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Os melhores anos para os videojogos

E porque 2013 pode ser o melhor de sempre.

No Verão de 1991, em apenas 60 dias, foram lançados meia dúzia de álbuns que definiram a década de 90: Metallica - Metallica, Ten - Pearl Jam, Use Your Illusion I e II - Guns n'Roses, Leisure - Blur, Blood Sugar Sex Magik -Red Hot Chilli Peppers e Nevermind - Nirvana(estes dois exactamente no mesmo dia!). Nos meses seguintes saíram ainda Dangerous - Michael Jackson, Badmotorfinger - Soundgarden, Achtung Baby - U2 e Screamadelica - Primal Scream. Todos eles são discos altamente influentes e definiram a cultura pop dos anos 90. Ainda hoje têm imensa rotação pelo mundo fora, a começar pelo meu iPod.

Mas o que é que isto tem que ver com jogos? Tirando uma ou outra música no GTA, nada. Serve para mostrar que, tal como acontece com qualquer meio de expressão artística, também nos videojogos existem anos completamente loucos e inspirados nos quais somos inundados por títulos marcantes que definem géneros e alteram o panorama da indústria.

Estou convencido que estamos a viver o mais importante de sempre.

As melhores colheitas.

O primeiro grande ano para os videojogos foi, muito provavelmente, 1980. Reinavam as arcadas e os jogadores da altura gastavam as suas moedas em pérolas como Pac-Mac, Missile Command, Tempest, Battlezone ou Centipede. Alguns destes títulos envelheceram melhor do que outros mas todos tiveram um contributo inegável para a indústria e para a cultura popular. Também saiu neste ano a Mattel Intellivison, a grande rival da Atari 2600 e a primeira consola com 16 bits e jogos por download- sim, a distribuição é assim tão velha. No Japão, uma pequena empresa chamada Nintendo lançava umas máquinas portáteis chamadas Game & Watch.

Pac-Man era uma máquina devoradora de moedas. Perguntem aos vossos pais.

Entretanto, houve um crash na indústria e um renascimento, graças a uma consola conhecida por NES. Apesar de vários títulos de enorme qualidade ao longo da sua vida, não houve nenhum ano em particular que tivesse sido realmente fora do normal mas, logo à entrada da década de 90 tivemos um desses. Em 1991 chegou a Super Nintendo e trouxe consigo um monte de títulos inovadores: Street Fighter II, Super Mario World, F-Zero, The Legendo of Zelda: A Link to the past e Final Fantasy IV(estes dois só mesmo no Japão, em 1991). A Mega Drive também dava cartas com a estreia de Sonic e Road Rash.

No PC, o destaque foi para o ainda hoje popular Civilization e Neverwinter Nights, o primeiro MMORPG da história. Como vêm, não foi só na música que 1991 foi um ano verdadeiramente inspirado. Até no cinema o ano correu bem, com clássicos como "O silêncio dos inocentes", "Exterminador Implacável 2", "A Bela e o Monstro", "A malta do bairro" e "JFK".

Mas o melhor ainda estava para vir.

A era dourada.

"Para mim a era dourada aconteceu entre 1996 e 1998, nos tempos da PlayStation e da Nintendo 64."

Toda a gente tem a sua opinião sobre a "era dourada" de qualquer coisa. Para aqueles que, tal como eu, nasceram em meados dos anos 80, essa época aconteceu entre 1996 e 1998, nos tempos da PlayStation e da Nintendo 64.

Em 1996 a grande loucura era o Tamagotchi, um jogo portátil que não era mais do que um animal de estimação virtual e que, apesar de não ter deixado muitas saudades, andava nos bolsos de qualquer miúdo naquela altura. Depois da loucura do Tetris, no início da década de 90, é capaz de ter sido o jogo casual com maior adopção até então e pode ser visto como um percursor de Pokémon e Nintendogs.

No que toca a jogos "a sério", 1996 deu-nos um monte de clássicos como Duke Nukem 3D, Resident Evil, Metal Slug, Quake, Nights, The Elder Scrolls II: Daggerfall, Crash Bandicoot, Command and Conquer: Red Alert, Tomb Raider, Donkey Kong Country 3 e Diablo.

Não foi um ano mau mas nada que se compare com o que vinha a seguir.

Em 1997 chegaram finalmente à Europa a Nintendo 64 e aqueles que considero os dois melhores jogos de sempre: Final Fantasy VII e Super Mario 64. Jogador que se preze tem de ter perdido alguns meses de vida nestes dois títulos que ainda hoje se aguentam muito bem e tiveram um impacto enorme na altura.

Outras pérolas do ano foram Mario Kart 64, Castlevania: Symphony of the Night, Tekken 3, Dungeon Keeper, MDK, Lylat Wars, Carmageddon, Goldeneye 007, Parappa the Rapper, Oddworld: Abe's Odyssey, Ultima Online, Fallout, Grand Theft Auto, Age of Empires, Tomb Raider 2, Diddy Kong Racing, Quake II, Megaman Legends, Gran Turismo e House of the Dead.

Foi, sem dúvida, uma "colheita" fenomenal, repleta de clássicos, alguns deles o ponto alto da sua série.

E depois há 1998.

1998 é, geralmente, considerado o melhor ano de sempre no que toca a videojogos, não apenas pelos vários títulos de qualidade que foram publicados mas pela mudança de paradigma que trouxeram consigo.

