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Nintendo Switch Sports - Antevisão - Desporto em movimento

Já competimos na Spocco Square.

Antes de aprofundarmos sobre a recente experiência que tivemos com Nintendo Switch Sports, nos escritórios da Nintendo, em Lisboa, valerá a pena uma breve incursão sobre a origem desta franquia. Foi em 2006, então por ocasião do lançamento da Nintendo Wii, uma consola que revelou uma abordagem inesperada e arrojada, que a Nintendo apostou em Wii Sports para demonstrar todo o potencial do então inovador Wii remote, o comando que veiculou comandos por movimentos. Em concreto, Wii Sports e as modalidades desportivas nele incluídas passaram a ser jogadas de acordo com os movimentos praticados no ténis, bowling, golfe, boxe e baseball.

Com uma abordagem simplificada, ao ponto de permitir a qualquer pessoa, experimentada ou não em jogos, competir, Wii Sports foi um sucesso estrondoso. Por cá o jogo foi vendido juntamente com a Nintendo Wii, o que levou muita gente a interessar-se por este particular modelo de interacção. Em pouco anos tornaram-se comuns os acessórios compatíveis com comandos por movimentos, para multiplataformas. Com largos milhares de unidades vendidas, a Nintendo desenvolveu a sequela Wii Sports Resort, também para a Wii, e posteriormente lançou a versão em alta definição para a Wii U, denominada Wii Sports Club.

Quase nove anos depois do jogo editado para a Wii U, a Nintendo anunciou o novo jogo da franquia Sports. O jogo mantém a estrutura, o núcleo e o conceito do original, ao viabilizar a competição numa série de categorias deportivas, fazendo uso dos Joy-Con para uma simulação dos movimentos praticados, como se tivesse em mãos uma raqueta de badminton ou uma bola de bowling. A acessibilidade permanece no conceito de jogo, uma aposta na confraternização e competição entre amigos e família, tanto a nível local, como por via online.

Este é o mapa da Spocco Square, no qual podem seleccionar as modalidades.

É curioso que desta vez a Nintendo tenha optado por relançar a franquia Sports cinco anos após o lançamento da Switch. Se estarão recordados, desde que a Nintendo optou pela abordagem diferente com a Wii, que são colocados em estreia com a consola, jogos que exibem o potencial do sistema de interacção. Essa tarefa, de certo modo, foi assegurada pelo original 1-2-Switch, ao protagonizar a versatilidade e profundidade das possibilidades dos Joy-Con, os comandos que podem ser removidos das laterais da consola, podendo ser usados como comandos para uma experiência mais tradicional, assente em botões, ou simplesmente nos movimentos, como agora sucede com Nintendo Switch Sports.

Mão cheia de modalidades desportivas

No seguimento do anúncio do Nintendo Switch Sports, na mais recente Direct, a Nintendo concedeu aos subscritores do serviço online um primeiro contacto com o jogo, ao longo de um fim de semana. Se isso permitiu testar em particular os serviços online, a nossa experiência, de multiplayer local, enquadra-se numa “build” muito próxima da final. Por enquanto ainda não podemos cobrir todo o jogo. Só com a "build" final ficaremos a saber sobre o sentido de progressão e os objectivos em termos individuais.

É a partir do conceito enquanto experiência colectiva que se pode falar numa dimensão de tipo "party". Nesse sentido, Nintendo Switch Sports continuará a reunir pessoas (família ou amigos), à volta do televisor, sendo aconselhável afastar objectos que possam interferir com a desenvoltura necessária de movimentos de braços e pernas. Ter pelo menos uma boa área livre diante do televisor a fim de evitar tropeções ou quedas inauditas.

Alguns espectadores atentos a uma partida de Chambara.

No que respeita ao idioma presente no jogo, a escolha do português revela-se de um grande sentido de oportunidade, tendo em conta a globalidade das faixas etárias compatíveis com a experiência. Desde crianças aos velhinhos, é óptimo contar com um jogo que remove barreiras em vez de afastar potenciais interessados. Por outro lado e indo de encontro à acessibilidade que grassa pela experiência, em todas as modalidades há um conjunto de segmentos interactivos de aprendizagem, uma forma de deixar o jogador preparado para o evento desportivo.

