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Story of Seasons: Pioneers of Olive Town - Review - Ainda existem estações?

Da cidade para o campo.

Profundo em objectivos, embora com uma progressão a espaços monótonos, sem melhorar as anteriores experiências.

Há um ano estava em pleno alto mar em Animal Crossing: New Horizons. Recordo-me de ter chegado à Páscoa com quase cem horas no relógio de jogo e ter avançado mais algumas dezenas nos tempos que se seguiram. New Horizons foi facilmente um dos meus jogos do ano transacto e o Animal Crossing ao qual dediquei mais tempo até hoje. Creio que o associarei, doravante, ao primeiro tempo de confinamento provocado pela pandemia. Quase um ano depois, voltei a jogar dois títulos relativamente próximos entre si, embora com mais diferenças face ao jogo da Nintendo. São eles Harvest Moon: One World e agora Story of Seasons: Pioneers of Olive Town, que partilham de alguma forma o conceito de role play de acção com simulação da vida no campo e simulação da vida social. Porém, com uma diferença de qualidade bastante grande para New Horizons.

Penso que o que explica o sucesso qualitativo de Animal Crossing, especialmente junto das novas audiências e mesmo dos fãs da série, é em grande parte o design e o caricato da situação quando interagimos com aqueles animais, observamos as suas reacções e efectuamos operações de modelação da ilha. Há um humor constante, um editor bastante engenhoso e nos pequenos detalhes faz a diferença. Já Story of Seasons e Harvest Moon, ainda que robustos nos seus conceitos, apresentam-se de forma algo genérica, simplificados, como que mais orientados do ponto de vista de um almanaque de afazeres, de agricultura e da vida no campo, do que do ponto de vista emocional e estético. New Horizons é de uma beleza exuberante. Curiosamente, Story of Seasons partilha até mais algumas afinidades com New Horizons, embora os humanos estejam eles e só eles em primeira linha.

De resto, é uma série de grande tradição, que granjeia popularidade um pouco por todo o mundo. Farmville (Zynga) nunca apresentou grandes visuais, nem permitiu criar um salão de jogos na cave da casa. No entanto permitia uma interacção simples e eficaz, à semelhança de outros jogos de computador e telemóvel, pelo que se pode perceber que tanto Harvest Moon como Story of Seasons sejam mais competidores directos do jogo que começa gratuito, do que de outras produções. Certo é que Story of Seasons chega pela primeira vez à consola híbrida da Nintendo e pode ser, mais uma vez, um caso de sucesso comercial, graças às mudanças introduzidas.

O mote para o jogo está dado: trocar a cidade pelo campo.

Trocar a vida da cidade pelo campo

Escrito o nome da nossa personagem e da quinta onde passará a habitar nas próximas estações, segue-se a troca dos prédios e arranha-céus citadinos pelos verdes prados, bosques e riachos envolventes à nossa tenda, após uma viagem de lambreta. Sim, a casa da nossa personagem é uma pequena tenda, de início, mas ao fim de algum tempo dará lugar a uma grande quinta com todas as comodidades e arrecadações onde podemos recolher os animais e guardar o alimento imprescindível ao seu sustento, assim como guardar as colheitas em tempos de clima severo.

O primeiro ponto a ter em conta é que há uma actividade diária a executar. De início temos acesso aos instrumentos e utensílios de fabrico, mas para isso temos que avançar até à Vila Olive, onde existe um mercado e todo um conjunto de lojas e bancas fornecedoras do mais diverso equipamento. Alguns objectos são obtidos de forma gratuita, oferecidos por npc's. Logo podemos começar a preparar e a cultivar os terrenos, o espaço onde futuramente será construída a nossa quinta, seguindo a intenção do avô da personagem. Removidas as ervas daninhas e feito um espaço natural mais aprazível, chega o momento do cultivo e das plantações. Há uma grande quantidade de afazeres e por vezes damos conta da necessidade de nos embrenharmos a fundo a preparar os terrenos, de outro modo teremos mais dificuldade em conseguir boas colheitas.

