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Ninja Gaiden 2 Black review - uma cápsula do tempo

Um espetacular jogo de ação.

Crédito da imagem: Koei Tecmo
Ninja Gaiden 2 Black não é a versão definitiva do clássico, mas sim um jogo com gráficos de 2025 num design e jogabilidade de 2008, para relembrar o quão gloriosa e empolgante era a sensação de jogar Ninja Gaiden. Relembra que não há nada igual a Ninja Gaiden.

Após 10 anos a questionar se Ninja Gaiden 3 matou a série, período durante o qual a Team Ninja alcançou sucesso com NiOh e Wo Long, Ninja Gaiden 4 foi revelado e Ninja Gaiden 2 Black lançado de surpresa. No entanto, o entusiasmo do anúncio inesperado rapidamente deu lugar a alguma confusão pois esta nova versão não é exatamente algo “definitivo”, como os fãs certamente adorariam ter. Na verdade, Ninja Gaiden 2 Black é mais uma versão, com os seus méritos, que provavelmente se tornará naquela recomendada para novatos.

Se os planos da Team Ninja (que tanto sucesso conquistou ao combinar a essência de Ninja Gaiden com o conceito Soulslike da FromSoftware) passam por usar Ninja Gaiden 2 Black como uma nova porta de entrada para a série, é um plano alcançado com sucesso, mas existem diversos problemas e especificidades que vão afastar os veteranos da série. Esta é a minha quarta versão de Ninja Gaiden 2 e apesar de adorar as melhorias gráficas alcançadas ao usar o Unreal Engine 5, há muito aqui que me faz encorrilhar o nariz.

Será uma questão de gosto pessoal, mas se preferias algo mais próximo da experiência original com gráficos atualizados, Ninja Gaiden 2 Black não é o jogo que procuras, pois, trata-se de uma nova interpretação do trabalho que já existia. Tens um jogo que aproxima a versão original da Xbox 360, lançada em 2008, com a versão Sigma 2 de 2009, para um meio-termo confuso, com problemas que te fazem sentir que estás a jogar um jogo “antigo”, mesmo que os gráficos te digam o contrário.

Visto como um dos exclusivos Xbox 360 através dos quais a Microsoft mostrou uma forte dedicação à comunidade criativa japonesa, Ninja Gaiden 2 é sem dúvida um momento “cápsula do tempo”, muito representativo da sua época e um nome que durante uma geração carregou enorme força, pelo menos entre os adeptos mais dedicados do gaming. Jogar Ninja Gaiden 2 Black é realmente capaz de te transportar no tempo, em grande parte devido à jogabilidade e especificidades da experiência.

Ao usar o Unreal Engine 5 para Ninja Gaiden 2 Black, a Team Ninja consegue apresentar um jogo que, na sua maioria, é visualmente repleto de bons momentos, que oscilam com outros muito menos agradáveis de apreciar, mas se graficamente o jogo grita 2025, no resto grita 2008. Os problemas com a câmara e com o controlo de alguns segmentos (especialmente as transições para água ou fases subaquáticas) são pequenas manchas nesta experiência que terás de tolerar. Por um lado, tens maior fidelidade, mas por outro, tens problemas que poderiam ter sido corrigidos num verdadeiro remake.

Além disso, como a sua base é Sigma 2, tens uma experiência muito mais fácil (adeptos do género devem começar logo acima de Normal), com menos inimigos nos níveis, que exibem um nível inferior de agressividade. Quando comecei a jogar pensei mesmo que o jogo tinha sido novamente afinado para ser mais fácil (um remaster UE5 pensado especialmente para novatos), pois a ferocidade dos inimigos que te agarram constantemente na versão original e tiram imenso dano é coisa que não se esquece.

Os inimigos não são tão implacáveis quanto na versão original, o que resulta numa experiência que não é tão marcantemente castigadora, não perdes tantas vezes (em Normal é raro perder sequer), não usas tantos itens e não sentes tanto peso na sua gestão. São características que marcam na versão original, onde tens de gerir bem se poupas os recursos para melhorar armas ou se compras itens de cura ou ressurreição. São especialmente importantes nos bosses, mas agora podes reiniciar a luta de imediato e a sua dificuldade está muito mais acessível.

Como um cruzamento entre a versão original e Sigma 2, apoiada por uma forte melhoria gráfica, Ninja Gaiden 2 Black não é propriamente a versão definitiva que a Koei Tecmo apregoa, mas sim uma forte opção para quem procura um primeiro contacto com este jogo, e uma curiosidade para veteranos. Ocasionais problemas no desempenho podem comprometer o teu desfrutar de alguns confrontos, mas no geral é um jogo que se sente divertido de jogar, que mantém a visceralidade dos desmembramentos e faz disso ferramenta da jogabilidade.

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Ninja Gaiden 2 Black relembra que este tipo de “ação violenta a alta velocidade” permanece algo singular e muito específico. A dada altura, Ninja Gaiden foi um dos mais poderosos nomes na indústria, mas o terceiro jogo deitou tudo por água abaixo. Entretanto, passaram dez anos e os esforços para devolver o bom nome à série começam com este remaster Unreal engine 5 no qual podes assistir a alguns momentos gráficos espetaculares, mas o resto da experiência beneficiaria com mais alguns mimos, especialmente a câmara e os controlos em algumas áreas.

Ninja Gaiden 2 Black é sem dúvida uma boa opção, mesmo que para os puristas a versão Xbox 360 de Ninja Gaiden 2 jogada na Xbox Series X ainda seja o método preferido de viajar no tempo. É o relembrar de uma essência que se temia perdida, um jogo violento no qual os desmembramentos são parte da estratégia de jogo, no qual és punido sem misericórdia se falhares nos controlos. O salto gráfico é sem dúvida bem-vindo e mesmo com alguns incómodos relacionados com o tempo que já passou desde o lançamento, sabe muito melhor celebrar o regresso da série.

Prós: Contras:
  • Qualidade gráfica geral
  • Ação violenta a alta velocidade
  • Estratégia no combate que te força a defender e a contra-atacar
  • Ação super exagerada que continua sem igual
  • Alguns momentos gráficos
  • Está mais fácil e acessível
  • A câmara continua a irritar
  • Removidos alguns bosses

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