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Risen 2 Dark Waters - Análise

O regresso do herói sem nome.

Risen 2 Dark Waters é daqueles jogos que tem tudo para merecer a minha simpatia inicial. É um RPG de ação na terceira pessoa que oferece bastante liberdade, e que mistura a exploração de ilhas selvagens com criaturas sobrenaturais, tesouros, voodoo e piratas, e é impossível não gostar de piratas. Mas se o "setting" do jogo tem tudo para cativar o nosso interesse, a sua execução varia entre o mau e o medíocre. Carregado de falhas técnicas, bugs e um design simplista, Dark Waters fica muito longe de outros RPG's que nos brindaram esta geração.

A versão para PC de Risen 2 lançada previamente já apresentara muitos problemas, mas como este foi o primeiro contacto que tive com o jogo, não consigo adiantar muito em relação às diferenças que esta versão de consola apresenta. As desilusões começam logo na apresentação, se é verdade que em termos estéticos o jogo corresponde ao que estaríamos à espera, as texturas fazem questão de nos cortar completamente a sintonia com o mundo envolvente.

Os gráficos parecem ser da geração anterior, existem imensos rasgos nas texturas e uma framerate que não se consegue manter constante, os ambientes são bastante amplos e oferecem alguns contrastes de luz interessantes. A narrativa apresenta-se de modo muito genérico, mas vai melhorando com o tempo. O protagonista é novamente um homem sem nome, membro da Inquisition, uma organização militar do antigo império, e é-nos apresentado enquanto afoga as mágoas numa garrafa de rum.

Inicialmente somos chamados à presença do comandante no topo de uma torre na fortaleza de Caldera, de onde testemunhamos um ataque de uma criatura gigantesca a um barco que se aproximava da costa. Como somos um exemplo de boa vontade, sugerimos ao comandante enviar barcos para resgatar os sobreviventes, tudo o que conseguimos no entanto, é autorização para procurar na praia, sozinhos, por alguém que tenha conseguido nadar suficientemente rápido até terra firme.

A importância das escolhas?

A única sobrevivente é uma antiga conhecida nossa, com a qual fazemos um estranho acordo que consiste em ajudá-la a perseguir um tesouro, e em troca, ela indica-nos a localização de uma arma que permitirá eliminar a criatura marinha que assombra a fortaleza. Este momento e relação inicial aparentam ser demasiado forçados, mas esta sensação é eclipsada imediatamente pela apresentação do combate, ainda enquanto estamos na praia.

A navegação é dolorosa, as animações das personagens parecem demasiado robóticas e nem vou comentar os saltos, é demasiado má a animação dos saltos. O combate é um verdadeiro teste de persistência, passamos todo o tempo a atacar com o mesmo botão, o bloqueio é pouco intuitivo e nem todos os ataques inimigos são bloqueáveis. Como se não bastasse, não temos a possibilidade de nos desviarmos dos ataques, opção que aparentemente já se encontra disponível na versão do PC.

Existem ainda assim algumas habilidades interessantes, como os chamados "dirty tricks", ou golpes baixos, algo que representa bem o estilo pirata de encarar os adversários. Podem por exemplo atirar areia para os olhos dos inimigos, ou utilizar um papagaio para os distrair. Estes truques tornam o combate mais dinâmico, mas infelizmente o problema é que a maioria apenas está disponíveis muito para a frente na aventura.

Uma das habilidades mais engraçadas permite-nos controlar um macaco, que pelo seu tamanho permite aceder a áreas normalmente inacessíveis por um ser humano. O macaco pode também ser utilizado para por exemplo distrair um guarda e força-lo a abandonar o seu posto.

Nem tudo é mau nesta segunda incursão de Risen, o mundo envolvente oferece imensa liberdade ao bom estilo da Piranha Bytes, e recompensa a nossa curiosidade por mais longe que estejamos da quest pretendida, aventurem-se por uma masmorra ou caverna e estejam certos que terão tesouros à espera. Se preferirem seguir a linha principal, o jogo também não vos deixará perdidos.

Como qualquer RPG moderno também existem várias escolhas sob forma de diálogos com os vários npc's, que na sua maioria estão bem escritos e se desenvolvem de forma credível. Claro que o aspeto das expressões faciais torna estes momentos algo surreais, mas a personalidade de algumas personagens que conhecemos durante a aventura compensam um pouco estas falhas.

A nossa busca pela arma especial capaz de ombrear com o poder do titã marinho obriga-nos a abandonar a vida como membro da Inquisition, tornarmo-nos um pirata de corpo e alma, e assim explorar as zonas mais remotas do mundo. Existe uma boa dose de fantasia envolvida nas aventuras à nossa frente, desde tribos adeptas de voodoo, monstros sobrenaturais ou navios fantasma, lembrem-se disto, tudo ficará bem mais divertido depois de termos o nosso próprio navio.

Coincidente com o tema e tom que representa a fantasia sobre piratas, as personagens e diálogos caracterizam-se pela total ausência de moralidade. Existe linguagem forte, cenas degradantes e inclusive momentos de nudez e sexo. O jogo chega mesmo a ser sexista, com as mulheres a terem um papel de clara submissão perante os homens, um relato provavelmente fiel do tempo histórico dos piratas.

Como em qualquer RPG existe uma clara linha de progressão, determinada pelo nível, pelo equipamento e pelas habilidades que escolhemos. A experiência assume a forma de pontos de glória, que me lembrou dos velhinhos RPG's de caneta e papel (pen-and-paper). A progressão exige demasiado esforço para aquilo que o jogo oferece, então se precisarem juntar dinheiro, a coisa pode ficar mesmo dolorosa.

No capítulo do som Risen 2 consegue ser competente, especialmente no que aos sons da vida selvagem diz respeito, a música também não desilude, mas rapidamente nos fartamos de ouvir os mesmos temas. A interpretação das vozes também merece uma menção, desde sotaques britânicos, a voz autoritária da nossa companheira e um certo gnomo com uma estranha obsessão, a Piranha Bytes fez um bom trabalho neste campo.

O romantismo da vida ilegal mas ainda assim livre e cheia de aventura, levou à adoração moderna pela vida de pirata. Se são fãs de RPG's e deste tipo de fantasia, então é provável que consigam apreciar Risen 2 Dark Waters e ignorar os problemas técnicos que o assombram. É certamente um jogo bem pensado, bem elaborado até, mas que infelizmente sofreu de uma execução muito abaixo do que seria expectável.

5 / 10

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In this article

Risen 2: Dark Waters

PS3, Xbox 360, PC

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Sobre o Autor
Aníbal Gonçalves avatar

Aníbal Gonçalves

Redator

MMOs e RPG são com o Aníbal. Aliás existe um rumor na redação que a sua primeira casa é o World of Warcraft. Mas às vezes também o vemos a fazer uns exercícios. Não é mau de todo.
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