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"Sem esperanças ou sonhos, não tenho piedade"

"Tenho que agarrar o dinheiro, tenho que agarrar a massa!"

É assim uma coisa estranha e curiosa mas ao mesmo tempo simplesmente arrebatadora e demasiado contagiante para sequer ousar contrariar. Falo da banda sonora do mais recente produto do Platinum Games que é do mais fenomenal que podem esperar ouvir em qualquer videojogo lançado nos tempos recentes: com esta capacidade sonora qualquer um desiste de estar sentado no sofá a jogar, a vontade é mesmo dançar pela sala enquanto a coluna bombeia volume. Quase que nos dá vontade de imitar um membro dos Take That nos seus mais do que inspirados vídeos, ou não! A isto juntem a pura da anarquia por todos os cantos do ecrã enquanto jorram rios de sangue e bestas mutantes investem contra vocês e a vossa moto-serra simplesmente parece não saciar a sua sede de violência. Apetecia-me algo de bruto e másculo com altas doses de estilo...tomei a liberdade de pensar em Anarchy Reigns!

Vocês ainda não o sabem mas o Platinum sabe que vocês o querem por isso parem de se armar em difíceis. Existem verdadeiras pérolas que encaixam na perfeição em todo o espírito e personalidade do produto visionado por Atsushi Inaba. A componente sonora de Anarchy Reigns é do mais brutal que podem esperar encontrar num videojogo de ação pura e dura. Acima de tudo não se esqueçam que esta é a cidade do Platinum e se são fãs dos produtos deste estúdio então nem pensem duas vezes se esta anarquia é para vocês, certamente é. Um novo universo centrado num mundo pós-apocalíptico que recupera o mundo de MadWorld (exclusivo Nintendo Wii) e algumas das suas personagens para as inserir junto de novas personagens num novo beat'em up que em Japonês se diz como "Makkusu Anākī".

Aqui o objetivo é mesmo matá-los a todos e não pode restar ninguém de pé, a não ser Jack ou Leo. Estes são os dois protagonistas neste novo jogo de pancadaria que nos coloca numa campanha dividida em dois lados: Black e White. O primeiro corresponde ao personagem que regressa de Madworld e o outro ao novo personagem. Optei por Leo, quando experimentei a demonstração do jogo escolhi logo Leo e a sua agilidade agradou-me. Leo pertence à divisão especial da unidade cibernética da polícia e este mundo desolado acabou de ficar pior quando Max, o seu mentor e figura paternal, é acusado de matar a sua mulher. Junto dos restantes membros da unidade Leo vai percorrer quatro capítulos de história para o capturar, ou pelo menos descobrir a verdade.

Pelo meio, e antes de iniciarem esse lado da história, vamos conhecer Jack, o caçador de prémios que regressa do clássico de culto a preto e branco da Nintendo Wii que dá pelo nome de MadWorld. O lado da campanha de Jack não tenta ser tão intenso emocionalmente que o de Leo (que nem o consegue) e até consegue ser mais cómico. Que dizer do encontro com Blacker Baron com as suas tiradas cómicas ou de Rin Rin que juntamente com as suas irmãs imprime uma enorme variedade ao leque de personagens. Se Sasha e Nikolai não conseguem cativar ao lado de Leo, Jack já parece mostrar um mundo habitado por personagens mais estranhas e cómicas.

Não é mistério nenhum que o orgulho do Platinum costuma ser a jogabilidade e a correspondente profundidade. As mecânicas de jogo e tudo o mais que as acompanham são tradicionalmente o grande foco do estúdio Japonês e acima de tudo procuram criar produtos únicos e com capacidade para marcarem quem se identifica com eles. Tal como em Bayonetta e Vanquish, tanto os personagens principais como os bosses, como o mundo, e todo o estilo que está impresso na jogabilidade são alvos de cuidadosa atenção que revela uma loucura fora do comum nesta indústria e que apesar de toda a estranheza que podem causar, não são fruto do acaso e funciona tudo em incrível sintonia.

