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Puddle - Análise

Café entornado.

Puddle é a mais recente criação dos estúdios Neko Entertainment. Lançado no fim do mês de Janeiro para o XBLA, o objetivo neste jogo é transportar porções de líquidos de um ponto ao outro. Pelo meio há obstáculos e perigos que impedem que o líquido chegue à meta em quantidade mínima. Os movimentos requeridos são apenas dois; inclinar para a direita ou esquerda o cenário fazendo uso dos gatilhos esquerdo e direito do comando para empurrar o líquido. A gravidade completa a missão.

Não sendo este um conceito inteiramente original, muitos dos seus elementos encontram aqui uma boa representação e isso basta para lhe dar notoriedade. A gravidade está bem representada pois a sensação de deslocação do líquido é altamente realista, embora moderadamente mais lenta do que é costume para permitir que o jogador tome, em tempo útil, as necessárias decisões. Desde a espessura, passando pela formação de gotículas e sons provocados pelas porções do líquido em desarticulação ou reunião, há toda uma representação convincente, quase palpável e visivelmente atraente, que fica patente quanto mais inclinam o cenário e causam que o líquido se desmultiplique em pequenas porções.

Aliás, as regras de jogo são de tal modo simples que não existe sequer um manual ou níveis introdutórios que sirvam de tutorial. As explicações sobre o funcionamento do jogo podem ser encontradas à parte, mas desde o início que são incentivados a descobrir como funciona, ao começarem por fazer tombar um copo de café. Depois devem guiar o líquido ao longo de um percurso mais ou menos longo, tendo como principal preocupação manter unido todo o líquido sem perder porções.

No canto superior esquerdo uma barra indica quanto líquido têm disponível. Se parte dele se for perdendo por ficar para trás ou for afetado pelos perigos existentes ao longo do trajeto, o indicador aproxima-se do limite mínimo. Se perderem mais líquido o jogo termina e voltam ao começo. Cada nível pode ser completado entre 2 a 3 minutos. A pontuação final figura no ranking e terão sempre melhor pontuação se forem rápidos a levar o líquido até à meta com a mesma quantidade com que começaram o nível.

Os primeiros níveis demonstram que o conceito é praticável, graças ao equilíbrio e facilidade de transporte do líquido. Algumas dificuldades não são nessa fase tão visíveis. Uma delas está na impossibilidade de visualizarem o percurso como um todo, o que significa que não sabem muito bem o que virá a seguir, que perigos se escondem e se deverão imprimir mais velocidade à bolha de líquido ou se a devem encanar de forma cautelosa. O ângulo de visão está sempre apontado a um espaço reduzido do percurso. Por vezes são tentados a conduzir de forma mais lenta o líquido quando depois se apercebem que deviam inclinar mais o cenário. No fundo sentem que o avanço acontece às escuras e que é uma questão de sorte se chegarem à meta dentro das condições mínimas.

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Por outro lado mais um problema. O ângulo de visão tende sempre a acompanhar a maior parte do líquido. Supondo que o conduzem ao longo de uma secção rápida e parte do líquido fica retido atrás, por mais que se esforcem a inclinar dificilmente conseguirão recuperar o líquido preso. É frustrante que isso suceda e uma punição demasiado severa que acontece recorrentes vezes, muito por claro desconhecimento do percurso. Um vislumbre do trajeto antes da partida seria uma solução capaz de produzir algum equilíbrio, já que sem isso, a repetição sucessiva do mesmo nível por via da tentativa e erro é um processo que se torna particularmente frustrante, especialmente em secções mais avançadas e complexas.

Como forma de minimizar a dificuldade apontada a alguns percursos, e se sistematicamente forem convidados a repetir o nível poderão dar uso a um crédito especial que vos permite concluir o puzzle e passar ao seguinte. Gastando estas ajudas não mais poderão voltar a usá-las a menos que repitam o nível e o concluam dentro dos moldes previstos.

A variedade de espaços por onde irá fluir o líquido e as suas diferentes características são, muito possivelmente, um dos pontos mais positivos do jogo. Umas vezes irão conduzir nitroglicerina, sendo que todo o cuidado será pouco para evitar explosões. Noutras vezes têm de afastar água de pontos quentes, para evitar que a mesma se evapore. E apesar de a maioria dos puzzles implicar a passagem por um percurso, serão noutros desafios convidados a encaminhar o líquido para certos pontos de modo a abrir secções através de botões ou explosões de mecanismos internos.

Torna-se assim agradável descobrir a variedade de obstáculos à medida que o líquido vai interagindo com o ambiente sofrendo as consequências de decisões mais ou menos certas do jogador. Percursos secretos podem ser aproveitados, mas só os mais atentos conseguirão descobri-los. Puddle é um jogo incrivelmente simples e divertido, mas também se transforma facilmente numa experiência assustadora, com uma tendência desmesurada para a repetição, o que acaba por condicionar o produto em termos finais.

A ausência de um equilíbrio na jogabilidade implica que muitas abordagens não sejam as mais adequadas. A velocidade com que o líquido deve circular é uma variável constante e sem qualquer possibilidade para antecipar o conhecimento do percurso a única forma de prosseguirem será através da memorização. Alguns puzzles poderão ser repetidos dezenas de vezes até descobrirem qual a intensidade e velocidade corretas a dar ao líquido. Daí que estejamos perante um jogo que conta com um bom conceito mas longe da melhor execução.

6 / 10

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