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Rise of the Ronin - NiOh em mundo aberto

A Team Ninja adapta para novo design o seu ADN.

Rise of the Ronin é o mais recente esforço da Team Ninja, uma das minhas produtoras preferidas, sendo fácil identificar o seu ADN numa experiência na qual transita as duas principais filosofias para um design mundo aberto. De uma forma muito resumida, Rise of the Ronin é Nioh em mundo aberto, uma amostra da produtora japonesa a aderir às tendências, o que significa que por um lado terás muito de familiar, mas também significa que está carregada de uma preciosa eletricidade.

Graças à PlayStation Portugal e Team Ninja, tive a oportunidade de jogar Rise of the Ronin antes do lançamento e atualmente já tenho cerca de 25h no relógio do jogo, mas por agora só posso falar das primeiras horas. Para exemplificar o quanto estou a gostar de Rise of the Ronin, posso escrever que a fatia de gameplay da qual posso falar pode ser terminada em cerca de 2h, mas eu demorei mais de 5 a lá chegar. Isto porque deixei-me simplesmente levar pelo mundo de jogo, pelas paisagens japonesas, pela constante procura dos mecanismos através dos quais a Team Ninja partilha a sua interpretação do design aberto.

Se gostaste da trilogia Ninja Gaiden, dos dois jogos Nioh e Wo Long, então fazes parte dos que apreciam o pedigree eletrizante da Team Ninja. Após o combate violento nos jogos Ninja Gaiden, a produtora japonesa decidiu combinar essa sua essência para combate frenético e difícil de dominar com os conceitos Souls da FromSoftware. Isso deu origem a Nioh e mais recentemente a Wo Long, no qual ramificou as filosofias. Em paralelo aos projetos Nioh e Wo Long, a Team Ninja trabalhava em Rise of the Ronin, o que provavelmente explica as elevadas similaridades no gameplay destes 4 jogos. No entanto, aqui o design é aberto e os elementos sobrenaturais foram deixados de lado para dar lugar a um tom mais próximo do real, numa narrativa que recorre a acontecimentos e figuras históricas.

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Rise of the Ronin é um jogo que até poderia ser descrito como um Nioh 3, a transição para mundo aberto é provavelmente a única real diferença para os projetos mais recentes da Team Ninja. Yosuke Hayashi, produtor de Rise of the Ronin partilhou que o projeto começou antes do primeiro Nioh e que o objetivo foi “pegar na experiência e conhecimento de desenvolvimento adquiridos ao longo dos jogos Nioh” para criar combate sólido ao estilo Team Ninja num design aberto inspirado fortemente pela história do Japão. Posso dizer-te que o objetivo está mais do que cumprido, mas apenas posso falar das primeiras duas horas, cinco horas no meu caso.

Após uma introdução de tom mais linear e num espaço controlado, a Team Ninja solta-te no mundo aberto, num mapa de média escala e cuja principal referência é Yokohama no final do Século XIX, quando os barcos dos norte americanos e europeus chegaram ao Japão para mergulhar o país num clima de incerteza e violência. A Team Ninja quis recriar um dos períodos mais conturbados do Japão, quando a chegada da tecnologia, poder militar e conhecimento estrangeiro mudou para sempre um país, historicamente orgulhoso e isolado, que encarou isso como uma ofensa. No entanto, enquanto uns queriam expulsar os estrangeiros, outros queriam usar isso para melhorar o próprio país, sem esquecer os ensinamentos que podiam trazer grandes avanços.

Rise of the Ronin consegue mostrar isso muito bem, desde a narrativa e personagens, sentirás que mergulhaste num país em conflito, instável, preso entre as tradições do passado e o medo do que o futuro poderá representar se não tiverem a necessária competente liderança para gerir estas águas tão turbulentas. Da história escreverei mais tarde, mas por agora posso dizer que em termos do gameplay e da experiência, Rise of the Ronin ostenta aquela tão preciosa sensação de transportar no tempo, de te fazer sentir que estás numa nova era, capaz de te fazer pensar ‘parece que estou mesmo lá’ ou ‘não sei como foi viver ali naquele momento no tempo, mas provavelmente foi muito parecido com isto’. Além da narrativa, isto é alcançado através do contributo visual e do gameplay.

