of Fighters 98, Garou Mark of The Wolves, dois jogos que considero perfeitos sob o ponto de vista do equilíbrio, design, cenários, personagens e densidade de jogo.

Porém, não é por acaso que ocorre este cruzamento da série da Capcom com o género. Há razões para isso e esta versão The World Warrior, de Street Fighter II, materializa muitas ideias que se tornaram em bases sólidas ao longo desta segunda engrenagem na série. O processo das combinações, assim como os golpes de punho e pés, subdivididos pelas categorias leve, médio e forte, ditaram todo um jogo de possibilidades e articulações, culminadas nos combos.

Torneio mundial.

Em boa verdade, este jogo marca o começo de uma lenda e sobretudo a ideia do jogo competitivo, no qual dois jogadores se confrontam no mesmo palco, recorrendo a diferentes personagens com diferentes movimentos. A partir daqui assistimos a uma massiva explosão de jogos de luta, dos quais resultaram muitas séries de renome, como Final Fight e King of Fighters, só para citar alguns exemplos.

The World Warrior revelou-se fundamental no processo de escolha de lutadores. Ao dar ao jogador a oportunidade para escolher várias personagens, havia uma liberdade tremenda por comparação com os jogos de luta editados no final dos anos oitenta. Acrescendo a isso os golpes especiais praticados pelas personagens, o cerne da jogabilidade foi alargado até níveis então impensáveis. Nesse processo de grande abertura, era normal ocorrer alguma desorientação sobre as capacidades dos diferentes lutadores e isso levou a que muitos jogadores preferissem dar maior atenção a lutadores com um estilo mais fácil, como Ryu, Ken ou Guile. Blanka e Zangief eram menos utilizados por quem chegava à série, mas quem deles extraía o seu extenso e especial rol de ataques, ganhava uma projecção de ataque capaz de causar mais dificuldades nos jogadores menos versados.

Chun-Li é a única mulher no jogo.

Ao todo, o jogador dispunha de 8 personagens seleccionáveis. Era já um bom grupo, que tinha essa particularidade de oferecer diferentes estilos de movimentos e golpes, mas sem que nenhuma destas personagens fosse realmente superior à outra. Aqui se vê como em 1992 a Capcom atingiu um ponto de equilíbrio que se viria a tornar num modelo a seguir por outras produtoras. Os desafios entre dois jogadores ganhavam assim uma especialidade, sendo que o jogador mais evoluído tecnicamente conseguia projectar grande solidez defensiva e ofensiva, a partir de qualquer personagem. No desafio contra o computador, os jogadores tinham que enfrentar os quatro grandes bosses; Balrog, Vega, Sagat e M. Bison. Nenhum deles integrava o grupo de lutadores seleccionáveis, mas ao verem os seus movimentos e golpes especiais, rapidamente os fãs solicitaram pela sua disponibilidade, o que viria a resultar num previsível upgrade à série, embora os produtores tivessem manifestado receio quando pensaram em M. Bison, cujos poderes eram realmente de outro astro.

The World Warrior fica também marcado pela inclusão da técnica "cancel". Trata-se de uma técnica que permite ao jogador travar a animação de um movimento, podendo aplicar um outro golpe de seguida, seja um golpe básico ou especial. Foi assim que surgiram os combos, articulações de combinações cujo sucesso na sua execução deixava o adversário à beira do KO. O mais curioso é que esta técnica nem foi pensada e materializada pelos produtores. Surgiu quase como um "bug". Porém, o seu sucesso foi tão grande junto dos fãs, que depressa foi adoptado por outras séries.

Zangief corpulento, o espelho da União Soviética, não receia exibir a tanga.

Por fim, não é possível abordar qualquer jogo Street Fighter II sem salientar os magníficos e icónicos cenários, sempre associados à proveniência territorial de cada lutador. É aqui que vamos descobrir o famosa base militar norte-americana, de onde provém Guile e na qual podemos ver um belo F-16 em fundo e todos os seus camaradas sentados por perto, sobre caixas de madeira, levantando os punhos cerrados em jeito de incentivo. Blanka, oriundo algures da Amazónia, revela-se num cenário onde se destacam algumas palhotas e um tronco de uma árvore gigante, decorrendo o combate sobre umas traves de madeira montadas à superfície de águas pantanosas. Na China encontramos Chun Li no que parece ser um mercado de rua, onde há pessoas a passear em bicicleta, galinhas presas dentro de gaiolas à espera de comprador, numa típica agitação de uma urbe chinesa em finais dos anos oitenta.

A atenção aos detalhes e pormenores, evidenciados na magnífica construção dos cenários, encontrou nos temas musicais a vertente áudio capaz de proporcionar um audiovisual de marca e para o futuro. Os temas de Street Fighter II são referências sonoras e ainda hoje são matéria para muitos fãs darem asas ao seu talento, sob os mais variados instrumentos.

Com Street Fighter II, a Capcom não forjou um clássico, mas sim uma lenda. Apesar da sua estrutura mais simples, Street Fighter II The World Warrior ainda é uma valiosa e equilibrada opção. Os fãs devotos da série não têm qualquer limitação em regressar a este coeso bloco de pancadaria, mas seriam as versões seguintes que haveriam de colocar a cereja no topo do bolo. Êxito comercial na Super Nintendo, chega agora nesta versão Virtual Console Wii U, pronta a ser jogada a partir do ecrã do GamePad. E claro, tragam um amigo.

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.
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