Skip to main content
Se clicares num link e fizeres uma compra, poderemos receber uma pequena comissão. Lê a nossa política editorial.

Spider-Man 2 - Glória ao método PlayStation Studios

Pura diversão do início ao fim.

Image credit: Insomniac Games/PlayStation
Se és fã do Spider-Man e adoras jogos com gráficos espetaculares e gameplay divertido, a Insomniac Games merece todos os teus elogios. A sequela combina narrativa e mundo aberto de forma superior ao original e é um dos melhores jogos jamais desenvolvidos pela PlayStation Studios.

A Insomniac Games tornou-se, com todo o mérito, um dos mais respeitados e empolgantes estúdios da PlayStation Studios e Marvel's Spider-Man 2 chegou para coroar esta equipa com mais um momento de ouro. É uma sequela à boa moda antiga, que mantém alguma familiaridade, mas engrandece tudo o que foi feito nos anteriores. É um jogo desprovido de elementos artificiais para dificultar a tua vida ou atrapalhar a tua diversão, e nem sequer se preocupa em inventar tretas para te manter mais tempo a jogar. No entanto, quando o largas, não consegues pensar noutra coisa.

Spider-Man 2 é a glorificação do método PlayStation Studios, aquela simbiose entre qualidade gráfica e foco narrativo, transportado para um mundo aberto que vibra com entusiasmo sem perder foco nesses dois pilares que tanto sucesso trouxeram para as consolas da Sony. Diria mais, diria até que Spider-Man 2 é a nova referência para a PlayStation Studios, carregado de lições que os outros estúdios da Sony terão de estudar, seja no equilíbrio do design ou na interpretação dos seus valores para aplicação em mundo aberto e atividades extra.

Spider-Man 2 é a arte de divertir de imediato, de criar sorrisos, de te deixar repleto de adrenalina por ainda jogares videojogos, o facto de o fazer num jogo do Spider-Man, que somente nesta era moderna de gloriosa tecnologia é possível, é a cereja no topo do bolo. Fiquei obcecado com Spider-Man 2, reforçou o já enorme apreço que tenho pela Insomniac Games e pessoalmente, acredito que é o melhor trabalho da PlayStation Studios na PS5, o melhor desde The Last of Us Parte 2.

Narrativa

Não é segredo que Spider-Man 2 aposta num tom mais sombrio, seja pela morte da Tia May ou pela chegada de um sádico caçador que apenas deseja mergulhar a cidade no caos pelo seu prazer. Se juntarmos a isto a criatura vinda de Klyntar para conquistar a Terra a comando de Knull, então está de imediato confirmado que Peter Parker, Miles Morales, Mary Jane e Harry Osborn estão no precipício de um pesadelo de proporções inimagináveis.

A Insomniac Games criou a sua própria versão destas personagens, o que lhe permite desfrutar de grande liberdade criativa e apesar de mostrarem versões originais delas, não se esquecem do respeito e da homenagem aos melhores momentos. Personagens como Lizard, Kraven e Venom surgem na interpretação da Insomniac da sua essência, mas sentes que estão tão próximos do que são nas bandas desenhadas que empolga a credibilidade destas versões. Especialmente neste envolvimento gráfico tão arrebatador.

Como certamente já viste, Peter eventualmente ficará na posse do fato de Klyntar e isso terá impacto no gameplay e na narrativa. A violência que desperta nele vai afetar a sua relação com os seus mais queridos e poderás ficar surpreendido com alguns momentos gameplay que resultam disso. Spider-Man 2 está cheio de surpresas e a Insomniac Games foi engenhosa ao criar uma inesperada simbiose entre a narrativa e o gameplay.

Tens momentos surpreendentes de gameplay que diversificam a experiência de jogo, tens boss fights divertidas que testam a tua destreza, tens cenas que quase transformam Spider-Man 2 num jogo de género diferente e tens atividades opcionais que desta vez chegam com um perfume próprio, tudo isto sempre com a narrativa em primeiro plano.

Para ser mais específico, tens as esperadas tarefas opcionais, como bases dos caçadores do Kraven, drones que perseguem vítimas específicas, puzzles de cariz ambiental com Peter, missões da Academia Vision para Miles que envolvem pouca violência, missões do bom vizinho Spider-Man e até missões de história opcionais relacionadas com um culto.

