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Neo Geo X - Análise

O Digital Foundry sobre se este sistema arcada de bolso está à altura da lenda.

Lançada na altura em que os jogos eram dominados por consolas como a NES de 8-bits ou a Mega Drive de 16-bits, o sistema Neo Geo da SNK era poderoso e caro. Lançado em duas versões - MVS para arcade, AES para casa - o sistema oferecia visuais das máquinas dos salões de jogos numa altura em que os jogadores domésticos ficavam com versões inferiores dos jogos arcade. O problema estava no preço - a consola era um investimento significativo, enquanto os jogos eram vendidos entre os 170 a 230 euros cada.

Previsivelmente, isto relegou a máquina para pouco mais do que uma pequena parte das épicas guerras de consolas do início dos anos 90, ainda assim a mística ficou, devido muito à cobertura extensiva das revistas da altura. Títulos como Fatal Fury 2 e Metal Slug era falados em tons reverentes nos recreios de escola de todo o mundo; este era um sistema que todos desejavam, ainda assim para a maioria dos jogadores era inalcançável. O estatuto de culto da Neo Geo ficou constante, apesar da passagem do tempo e das vendas relativamente baixas e o formato continua a desfrutar de limitado suporte de programadores até hoje - algo que foi possível com uma incrível e apaixonada comunidade.

Não fosse o estatuto único da Neo Geo no mundo dos jogos, um produto como a Neo Geo X simplesmente não existiria. Este é um aparelho que foi produzido para satisfazer um curiosidade que os jogadores tinham desde 1990 - o desejo de ter a que já foi referida como “o Rolls Royce das consolas de jogos”. O facto da maioria dos smartphones serem mais poderosos - e provavelmente perfeitamente capazes de emular a consola com pouco esforço - é irrelevante; como nenhuma outra marca no ramo do entretenimento, a Neo Geo é abençoada com um apelo que jogadores dedicados parecem achar irresistível.

Claro, a SNK não é a mesma companhia que era quando lançou a consola no mercado há vinte anos atrás. Foi à falência em 2001, o nome SNK foi ressuscitado como SNK Playmore e está agora focada na produção de jogos. Como resultado, a NGX é um aparelho criado debaixo de licença da SNK Playmore por uma editora Americana, a Tommo, e distribuída no Reino Unido pela Blaze. Apesar da sua natureza licenciada, o aparelho parece espantosamente autêntico. A equipa por detrás do empacotamento da NGX sabe claramente o que faz; o design da caixa é uma réplica quase autêntica da embalagem NG AES original; até às caixas individuais internas com os seus conteúdos marcados claramente à frente. Até reproduziram os icónicos autocolantes Neo Geo para fechar cada caixa.

Quanto ao aparelho em si, as impressões iniciais são positivas. A consola NGX é bem feita de agradável de segurar; tem perto do mesmo tamanho que uma Vita e tem uma traseira de borracha para melhorar a ergonomia durante os jogos. O joytick micro-ativado relembra o exemplo visto no comando Neo Geo CD e a variante mais pequena no Neo Geo Pocket - a tentativa mal sucedida da SNK combater o dominante Game Boy da Nintendo de 1998. Também emite um som incrivelmente alto durante o uso, portanto esperem ser olhados de lado se querem jogar em transportes públicos. Ainda assim, é muito provável que estejam demasiado entretidos para notar - o grau de controlo e precisão oferecidos pelo stick é sublime, tornando fácil demais de sacar de especiais em The King of Fighters '95, ou evitar as atenções de um jogador rival em Super Sidekicks.

Os quatro botões frontais respondem e não são muito esponjosos, mas os quatro botões laterais são menos impressionantes - colocados de forma incomodam na carnagem e duros de pressionar. Felizmente, todos os jogos Neo Geo recaem num esquema de quatro botões, portanto raramente pressionas os botões laterais. São usados para controlos periféricos, tais como pausar o jogo ou ajustar o rácio de aspeto do ecrã - o segundo algo que vais querer fazer de imediato, pois a definição padrão estica a imagem 4:3 para se ajustar ao ecrã 16:9, resultando numa imagem feia e esticada. Quanto sabemos todos os títulos Neo Geo operam a 4:3, logo o termos um ecrã LCD panorâmico é estranho - completamente em contrário aos requisitos dos jogos. Apenas podemos presumir que os ecrãs panorâmicos são mais baratos de fornecer atualmente e isso é pena - o ecrã é o calcanhar de Aquiles do aparelho.