Quanto às modalidades aqui presentes, tivemos oportunidade de jogar as seis que irão estar disponíveis no lançamento, a 29 deste mês. Elas são; voleibol, bowling, badminton, chambará, futebol e ténis. Está prevista a adição do golfe num futuro update. É um bom número, que peca no entanto por ser inferior à dúzia de modalidades presentes em Wii Sports Resort, que em 2009 estabeleceu um bom avanço face ao jogo original. Em contraponto com o jogo da Wii, temos neste Nintendo Switch Sports uma produção mais cuidada, com detalhes e uma atmosfera única para cada modalidade. O traço das personagens é mais elaborado do que os modelos dos primitivos jogos. As possibilidades de personalização são grandes, com detalhes sobre o cabelo, rosto e estrutura corporal.

Da tensão em chambara ao futebol fantástico

Em comum a todas as modalidades a dimensão arcade. Com tantos jogos complexos a que nos acostumamos a jogar, repletos de árvores de opções, classes, etc, é bom poder desfrutar de uma experiência na qual nos limitamos a seleccionar uma personagem e entrar em campo para jogar. O vólei começa por ser uma boa surpresa. No formato pares e a toda a largura do campo, a nossa personagem pode jogar mais atrás ou encostada à rede. Os movimentos cruciais consistem em receber a bola e conseguir que a mesma chegue às mãos do colega de equipa, que poderá enviar para o outro lado da rede, ou tentar o disparo. As soluções defensivas contemplam a abertura das mãos junto da rede para o bloqueio, enquanto mais atrás podemos movimentar a nossa personagem para uma melhor zona de cobertura. A reprodução dos movimentos é bastante assertiva, especialmente quando endossamos a bola ao colega para este efectuar um disparo sobre a área adversária. O ponto deixa-nos seguir em frente. Potencialmente, o vólei está bem construído e promete ser uma modalidade amplamente recorrida, para dois ou mais jogadores.

O bowling opera nos moldes tradicionais. O Joy-Con confere maior precisão, especialmente nos efeitos que podemos imprimir à bola na fase de lançamento. Aqui jogamos à vez. Com efeito é possível obter alguns resultados próximos da perfeição, o que dificultará a vida ao adversário. Com efeitos interiores ou exteriores, a força com que soltamos a bola pode marcar a diferença no embate ao fim da linha para um resultado pleno. Nesta altura dei-me conta de que a melhor tecnologia do Joy-Con face ao Wii Remote, requer de nós uma melhor postura e um sentido de oportunidade para girar o pulso. Subtilezas que fazem a diferença, ainda que o bowling seja mais acessível e capaz de levar a uma mais acesa competição.

Remate numa bola gigante.

O badminton pode à primeira vista assemelhar-se ao ténis, mas é uma pura indução que cumpre erradicar na mente de quem não conheça tão bem a modalidade. Em criança jogava imenso badminton e cedo aprendi que um volante não só é muito leve como é bastante diferente dos efeitos aplicados numa bola. De grande intensidade, o jogo torna-se quase num mano a mano, tal é a proximidade entre os atletas. Os efeitos das pancadas são diferentes das técnicas utilizadas no ténis, embora não se deixe de procurar o mesmo efeito útil de fazer cair o volante na área do adversário, através de pancadas precisas, em estilo. O sentido de oportunidade e colocação face ao adversário fazem a diferença.

Se a intensidade subiu de tom ao jogar badminton, atingiu níveis máximos em chambara, uma espécie de esgrima, com a particularidade de se usar duas armas (tipo punhais) em alternativa a uma só do tipo sabre. O objectivo consiste em empurrar o adversário até ao limite de uma plataforma circular elevada sobre uma piscina, levando-o a cair à água depois de uma estocada certeira. Mas para vencer terão que desferir golpes ofensivos bem sucedidos. Um golpe em falso (defendido pelo adversário) pode despertar um contra ataque. O que me pareceu evidente neste jogo, para além da tensão existente pela proximidade e pela incerteza dos golpes, é que a estratégia e rapidez de movimentos são a combinação vencedora. O posicionamento dos braços para o ataque e defesa é essencial. A reprodução dos movimentos é muito boa, pelo que podemos apostar na antecipação (movimento ofensivo) ou numa postura mais observadora dos ataques do adversário para apostar no contra-golpe. Jogar com dois sabres implica manobrar os dois Joy-Con.

