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Máquina do tempo: O que estava a jogar a Julho de 2006

Dead or Alive 4 e a entrada na nova geração.

Os jogos de luta sempre tiveram um espaço bem especial dentro de mim. Começaram como mera curiosidade com Street Fighter II para se tornarem numa verdadeira paixão com Tekken 3 e Soulcalibur. No entanto, pelo meio entraram séries como Dead or Alive, que me deixaram verdadeiro fascínio e fiz questão de acompanhar ao longo das várias gerações de consolas. Quando em Maio de 2006 comprei a minha entrada nesta atual geração de consolas, com a Xbox 360, após Project Gotham Racing 3 não me fiz rogado e comprei Dead or Alive 4 e foi o jogo que me acompanhou durante esse Verão e o jogo que fez as minhas delícias em Julho de 2006.

Com o anúncio de Dead or Alive 5, foi inevitável viajar para o passado e pensar nos tempos que passei a jogar o anterior capítulo e são imensas as expectativas que tenho, apesar de parte da ansiedade ter sido preenchida com Dimensions na Nintendo 3DS no ano passado. No entanto, muito acima do exercício de saudosismo, ao recordar DOA4 foi a curiosidade que representou pensar no primeiro verdadeiro beat'em up desta atual geração e como se apresentou e como se calhar não foi na altura o que muitos esperavam, mas talvez enquadrado com os parâmetros atuais tenha sido bem melhor do que se pensou.

Para o bem e para o mal, DOA4 não era propriamente um jogo completamente de "nova geração", mas em muitos aspetos seguia um modelo que muitos preferiam não ter visto desaparecer. Na verdade DOA4 não foi para muitos um verdadeiro salto em relação à anterior geração porque o consideraram demasiado similar, mas a nível pessoal, olhando para trás, não consigo deixar de sentir que DOA4 foi poderoso, pioneiro e a muitos aspetos um belo exemplo de como esta geração não deveria ter perdido o contacto por completo com a anterior.

"Não consigo deixar de sentir que também na composição dos seus elementos Dead or Alive 4 foi um jogo altamente equilibrado e recompensador."

Dead or Alive 4 ostentava 22 personagens, entre elas três novas entradas e participações especiais, seis modos de jogo diferentes, arenas destrutíveis com vários níveis e um modo online que indicava como poderia ser o futuro. Tudo isto pode parecer banal para o que vemos na atualidade mas não consigo deixar de sentir que também na composição dos seus elementos DOA4 foi um jogo altamente equilibrado e recompensador.

O boss final Alpha-152 vindo do DNA da Kasumi.

Vindo da mente de Tomonobu Itagaki no leme da sua Team Ninja na Tecmo Koei, Dead or Alive 4 voltava a apostar numa história confusa que assentava na mesma nos adorados princípios de outrora, o apelo ao jogador em terminar o modo História para conhecer os diferentes finais de cada personagem. Pelo meio surgiam as batalhas entre rivais e aos poucos o jogador ia descobrindo mais e mais. No final ficávamos em frente à frustrante boss final, Alpha-152, e posso dizer que muitos murros e pontapés foram dados nas portas devido à irritação que esta luta podia causar.

Transportando para esta atual geração uma forma de estar que agora parece pertencer à anterior, a equipa de desenvolvimento focou-se na oferta de modos de jogo alternativos que ofereciam grande variedade e diversão ao produto. No entanto isto foi feito sem a momento algum dispensar a presença de personagens para desbloquear e de fins personalizados para cada um dos personagens. Algo que parece ter sido esquecido. Time Attack e Survival sempre tiveram um especial interesse neste jogo, principalmente o segundo, e se em Soulcalibur fiquei verdadeiramente viciado nele, foi aqui que o levei a verdadeiros extremos. A tentativa de melhorar prestações anteriores e o papel comparativo na vertente competitiva que o Xbox Live veio introduzir elevou-o a níveis sem precedentes na altura.

Jan Lee, Ryu Hayabusa, Lei Fang, Hitomi, Helena, Tina, Hayate, e os restantes personagens abordavam os mais diversos estilos de luta mais conhecidos da atualidade criando uma enorme profundidade numa gameplay que conseguia ser surpreendentemente acessível, imediata e intuitiva para qualquer um pegar e jogar mas que continha na mesma várias camadas para premiar a crescente dedicação. A estes tivemos o acréscimo de Kokoro, Eliot e Lisa a abrangerem ainda mais o leque de estilos de luta e mais formas do jogador se identificar com a gameplay e com o desafio que dele poderia obter.

Team Battle e Versus são outros modos de jogos presentes no jogo e colmataram duas obrigações em qualquer jogo de luta que se prezasse na altura mas o mais importante foi mesmo a presença da componente Tag Battle em alguns destes modos de jogo. A possibilidade de lutar a pares tem sido um dos pontos altos da série DOA e este quarto jogo não descurou esse aspeto. Principalmente porque reforçava a inerente profundidade no sistema de jogo e permitia que por um lado os novatos pudessem brincar ainda mais com o jogo e que por outro os mais dedicados ganhassem acesso a mais combinações.

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Apesar de tudo muitos poderia criticar de DOA4 não dava verdadeiramente o salto qualitativo em relação ao que já se tinha visto mas quando a Team Ninja apresentou um modo online via Xbox Live do mais competente que se podia ter na altura, era difícil não acreditar que a nova geração estava entre nós. O modo online permitia que jogadores de todo o mundo lutassem entre si o que dava novo fulgor e vida ao conceito de competição entre comunidade. Não só isto prolongava a longevidade do jogo a níveis impensáveis nas anteriores gerações, como servia como incentivo à dedicação como ponte entre a comunidade em redor do mesmo jogo. Foi mesmo algo que adorei descobrir e que ainda hoje recordo com gosto.

"Em termos técnicos Dead or Alive 4 foi um jogo que simplesmente espantava e conquistava."

Em termos técnicos Dead or Alive 4 foi um jogo que simplesmente espantava e conquistava. Mesmo que alguns cenários não fossem por completo de bom tom, os seus efeitos e as partes que se iam destruindo deixavam no ar um tom altamente dinâmico e cinematográfico. Velozes e majestosos movimentos de luta eram desferidos pelos personagens que entre homens musculados e mulheres de atributos saltitantes iam demonstrando personalidade e fulgor ao nível dos melhores entre os melhores.

Olhando para trás, Dead or Alive 4 deixou imensas saudades e o modelo seguido pela Team Ninja: modo história que apelava à dedicação do jogador, gameplay acessível mas com profundidade, diversos modos de jogo, desbloqueáveis, segredos, um modo online competente e acima de tudo a completa ausência desse conceito já tão assente mas na altura ausente que são os DLCs, fizeram com que DOA4 fosse uma ponte entre o passado e o futuro.

Se por um lado seguia modelos passados, fazia-o muito bem e com todo um valor que na altura consideraram insatisfatório mas o certo é que desde logo, DOA4 oferecia uma experiência completa e profunda, desde que o jogador metia o disco na consola. Por outro, o desenvolvimento iniciado na primeira Xbox forçou algumas fraquezas a nível técnico mas na sua essência, DOA4 foi um produto completo e altamente divertido. Um jogo que deixou um doce sabor quando penso nesta actual geração de consolas.

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