"Controlos sublimes, a Neo Geo X é uma adorável peça mas é mesmo pena que o ecrã desaponte com pobre qualidade de imagem. O uso de um ecrã 16:9 para um sistema criado em redor de jogos 4:3 também é bizarro."

Assim que olhas para o ecrã da NGX pela primeira vez sentes a indesejadas sensação de incerteza sobre a nova consola. O ecrã de 480x272 é terrível comparado com os ecrãs vistos até nos smartphones mais baratos; deslavado, ângulos de visão terríveis e pobre escalonamento que faz todos os jogos incluídos no sistema parecerem estranhos e mal definidos. Isto deve-se largamente porque a resolução padrão da Neo Geo de 320x224 ser expandida para preencher o ecrã - teria mais sentido escolher um ecrã que igualasse exatamente a resolução, apesar de podermos apreciar isso quando escolher partes fora da prateleira não é uma opção. O processo do esticanço resulta numa em mais do que uma imagem empapada - quando há muito movimento no ecrã, o detalhe de fundo tem tendência a quebrar estranhamente. Isto é imensamente aparente quando jogas o primeiro nível de Magician Lord, por exemplo.

A NGX tem 20 jogos Neo Geo, uma seleção dos habituais shooters arcade, jogos de desporto e combate um contra um - o último é indiscutivelmente o género de escolha da Neo Geo. Existem clássicos sólidos incluindo Metal Slug, Real Bout Fatal Fury e Samurai Shodown II mas são acompanhados de jogos menos essenciais. Cyber-Lip, clone de Contra, podia ser impressionante em 1990, mas não envelheceu bem. O mesmo se pode dizer de King of Monsters, e do nada brilhante Mutation Nation. Não eram considerados clássicos no início dos anos 90, e hoje sentem-se positivamente arcaicos. É claro que a oferta inicial de jogos foi escolhida para te aguçar o apetite por futuros lançamentos em cartão SD - a Tommo confirmou recentemente que a Neo Geo X Classics: Volume 1 vai chegar à América do Norte em Abril e vai providenciar mais 15 jogos, entre os quais Blazing Star, The Last Blade 2 e Samurai Shodown 3. Incluído no pacote Ouro está uma cópia de Ninja Master's (erro gramático e tudo) que vem repleto sem instruções.

Dado que a maioria dos aparelhos móveis estão ligados à net de alguma forma atualmente, a noção de oferecer futuros jogos por cartão SD - até mesmo pacotes de 15 num só - parece depressivamente ultrapassada. Certamente faria mais sentido ligar a NGX a uma loja online via WiFi, ou até pelo PC via USB? A conveniência de ter 20 jogos pré-instalados é mitigada pelo facto de futuros jogos precisarem ser transportados contigo a todo o tempo. Apesar de ser possível a Tommo e a SNK Playmore terem escolhido distribuir fisicamente os jogos ao invés de optar pela via online para manter as coisas “autênticas”, uma razão mais óbvia é o desejo de cortar nos custos de produção da consola ao não ter ligação sem fios na NGX.

"O serviço para fãs no design da consola é intocável: o stick arcade sente-se bom e a estação de alocamento - na forma de uma consola AES - parece adorável."

Apesar da licença oficial, não existe equipamento Neo Geo dentro da portátil. Ao invés disso, tens versões emuladas dos clássicos da SNK - e isso previsivelmente leva a algumas inconsistências. Screen-tearing é o maior problema; está presente em alguns jogos, e especialmente prevalecente no shooter horizontal Last Resort. A recriação de audio também falha ocasionalmente e fãs veteranos da consola vão perceber de imediato que certos efeitos sonoros estão errados, e músicas memoráveis não soam como antes. O uso de emulação foi confirmado num recente desmontar do sistema, que também revela que os dados estão dentro de um cartão MicroSD sem proteção de cópia. Previsivelmente, a Neo Geo X já foi alvo de hack para correr outros jogos.