Todas estas atividades secundárias terminam com cutscenes e narrativa própria, que tornam muito mais gratificante a tarefa de recolher colecionáveis ou explorar estas missões extra. Ver tudo terminar com uma cutscene própria, na sua maioria relacionada com a expansão deste universo Spider-Man da Insomniac é espetacular, pois revela cuidado e esforço para lhes conferir valor e não expandir artificialmente a longevidade.

Spider-Man 2 pode ser terminado em 20h e em 26h alcanças a Platina, se ficares obcecado com o jogo como eu fiquei ao ponto de nem conseguir dormir porque só queria jogar, mas o equilíbrio entre escala, gameplay e longevidade é tão bom que sentirás prazer nesta diversão e no engenho usado para equilibrar tudo. Além disso, ao completar tarefas de bairro sobes o seu nível e ativas a viagem rápida (sim, agora esta funcionalidade é desbloqueada progressivamente e não ao alcançar uma torre qualquer).

Ver no Youtube

Gameplay e design

Spider-Man 2 leva-te novamente para Manhattan, mas a sequela cresceu com a introdução de Brooklyn, Queens, Astoria, Coney Island, o que significa uma boa quantidade de novos locais com as suas próprias atrações para expandir o gameplay em mundo aberto que viste nos dois jogos anteriores. A experiência tem uma forte dose de familiaridade, mas a forma como a experiência está estruturada e os elementos visuais foram traçados, nunca se passa tempo suficiente no mesmo sítio para sentir que faz parte do mesmo mapa de sempre.

A Insomniac não podia simplesmente levar Peter Parker para Paris, a esmagadora maioria das suas desventuras decorrem em Nova Iorque e é isso que tens, uma cidade expandida repleta de novas atividades e uma narrativa que destaca esses novos locais. Com o mapa expandido, a Insomniac apresentou o novo sistema de planar com as teias, o que permite percorrer a grande velocidade o mapa. Além disso, a experiência está desenhada para ativar gradualmente a viagem rápida, o que te incentiva a explorar e criar hábito com os sistemas gameplay para navegar entre missões.

É muito divertido e a exaltação de percorrer esta Nova Iorque com estes sistemas gameplay é tal como senti no tempo que tive com a demo, planar não substitui o baloiço com a teia, é um complemento que injeta adrenalina na travessia do mapa e torna este mundo aberto numa experiência muito específica e difícil de igualar noutro jogo, mesmo que estes sistemas não sejam originais ou revolucionários. Até poderás sentir que com o sistema de planar, a Insomniac Games provou decididamente que é possível criar um jogo do Superman e a dada altura até poderás sentir que deram todos os argumentos para isso ser feito.

É diversão pura e imediata percorrer estes locais com o baloiço de teia em teia, mas quando entras num túnel de vento com o novo sistema e viajar incrivelmente rápido pelos vários distritos, é quando sentes como engrandecida foi esta experiência com Spider-Man 2.

É simplesmente divertido baloiçar ou planar pela cidade, para sermos surpreendidos por uma cena memorável a qualquer momento, enquanto participamos nas atividades opcionais que te fazem querer jogar mais e mais | Image credit: Insomniac Games

Combate e habilidades

O sistema de combate em Spider-Man 2 está englobado nessa missão de alcançar uma sequela de tom familiar, mas melhor e mais espectacular. Agora tens duas personagens, com as suas habilidades próprias, e apesar do combate que a todo o tempo relembra o que a Rocksteady Studios fez em Batman Arkham, a dificuldade cresceu, tens novos inimigos que te forçam a variar os comportamentos e no geral, os teus reflexos são testados com maior frequência e poderás dar por ti a perder muito mais vezes do que no primeiro ou Miles Morales.

Peter e Miles têm uma árvore de habilidades comum que permite desbloquear habilidades extra para os combates, mas também têm habilidades próprias desbloqueadas na sua própria árvore. Graças ao fato simbionte, Peter tem habilidades mais brutais e violentas que representam o crescer da sua fúria, com o patrocínio da criatura vinda do espaço. Ativar a habilidade Ultimate com Peter é espetacular, vê-lo a desferir golpes super violentos que derrotam qualquer adversário rapidamente é uma bela forma de realçar a engenhosa simbiose entre narrativa e gameplay.

