Skip to main content
Se clicares num link e fizeres uma compra, poderemos receber uma pequena comissão. Lê a nossa política editorial.

Resident Evil: Revelations 2 - Análise

Perdidos na ilha.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
Bons conceitos inspirados no passado deixam boas impressões para o futuro. Com um melhores visuais teria sido ainda mais espantoso.

Resident Evil: Revelations 2 terminou finalmente a sua campanha exclusivamente digital, que durou quatro semanas, e está agora disponível em formato físico para todos. Desde o início de Março, temos acompanhado este Revelations 2 e o seu novo formato ao jeito de uma série televisiva. Fiquei altamente surpreendido com o primeiro episódio e acredito que foi uma bela forma de agarrar os fãs e também quem estava ainda com reticências quanto à qualidade do que a Capcom apresentava agora. Resident Evil tornou-se numa série altamente controversa na qual parece haver uma inacreditável falta de comunicação entre os fãs e a companhia que desenvolve os jogos. As ambições AAA de escala cinematográfica dos mais recentes deixaram os fãs à beira de um ataque de nervos e Revelations 2 pode muito bem ser o calmante que precisam.

Revelations 2, tal como o original, deixa de lado o tom de filme popcorn de verão de Resident Evil 5 e 6 para nos dar um ambiente hostil, uma acção mais pausada com tons de terror. Diria mesmo que este é o verdadeiro resultado que a Capcom pretendia alcançar nos últimos anos, um jogo que cruza de bela forma o passado e o presente. Resident Evil assenta na sobrevivência, numa personagem com recursos limitados face à sensação de perigo constante. No entanto, isso não implica forçadas limitações na forma como controlamos os personagens e em decisões datadas no design dos níveis e desafios. Esta sintonia entre o que consagrou os primeiros jogos com mecânicas de jogo que encaixam melhor na atualidade é o melhor argumento de Revelations 2.

Se leram as minhas impressões do primeiro capítulo sabem que a campanha está dividida em duas fases. Na primeira jogamos com a dupla Claire Redfield (fantástica protagonista de RE2 e Code Veronica) e Moira Burton (uma estreia) para depois conhecermos a visão de Barry Burton (famosa figura da série e pai de Moira) que tem a companhia de Natalia Korda (mais uma estreia). Quando as duas mulheres são raptadas, a sua jornada começa na prisão de uma assustadora ilha enquanto Barry parte para lá para as salvar. Natalia é uma pequena menina que Barry encontra assim que chega à ilha e temos o mote dado para uma série de bizarros acontecimentos. Ao longo dos quatro episódios temos vários momentos de tensão que nos deixam com curiosidade e uma história inédita mas relacionada com o passado destes personagens.

Já podem comprar o jogo completo em formato físico.

Cada episódio pode durar perto de uma hora e meia tendo o grande benefício de todos os personagens oferecerem algo único à experiência de jogo. Claire é uma mulher ágil e hábil no uso de armas de fogo. Esta mulher habituada aos confrontos com criaturas horrendas terá a companhia de Moira que além dos problemas de personalidade causados pelo seu relacionamento com o seu pai, é incapaz de usar uma arma de fogo e assume um papel de assistência. O mesmo se aplica à dupla Barry e Natalia: o veterano usa várias armas de fogo e o seu físico para enfrentar monstros mais ameaçadores enquanto Natalia oferece apoio devido ao seu talento especial, vê os inimigos até pelas paredes. Em termos de controlo e gameplay, isto torna a experiência mais profunda e oferece uma agradável variedade.

Revelations 2 pode apresentar controlos mais soltos e mais intuitivos quando comparados com os dos originais mas isso não impede que a Capcom tenha ajustado o gameplay para respeitar os clássicos. As munições não são assim tão abundantes e o mesmo se aplica as ervas curativas. Abusem de um comportamento irresponsável e podem ficar rapidamente a cambalear por esta macabra e sinistra ilha muito rapidamente. Poupar balas e gerir o inventário será fulcral e esta é uma forma mais do que merecida de recuperar o passado e permitir que coexista em sintonia com o que a série nos tem oferecido nos tempos mais recentes.

"Revelations 2 pode apresentar controlos mais soltos e mais intuitivos quando comparados com os dos originais mas isso não impede que a Capcom tenha ajustado o gameplay para respeitar os clássicos"

Personagens que se controlam de uma forma que se sente atual e fluída, um ambiente e ritmo que vai mais ao encontro do que os originais nos habituaram, esta combinação ajuda a incutir uma boa personalidade a Revelations 2. A curiosidade que a história nos incute, sempre disposta a surpreender e a chocar são outros bons condimentos desta experiência. Além disto, a diferença que cada personagem imprime na forma como abordamos a tensão que as situações causam é um dos elementos mais bem realizados nesta produção. Enquanto Claire e Barry usam as armas e são mais velozes, Moira e Natalia prestam apoio seja com o pé de cabra ou a indicar onde estão os inimigos, respectivamente.

