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Sonic Boom: Shattered Crystal

Regresso às plataformas 2D.

Com algumas remasterizações e colecções no seu currículo, bem como algumas produções para a Wii, das quais se destaca a aventura Mystery Case Files: The Malgrave Incident, o estúdio californiano Sanzaru Games Inc. não é propriamente novato nestas andanças, embora a batata quente que lhes tenha ido parar às mãos por força do acordo entre a Sega e Nintendo, os tenha levado a desenvolver a versão para a 3DS de Sonic Boom, denominada Shattered Crystal.

Sendo óbvias as dificuldades por que passam os estúdios ocidentais e mesmo a Sonic Team, todas as vezes que são chamados a programar um jogo que tem Sonic e seus camaradas como personagens centrais, Shattered Crystal, infelizmente, não escapa a mais uma tentativa de reconstrução de um dos grandes clássicos de plataformas, desiludindo significativamente, sobretudo à luz dos que esperavam um jogo forte e capaz de sobreviver à jogabilidade sofrível de Rise of Lyric.

Apesar disso, Shattered Crystal é o menos mau dos dois jogos. O jogo revela uma organização de ideias um pouco mais clara, em favor dos puzzles e das plataformas, resultando por isso num jogo que apesar das suas falhas e limitações ainda consegue entreter. Mas não esperem nada de especial. Um título minimamente competente e satisfatório e que só ocasionalmente revela melhorias.

Nalgumas secções encontram este elástico, tipo fisga, que atira uma personagem para outro ponto do cenário, prosseguindo aí a acção mas por vezes sem possibilidade de retorno à área anterior.

Uma das grandes diferenças entre Shattered Crystal e Ryse of Lyric é precisamente a perspectiva de jogo. Enquanto que o último assenta num mundo completamente tridimensional, podendo ser palmilhado sem grandes condicionalismos, o jogo para a 3DS retoma a velha perspectiva 2D dos clássicos, um 2D e ½ se considerarmos o tratamento tridimensional dado às personagens e cenários, com navegação horizontal e vertical. Contudo, os níveis divergem muito em termos de tamanho. Alguns deles foram criados de modo a causar uma "speed run" (baseados em túneis mas pouco inspiradores) enquanto que outros, muito mais extensos, prolongam-se tanto horizontal como verticalmente, com múltiplas áreas interligadas e que por isso requerem um constante acesso ao mapa para melhor se compreender o avanço até à meta. Não é exagero que possam precisar de 20 ou 30 minutos para completar só um deles, isto se quiserem aceder a todos os coleccionáveis, como "badges", cristais e outros que permitem desbloquear novas áreas mais à frente.

Embora a extensão gigantesca dos níveis seja inicialmente um ponto favorável levando-nos a pensar nos modelos de Castlevania ou Metroid, Shattered Crystal não parece muito talhado para este tipo de jogabilidade. O design algo simples e previsível não ajuda e não poucas vezes chegamos ao fim do nível com alguma sensação de alívio, sensação essa desfeita imediatamente a seguir, depois de sabermos que nos falta mais um coleccionável, imprescindível para abrir um novo nível. O jogo incentiva à exploração, mas desta forma, obrigando o jogador a percorrer todos os níveis na sua maior extensão torna-se cansativo e decepcionante.

Em Shattered Crystal o jogador volta a controlar diversas personagens, num sistema algo similar ao de Ryse of Lyric. Só que em vez de as ter totalmente disponíveis desde o começo, as personagens vão sendo desbloqueadas, sendo que cada uma possui uma especialidade em termos de movimento, introduzindo nuances na jogabilidade, num convite a experimentar níveis anteriores. É fácil descobrir o espaço perfeito de actuação de cada uma delas, ainda que através do d-pad possamos transitar entre elas instantaneamente e assim experimentar algumas soluções quando o quadro se configurar como menos óbvio. Por exemplo, o estreante Sticks serve-se de um bumerangue para atordoar inimigos mas também activar certos mecanismos.

Grafismo limpo mas com um design pouco apelativo.

Sonic utiliza o "dash" para rebentar cubos azuis e Tails ganha algum poder de voo, especialmente nos túneis de vento. Mas tal como disse atrás, apesar de bem implementados e funcionáveis, estas acções revelam-se úteis em contextos sistematicamente óbvios, num desafio algo modesto e previsível. Bom para os mais pequenos, mas uma audiência adulta dificilmente encontrará resistência nos puzzles e nos obstáculos. Perde-se mais tempo na procura dos coleccionáveis e na pesquisa do caminho certo para lá chegar do que noutro sistema mais entusiasmante.

Nesta versão portátil de Sonic Boom não vão encontrar aquelas tiradas frustrantes das personagens todas as vezes que realizavam alguma acção com espectacularidade. Muitos diálogos são oferecidos em texto, numa narrativa que pouco convence (a Amy foi raptada por Lyric). Neste capítulo a melhor opção é mesmo seguir um livro "comic" na secção dos opcionais. Em termos gráficos, não estamos diante de um jogo conquistador, sendo que a simplicidade das construções e a perspectiva 2D garantem uma experiência fluida, rápida e sem quebras ou abrandamentos, um dos melhores pontos do jogo.

A diferente construção de Shattered Crystal relativamente a Rise of Lyric revela uma melhor acomodação dos sistemas e mecânicas de jogo a uma plataforma portátil, mas ainda assim é um jogo muito aquém do recomendável. Restam alguns opcionais, numa ligação à Wii U a render jogo extra, mas é bom que tenham em mente as limitações deste jogo antes de porem nele o vosso dinheiro. Felizmente a 3DS está repleta de grandes jogos, pelo que poderão pensar muito bem qual o jogo que melhor se enquadra nas vossas preferências.

4 / 10

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Sonic Boom

Nintendo 3DS

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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