Não há como negar que Spider-Man 2 é uma experiência que preserva muito do que é familiar, mas a Insomniac Games esforçou-se para elevar todos os sistemas para novos patamares. Seja naquelas brutais setpieces altamente dinâmicas que te deixam empolgado e sempre à espera do que vai acontecer, ou no testar dos teus reflexos ao alternar constantemente e rapidamente entre inimigos que exigem ataques próprios para triunfar. Spider-Man 2 também cresce com o contra-ataque, é uma forma de travar golpes específicos e serve como um desafio extra, mas ao mesmo tempo é mais uma arma interessante no teu arsenal.

Tal como o design em mundo aberto e as atividades opcionais, o sistema de combate e o desbloquear das habilidades está desprovido de qualquer elemento artificial para te fazer manter aqui mais tempo e ver o relógio aumentar o tempo de jogo. É algo para o qual a Insomniac Games se esforçou.

Ver no Youtube

Gráficos

A Insomniac Games é conhecida como uma autêntica pérola que desenvolve jogos divertidos, com gameplay acessível, cuja qualidade gráfica te deixa a bater palmas e altamente contente pelo investimento numa boa TV com HDR. Na PS5, conseguiram demonstrar isso com Miles Morales e especialmente com Ratchet and Clank: Uma Dimensão à Parte, mas Spider-Man 2 chegou para se juntar aos seus poderosos feitos gráficos.

Sim, na imensa cidade que tens à tua frente, terás um NPC ou a lateral de um prédio com uma textura de menor qualidade, mas na esmagadora maioria do tempo, Spider-Man 2 é uma sucessão de "momentos kodak" para mais tarde recordar. Desde o uso da HDR, iluminação, texturas nos fatos e as faces das personagens, a Insomniac Games consegue algo que só pode ser recebido com os melhores elogios.

Existem momentos fenomenais ao longo da narrativa e nem estou a falar nas cutscenes, essas nem merecem menção. Falo mesmo do simples ato de baloiçar pelo mapa de jogo, com a alvorada ou crepúsculo a mergulharem a cidade num laranja esplendoroso, por exemplo. Falo do constante movimento pelas ruas, da forma como a cidade muda de atmosfera de acordo com o que se passa na história. A escala macro quando estás nos céus é impressionante, olhar à tua volta e ver as várias partes da cidade, mas quando transitas rapidamente para a escala micro e tudo mantém a sua consistência e credibilidade, é impossível não ficar rendido.

É mais um belo exemplo de como a Insomniac Games conseguiu um equilíbrio que conquista. A cidade não é pequena, mas também não é demasiado grande, e apesar de parte do mapa regressar, é como Zelda: Tears of the Kingdom, sentes que há tanto de diferente que nem pensas que estás a percorrer alguns dos mesmos locais. O design da interface e das novas atividades contribuiu de forma muito eficaz para isso.

Graficamente, estamos perante mais um admirável feito da Insomniac Games, o que já nem sequer é uma surpresa. | Image credit: Insomniac Games

Conclusão

Marvel's Spider-Man 2 é um hino à diversão e à tecnologia, acima de tudo, é um hino ao método PlayStation Studios. A Insomniac Games merece parabéns pela forma como foi além do original ao corrigir os seus problemas e casar com maior eficácia o design em mundo aberto num equilíbrio para engrandecer o foco na narrativa e fortes ambições gráficas. É um deleite para a vista, o gameplay é acessível mas super divertido e a forma como são usados os easter eggs e fan-service para tornar até o conteúdo opcional praticamente obrigatório é uma lição para o resto dos PlayStation Studios.

Prós: Contras:
  • Qualidade gráfica espetacular
  • Gameplay divertido e acessível que conquista de imediato
  • Boas boss fights
  • Imensos momentos gameplay inesperados
  • Maior dificuldade nos combates
  • Uma narrativa envolvente e das melhores da PlayStation Studios
  • As atividades opcionais encerram todas com a sua própria narrativa e cutscenes
  • Atividades opcionais interessantes com bom equilíbrio na quantidade
  • Não existe prolongar artificial do tempo de jogo
  • Eventualmente acaba
  • Quando acaba, ficas a pensar no que está para vir e a pedir mais
  • Quando acabou não sabia o que fazer comigo mesmo

Read this next