Para instalar mais tensão e pausar o ritmo de jogo quando desejado, a Capcom desenhou o gameplay para que o jogador possa ser furtivo e evitar atenções. Quando se torna necessário gerir a munição e pensamos sempre duas vezes se devemos usar um item para nos curarmos naquele momento ou guardar para mais tarde, é porque a Capcom fez algo bem. Para isso, Claire e Moira atuam em conjunto e quando uma atordoa os inimigos, a outra pode aplicar um golpe final. Já Natalia pode dizer a Barry onde estão os inimigos e quais os seus padrões de movimento, para que ele adapta o seu caminho e elimine com um só golpe os inimigos.

Isto é possível porque podemos a qualquer momento saltar entre os dois personagens e aceder às suas características singulares. Com mais frequência do que esperam, vão usar as personagens de suporte pois seja pela lanterna ou seja pela capacidade de avistar antecipadamente os inimigos e usar tijolos para mudar o seu percurso, tornam-se numa mais valia e jamais num estorvo. Sentimos que têm toda a validade e não que apenas estão ali porque sim. Claro que ocasionalmente a inteligência artificial pode fazer das suas e colocar em causa o nosso progresso mas na maior parte funciona bem.

Quatro personagens, quatro formas de jogar.

Existem ocasionais quebra-cabeças mas sem grande dificuldade ou até escala. Mais parecem uma espécie de pequena homenagem aos grandes exemplos de outros jogos na série mas que ainda assim se sentem bem implementados. Rápidos de resolver mas ainda assim com alguma capacidade para nos deixar a pensar, teremos em alguns pontos desta aventura que parar de correr para pensar na estratégia a adoptar para o próximo segmento e tentar solucionar o problema que a equipa de desenvolvimento nos apresenta. Pelo meio esperem encontrar momentos que vos façam recuar no tempo.

Um dos elementos que mais atenção irá levantar é a possibilidade de jogar com outro jogador. Em modo local num ecrã dividido pois será uma forma de melhorar a experiência. Quando a inteligência artificial falha e sentem que podiam ganhar com outra pessoa a jogar ao vosso lado, os confrontos e quebra-cabeças tornam-se muito mais interessantes sem essas limitações. Pena que o cooperativo online apenas esteja disponível no modo Raid pois na campanha teria sido magnífico.

"A série Resident Evil sempre primou pelos visuais espantosos e é triste ver que Revelations 2 é uma excepção."

Onde Revelations 2 deixa a desejar é na sua componente gráfica. O melhor termo será competente com ocasionais surpresas e muitas desilusões. Para o original, foi compreensível que os elementos convertidos da Nintendo 3DS não ficassem tão bem quando "esticados" para a alta definição e ecrãs maiores. Agora, na sequela, não é aceitável tal desculpa e o no geral, excepto os personagens, este é um jogo que cumpre o seu propósito mas que não irá ficar na memória de ninguém. Especialmente cruel para os fãs que estavam habituados à alta ambição da Capcom que parecia estabelecer padrões gráficos a cada novo lançamento. Não arruína a experiência a ninguém mas o terror ficaria assim um pouquinho melhor se visualmente tivesse mais qualidade e consequentemente mais impacto.

Aliás, diria mesmo que é a sua principal fraqueza. A estrutura episódica onde cada episódio termina num ponto de alto suspense e sempre focado em manter um equilíbrio entre mistério e revelação de novas informações é muito bem-vinda, mas sentimos a todos os momentos que por mais envolventes que sejam, seriam ainda mais se tivessem uma capacidade visual mais impressionante. Pena que a Capcom não tenha investido mais nesta vertente. A série Resident Evil sempre primou pelos visuais espantosos e é triste ver que Revelations 2 é uma excepção.

Resident Evil: Revelations 2 é uma jornada de terror por uma ilha que guarda segredos inquietantes. Uma espécie de jogo macabro no qual quatro personagens vão lutar pela sobrevivência. Tal como nos originais da série, é pedido aos personagens que ultrapassam o próprio medo mas agora não estão sozinhos. Com uma preciosa ajuda de um outro personagem, com várias situações que nos mantêm envolvidos e interessados, Revelations 2 é apenas traído pelos seus visuais que estão fracos, especialmente comparados com outros produtos que foram lançados recentemente. Para os fãs é uma compra fácil pois recupera o passado para pavimentar o futuro.

Read this next