Ambiente envolvente e sonoridades

Quando passei para o futebol senti que estava a entrar noutra dimensão. O futebol de Nintendo Switch Sports não é bem o jogo de futebol como conhecemos em produções regulares. Aqui acontece uma fusão entre o futebol fantástico e a bola gigante mas simultaneamente leve. Isto torna as partidas rápidas e uma luta por conquistar terreno ao adversário, para além do efeito ricochete quando a bola toca na margem. São poucos os jogadores em campo, as balizas são enormes e os efeitos ao nível do remate, especialmente nos mergulhos de cabeça, com os braços puxados para a frente como se estivessem a saltar para a água, uma técnica para abrir o marcador. Parece-me uma das melhores e mais divertidas modalidades deste conjunto.

O Badminton é uma alternativa ao ténis

Embora as balizas sejam de grandes dimensões, vislumbra-se neste futebol uma divertida e hilariante competição. De resto há duas formas de praticar o futebol Na partida em todo o campo o jogador pede a bola (aqui! aqui! aqui!), corre como Cristiano Ronaldo em sprints intermináveis e remata por alto ou rasteiro, à procura do golo. Não há foras, pelo que estamos sempre em jogo. Na outra modalidade, na qual colocamos a correia presa à coxa, depositando lá um Joy-Con, é detectado o momento com a perna, traduzido num remate após o centro efectuado por um colega da equipa. Aqui o objectivo consiste em marcar mais golos no formato do tipo grandes penalidades. O conceito é interessante. Veremos se existirão variantes ou desafios adicionais na vertente individual.

Terminei a minha experiência nesta primeira hora e meia de Nintendo Switch Sports a jogar ténis, em partidas de pares. Joga-se no campo todo e o Joy-Con é segurado nas mãos como se fosse uma raqueta. Os efeitos ao nível das pancadas são vários, desde topspins a lobs. As partidas são normalmente rápidas, com transições e pancadas que funcionam como defesas. O segundo jogador, encostado à rede, pode servir de apoio, sendo controlado para efectuar um contra-ataque ou estiloso smash. Como a superfície é betão, o movimento da bola é rápido, embora e como referimos, há uma prevalência do arcade sobre a simulação, o que quer dizer que algumas reacções, recuperações e efeitos podem parecer exagerados e prolongar a intensidade com que os jogadores competem.

Haverá roupas e acessórios com que poderão equipar o vosso avatar.

Agradou-me verificar que por cada modalidade há um específico edifício, dentro desse grande recinto que dá pelo nome Spocco Square. O ambiente é relaxante, descontraído, sendo audíveis melodias em fundo, algum público, e de uma espécie de colunas é audível uma speaker em português. Os espaços são normalmente expostos à luz solar, oferecendo um sentido de cidade do desporto que diverge da temática paraíso em Wii Sports Resort. Face a este título assiste-se a uma significativa melhoria em termos visuais, particularmente nas personagens e seus movimentos, com pequenos pormenores curiosos como o balão da banda desenhada com riscos no interior sobre a cabeça de uma personagem, uma forma de demonstrar o descontentamento pelo ponto perdido em campo.

Deste primeiro contacto com Nintendo Switch Sports guardo boas impressões. Ainda é prematuro partir deste prévio contacto para um vaticínio global. Só conhecendo o jogo na sua versão final e em profundidade é que poderemos elaborar uma crítica firme. Por enquanto, ao explorarmos Switch Sports no formato multiplayer verificamos que a Nintendo retoma o conceito dos jogos de desporto por movimentos. Hoje, o conceito não é novo e não será tão inesperado ou surpreendente como o foi em 2006. Porventura haverá uma nova audiência desejosa de experimentar e conhecer esta particular forma de interacção. Num momento em que o parque de consolas Switch é grande, a consola rola sobre o seu quinto ano de vida, há o apelo das novas modalidades e a tecnologia de detecção de movimentos usada no Joy-Con é melhor, pode dar-se aqui um efeito catalisador. Não será fácil superar o sucesso de vendas do original, até porque fora do Japão, Wii Sports foi lançado em “bundle” com a consola, o que representou milhões de unidades vendidas. No entanto e depois de uma passagem de menor brilho na Wii U, poderemos assistir a uma retoma do sucesso desta franquia desportiva e arcade da Nintendo.

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