A história não é o mais importante em Anarchy Reigns e por vezes parece desconexa mas por algum estranho motivo mantive-me atento e a desejar mais avanço nos acontecimentos. De igual forma fiquei fã de Leo e do mundo aqui apresentado. Jack conquistou-me aos poucos mas todas as personagens que fui encontrando nos dois lados do enredo foram verdadeiramente fascinantes. O carimbo Platinum está bem patente em todos os poros do jogo e se Atsushi Inaba é uma espécie de herói pessoal, com este jogo andei como uma menina de claque a saltitar pela casa a gritar INABA (simular de sotaque Japonês samurai completamente necessário). Li por aí que existe uma terceira vertente da campanha com a sua cor respetiva e estou ansioso por lá chegar

Nós jogamos e adoramos, não há nada como isto. A jogabilidade é fácil de assimilar e as diferenças nos comportamentos e ataques dos personagens trazem para a mistura uma incrível dose de profundidade. Se Jack é lento e mais brutal, Leo é mais ágil e gracioso. Existe um grande leque de personagens para conhecer e se Big Bull é um tractor bruto, já Sasha parece uma princesa do gelo a movimentar-se pelos combates. Estes são fáceis de travar: dois botões para ataques, um para os monumentais grabs (então as execuções aos mutantes com Jack é linda de se ver), e outro para saltar. Existe um botão de defesa que associado a uma direção funciona como um desvio dos ataques e existe a possibilidade de desencadear dois combos violentíssimos cheios de estilo associados a um botão e a uma barra de poder que se enche à base da porrada.

Quando derem por ela nem querem mais saber dos gráficos bem abaixo do desejável, nem da estrutura de progressão que nos pede para matarmos inimigos ou cumprirmos missões livres para obter pontos. Quando temos os pontos suficientes podemos entrar numa missão de história (3 livres e 3 de história por capítulo num total de quatro) e assim progredir. Existem bosses gigantes para enfrentar e momentos deliciosos para viver. Aqui vamos nós conhecer confrontos puramente loucos contra lulas gigantes e até cavalgar em cima de mutantes. Sempre que possível apanhem armas que vos oferecem uma vantagem no campo de batalha e mais do que um treino para o multijogador, conheçam um irreverente e violento mundo que parecia destinado a existir (parece que agora não faz sentido que Anarchy Reigns não existisse, como se precisasse dele sem sequer o saber).

Provavelmente quando os vossos olhos passarem por estas linhas já terei avançado mais no jogo e assim conto passar o meu fim de semana, completamente mergulhado na anarquia. Até porque por aqui já se desespera pelo próximo trabalho do estúdio, na forma de Metal Gear Rising: Revengeance e até lá existe muito para viver e conhecer em Milvalen.

Reparem só na banda sonora...

Entretanto vou-vos ser completamente honesto, de momento ainda só tenho 22% dos meus Troféus e nem sequer entrei no modo multijogador. Aderi de imediato ao modo para um jogador e entrei de "chancas" neste novo universo. Claro que depois passei pelo modo tutorial, nem que fosse para adquirir o respeito troféu. De momento já vou a caminho de terminar a campanha em Normal com ambos os lados mas já a pensar em como vou usar os conhecimentos aprendidos para abordar o modo Difícil. Nem que seja porque me vou esfalfar todo para sobreviver.

Anarchy Reigns tem aquele toque magistral Platinum: paixão ao primeiro contacto com o jogador a sentir que está perante algo cheio de estilo e único, um verdadeiro videojogo fruto de pura paixão Japonesa. Um jogo fácil de aprender os básicos mas que nos incentiva quase sem esforço a desejar saber e fazer mais para dominar um esquema de combate que nos desafia e conquista. Depois vem o modo multijogador onde a presença de outros amantes do trabalho Inaba e equipa trazem para a mesa uma louca variedade de possibilidades.

Este é um jogo que parece ter vindo do passado para deixar uma paixão pelo futuro. O simples e puro prazer de saborear um videojogo pelo que ele é: a diversão e a sensação que nos oferece enquanto jogamos. Pode não ter o impacto do AAA, que de momento parece viver com pretensões já banais, mas tem todo o aroma de clássico de culto que vai marcar quem nele pegar. Entretanto não se esqueçam, até na vossa anarquia é preciso uma casa de Jazz, o mais fantástico é Anarchy Reigns ser o relaxamento do dia-a-dia.

Antes de terminar: Soem o Alarme, é possível adquirir Anarchy Reigns em Portugal por 29.99 euros, e se procurarem bem até o podem encontrar a um preço abaixo desse.

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Anarchy Reigns

PS3, Xbox 360

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Bruno Galvão avatar

Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.

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