Contudo, o aproveitamento total da terra só ocorre com a obtenção dos mais diversos utensílios, pois é a partir deles que iremos realizar diferentes cultivos e produzir diferentes géneros como milho, que poderemos dar aos animais, e ainda obter legumes e vegetais, prontos para venda no mercado e aptos a satisfazer as necessidades alimentares do agregado da nossa personagem. Como é habitual, não há um calendário de 360 dias, apenas de estações compreendidas em 28 dias, um encurtamento em prol de um avanço mais rápido. Muitas culturas só ocorrem em épocas específicas do ano e caso não fosse curto o tempo de cada estação, seria uma progressão penosa.

Um rapaz oriundo da cidade, é natural que não esteja preparado para uma pesca.

Socializar para progredir

A socialização é uma componente fulcral no desenvolvimento do jogo, e essa decorre a maior parte do tempo na vila Olive, habitada por outras personagens (ppc's), também elas embrenhadas no seu dia-a-dia. O objectivo passa por estreitar os relacionamentos. O que começa por ser uma relação tímida pode evoluir de forma gradual para uma amizade sólida, através de um preenchimento dos corações, por via de um contacto regular. Se oferecerem prendas é natural que as recebam e dessa forma possam obter bens importantes no desenvolvimento da quinta. Depois, há também as missões e objectivos associados a determinadas personagens. Enfim, um verdadeiro mundo de relações interpessoais capaz de galgar com voracidade muita da vossa dedicação ao jogo. Claro que o objectivo final passa por encontrar a vossa cara metade e constituir família, mas isso levará mais tempo.

Na passagem das estações, há eventos relevantes, festividades e ocasiões assinalados no calendário. A cada estação está associado um clima imprescindível para determinados cultivos, pois muitas das colheitas são concretizadas em diferentes períodos do ano. E chegamos ao ponto relevante da experiência que é a grande quantidade de ocupações e tarefas a realizar ao longo do dia. Muitas delas requerem uma dedicação extrema e nem todas se pautam pela actividade mais satisfatória ou gratificante. Fabricar alguns utensílios ou objectos, para além de justificar uma grande procura, ainda requer tempo na sua construção e tudo isso, ainda que mais realista e complexo, consome tempo e torna-se rotineiro. Por outra banda, vila Olive não parece tão grande como as vilas apresentadas em jogos anteriores. Não deixamos, contudo, de estar perante uma entrada na série aprofundada em objectivos e tarefas, ainda que haja momentos de monotonia e repetição em torno dos cultivos e melhoramentos da quinta.

Cover image for YouTube videoSTORY OF SEASONS: Pioneers of Olive Town - Launch Trailer - Nintendo Switch

Para chegar a que esta edição de Story of Seasons para a Switch, reforça alguns elementos dos jogos anteriores, mas ainda padece das mesmas lacunas e nalguns casos até as torna mais evidentes. Não é só a dimensão mais genérica da experiência, até porque não faltam funcionalidades na simulação da vida no campo e objectivos na socialização. Com uma progressão nem sempre aprazível e tantas vezes dotada de alguma monotonia talvez por faltar aquele toque distintivo, acresce que é uma fórmula que mexe pouco nas suas habituais coordenadas e mais parece que continuamos no mesmo jogo, em loop. Stardew Valley acrescentou alguma frescura ao género, na sua estética mais retro embora mais recortado. Pioneers of Town assemelha-se mais ao jogo da temporada do que o jogo da temporada.

Prós: Contras:
  • Simulador de vida no campo com imensas tarefas
  • Adaptação ao formato portátil da Switch
  • Actividades e festividades sazonais
  • Criação de utensílios sujeita a condições demasiado morosas
  • Loadings demorados na entrada em Vila Olive
  • Sem grandes mudanças para os jogos anteriores
  • Alguns diálogos genéricos

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In this article

Story of Seasons: Pioneers of Olive Town

PS4, PC, Nintendo Switch

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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