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Esta jornada com um Ronin começa com a criação da tua personagem num criador de personagens muito similar ao que tens nos jogos Nioh e Wo Long. Como referido, Ronin é um irmão de Nioh, primo de Wo Long e Ninja Gaiden. Após a curta fase inicial, és solto no mundo aberto e a primeira parte tem como objetivo chegar a Yokohama, cumprir algumas missões de história e em cerca de 2 horas chegas ao momento a partir do qual não posso mais falar. No entanto, antes de chegar a Yokohama, eu passei 5 horas a descobrir esta parte do Japão, mais especificamente as formas como a Team Ninja te tentará manter entretido e quais os incentivos a explorar o mapa.

Devo escrever, de uma forma resumida, que o sistema de combate é muito similar ao de Nioh e Wo Long. Se jogaste qualquer um desses três “Ninja Gaiden Souls”, já sabes jogar Rise of the Ronin. É mesmo como andar de bicicleta. Sem o elemento sobrenatural de Nioh e com o maior foco no contra-ataque de Wo Long, tens um ponto intermédio no qual tens ainda as três posturas de Nioh para te forçar constantemente a ajustá-las para obter uma vantagem sobre o inimigo que enfrentas. Isto é importante no contra-ataque faísca e o seu impacto no chi.

O combate permanece violento, rápido e intenso, sempre com a filosofia de risco vs recompensa. Tens de efetuar o contra-ataque com precisão e no momento certo, algo que é difícil, mas que torna muito satisfatório o momento em que atordoas o adversário. Além disso, tens também de gerir a barra de vigor. Defender significa perder vigor e vitalidade, perder todo o vigor deixa-te parado e desviar também gasta vigor. Terás de entrar num mortal bailado de violentas coreografias para saber quando desviar, quando amparar o golpe e quando atacar.

Em termos do mundo aberto, existem várias atividades opcionais para passar o tempo e foi ao explorar este belo Japão que dei por mim focado nas tarefas extra e não na campanha principal. Tens várias missões principais (na sua maioria simples e nas quais até podes recrutar aliados humanos ou controlados pela IA), tens missões extra com diversas recompensas e que reforçam os laços com aliados importantes, e tens as tarefas de mundo aberto. Rezar em santuários, encontrar gatos, eliminar bandidos que aterrorizam povoações ou matar bandidos procurados são algumas das tarefas. Não é nada de novo e parece basicamente uma checklist com a interpretação da Team Ninja sobre o que outros já fizeram, mas motiva a explorar as regiões e dei por mim “perdido” nestas tarefas. Não és de forma alguma obrigado a perseguir ícones no mapa e muitos até são descobertos somente ao explorar.

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Antes de terminar, quero escrever sobre um elemento importante, a qualidade gráfica. Rise of the Ronin está muito melhor do que esperava, mesmo que o motor de Nioh demonstre vários problemas num mundo aberto (pop-in constante zonas dos cenários com texturas mais fracas), no geral é um jogo que conquista com os seus locais, iluminação e detalhes. As primeiras impressões são positivas e se num momento tens um jogo que parece datado, no outro tens momentos espetaculares. É um efeito quase esquizofrénico, num instante pensas “isto parece jogo PS4” e no seguinte pensas “de forma alguma isto correria numa PS4”.

Rise of the Ronin é um jogo para os que adoram a cultura japonesa, para os que vibram com o combate violento e eletrizante da Team Ninja, os que não estão cansados de mundos abertos e até sentem curiosidade com a interpretação deste design por parte de uma das mais talentosas casas japonesas, no que diz respeito a jogos de ação. As primeiras horas ficam marcadas por uma estranha familiaridade, parece que estás a jogar um novo Nioh, mas o mundo aberto e a era escolhida para a ação resultam num jogo que não estou a conseguir parar de jogar. Desculpa sono.

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