1997 introduziu algumas inovações bastante importante, tais como cutscenes para contar a história(Final Fantasy VII), câmera dinâmica em ambiente 100% 3D(Super Mario 64) ou o jogo Sandbox(Grand Theft Auto) mas foi em 1998 que muitos géneros definiram as bases que ainda hoje mantêm.

Dos muitos jogos lançados nesse ano, existem 3 que se destacam e que ainda hoje são considerados por muitos os melhores de sempre:

  • - The Legend of Zelda: Ocarina of Time continua a ser uma inesquecível aventura em 3D num mundo relativamente aberto com progressão não linear por itens e stats, como Darksiders ou os últimos Batman.
  • - Metal Gear Solid ressuscitou o género stealth e introduziu as cutscenes cinematográficas, hoje em dia usadas por boa parte dos jogos.
  • - Half-Life mudou a forma de se narrar um jogo, sem cutscenes ou qualquer tipo de interrupções: o jogador tem sempre o controlo da situação e sempre na mesma perspectiva. É uma escola ainda hoje seguida à risca por Bioshock.

Estes três colossos bastariam para colocar 1998 no topo mas o ano não se bastou com eles. Chegaram aos PCs Thief(de Ken Levine, criador de Bioshock), o popular Starcraft, Fallout 2, Grim Fandango(um jogo muito bem escrito que não alcançou sucesso comercial) e Baldur's Gate, um dos preferidos dos amantes de RPGs. Também vimos neste ano a estreia do Unreal Engine, ainda hoje o motor mais popular em todo o mundo e que revolucionou gráficos e ferramentas de programação.

As consolas não ficaram atrás: a Pokémon-mania chegou ao ocidente com Red/Blue, Resident Evil 2 foi o jogão que sabemos, Banjo-Kazooie e Spyro: the Dragon ainda hoje são referências nas plataformas e Panzer Dragoon Saga foi o canto do cisne da Saturn.

Têm saudades de Shadow Moses?

Apesar dos meus jogos preferidos estarem em 1997, 1998 é, até hoje, o ano a bater, por tudo de bom que fez pela indústria.

Outras gerações, outros anos de ouro

2001 foi O ano para a geração anterior. Gameboy Advance, Xbox, Gamecube e a PS2, acabada de lançar, deram início a uma das melhores gerações de sempre. A acompanhá-las tivemos uma montanha de grandes jogos, tais como Phantasy Star Online, Final Fantasy IX(e X nos EUA e Japão), Conker's Bad Fur Day, Black & White, Gran Turismo 3, Max Payne, Advance Wars, Sillent Hill 2, Ico, Devil May Cry, Grand Theft Auto 3, Tony Hawk's Pro Skater 3, Golden Sun, Metal Gear Solid 2, Halo, Super Smash Brothers Mélee, Pikmin, Jak and Daxter e Luigi's Mansion. Os primeiros anos de uma nova geração têm tendência a ser repletos de novas IPs que a vão marcar os anos seguintes por isso contem com um 2014 deste género.

Mais recentemente, 2007 é apontado como o melhor ano da actual geração de consolas graças a títulos como Peggle, God of War II, Bioshock, Halo 3, The Orange Box, Super Mario Galaxy, Crysis, Uncharted: Drake's Fortune, Mass Effect e Rock Band. Foi sem dúvida um grande ano, e alguns dos meus jogos favoritos dos últimos tempos estão aqui na lista, mas até ao final do ano não o vou considerar o melhor desta geração, até porque...

2013 tem boas hipóteses de se tornar o melhor ano de sempre.

O título parece um exagero mas ainda vamos na primeira semana de Abril e jogos com qualidade acima da média não param de chover. É complicado arranjar tempo e dinheiro para os jogar a todos: Ni No Kuni, Fire Emblem: Awakening, Tomb Raider, Metal Gear Rising Revengeance, God of War: Ascencion, Gears of War: Judgement, Luigi's Mansion 2, Starcraft II: Heart of the Swarm, Monster Hunter 3 Ultimate e Bioshock Infinite.

Em 3 meses já 8 títulos que levaram pontuações de 9 aqui na Eurogamer e 2 já receberam mesmo o 10 perfeito. Existem anos com apenas um jogo que leva 10 e em 2013 temos tido, praticamente, um título imperdível por semana.

Num ano repleto de pérolas, qual será a que brilhará mais?

Até ao final do ano, se nos focarmos apenas nos grandes lançamentos e deixarmos de parte eventuais surpresas(a minha aposta para este ano é Remember Me, da Capcom), ainda vão ser lançados Animal Crossing, Pokémon X&Y, Beyond: Two Souls, Assassin's Creed IV, Wasteland 2, Battlefield 4, Modern Warfare 4, Pikmin 3, The Legend of Zelda: The Wind Waker HD, The Elder Scrolls Online, Killzone Shadow Fall, Watch Dogs, The Last of Us e, claro, Grand Theft Auto V. Arrisco dizer que pelo menos 3 desta lista têm fortes probabilidades de levarem um 10(tentem adivinhar quais são).

Além disso, vem aí a Playstation 4, a nova Xbox, a Steambox, a Ouya e uma ou outra nova consola! Querem melhor?

2013 vai ser um grande ano para os gamers mas um terrível ano para as suas carteiras.

Têm um ano favorito que passei à frente? Se sim, digam qual é e porquê é que o devia ter mencionado.

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Sobre o Autor
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Joel Monteiro

Contributor

Amante de design de videojogos nos poucos tempos livres. Escreve quinzenalmente na Eurogamer Portugal sobre a indústria e criatividade.

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