A vida da bateria é depressivamente pobre quando consideras que a Neo Geo X está simplesmente a emular uma consola com vinte anos. Vais ter entre 3 a 4 horas de jogo, que limita fortemente a viabilidade da consola como um produto que queres levar para fora da casa. Existe também o problema da bateria não poder ser removida, portanto não podes levar uma segunda - e mais, assim que a bateria chega ao fim ficas efetivamente com um pedaço de plástico moderadamente atrativo. Apesar disto ser prática comum com os smartpgones e até portáteis como a Vita, sente-se um erro horrendo num produto que foi presumivelmente criado para coleccionar jogos a longo prazo.

Neste limitado pacote Ouro, não só tens uma portátil Neo Geo X, mas também uma estação de alocamento que imita o aspeto da consola AES original. Esta tem uma tampa de abrir que revela ligações para a própria Neo Geo X. Quando inserida e ligada às principais, este arranjo permite que uses o sistema como uma tradicional consola caseira - até existe uma réplica do imponente arcade stick Neo Geo AES, que, segundo a Tommo, foi produzido segundo as exatas especificações do original. É uma aclamação arrojada que quase parece verdadeira; o stick certamente é tão robusto e com tão boa resposta quanto o seu antecessor direto, mas sente-se ligeiramente mais leve. Liga-se à estação via USB, o que significa que também o podes usar no PC, PlayStation 3 ou aparelho Android.

"O problema com a estação de alocamento diz mais uma vez respeito à qualidade de imagem - tanto HDMI como AV composto produzem resultados desapontantes que não tiram o melhor da sublime arte 2D que muitos jogos Neo Geo tem."

Na caixa temos um cabo HDMI e AV composto. Curiosamente, no manual de instruções a Tommo recomenda sinal AV, mas na verdade nenhuma oferece um grande grau de satisfação. Por HDMI, a imagem possuiu uma qualidade de imagem depressivamente lamacenta. AV Composto é ainda pior, com sangramento de cor e um horrível efeito fantasma em certos jogos. Se já tiveste um sistema AES e desfrutaste dos benefícios de sinal RGB SCART, vais ficar desapontado com a Neo Geo X - mas os novatos podem ser mais piedosos.

Neo Geo X: o veredicto Digital Foundry

É fantástico que o nome Neo Geo ainda tenha poder suficiente para assegurar que um produto como a Neo Geo X chega ao mercado. Apenas os mais acérrimos fãs diriam que a consola SNK era algo mais do que uma oferta de nichos no seu dia, mas foi tratada com tanto respeito pelos jogadores que a sua influência e fama foi além das suas vendas limitadas. A Tommo respeita a marca até certo grau, dando passos para assegurar que o pacote e aspeto geral parece tão aproximado quanto possível da coisa real e oferece controlos excelentes.

Infelizmente, apesar do alto preço de 220 euros, a Neo Geo X é um conjunto de compromissos. O maior deles é o ecrã deslavado, sem luminosidade e claridade, roubando aos luxuosos visuais 2D desenhados à mão o seu brilhantismo original. A emulação está efetivamente presente, mas problemas relacionados com screen-tearing e audio incerto afetam a experiência. Muitos dos jogos instalados no aparelho pouco provavelmente te vão divertir mais do que alguns minutos.

Se queres mesmo conhecer esta plataforma e tens 250 euros para estoirar, provavelmente ficas melhor com uma consola AES em segunda mão. Os sistemas Neo Geo são feitos para durar, e apesar dos jogos AES por vezes terem preços parvos (a edição AES de Metal Slug vale perto de 1700 euros) é possível apanhar muitos títulos comuns a menos de 60 euros.

"Por muito que quissessemos que a Neo Geo X fosse um sucesso, infelizmente falha em muitas áreas chave para ser compra recomendada: a emulação não é boa o suficiente e a qualidade de imagem desaponta."

Este método não só assegura a experiência mais autêntica, mas também providencia a melhor qualidade de imagem - e não tens que suportar emulação. Naturalmente perdes o elemento de portabilidade, mas com tão pobre duração de bateria, a Neo Geo X dificilmente pode ser vista como uma verdadeiramente viável plataforma móvel de jogos de qualquer das formas. Uma cópia em segunda mão se SNK Arcade Classics para a PSP (ou com jogos Neo Geo transferidos da PSN ) é uma melhor alternativa se realmente queres conhecer as melhores pérolas arcade da SNK numa plataforma móvel.

Por muito que quisesse-mos que a Neo Geo X fosse um sucesso, infelizmente falha em muitas áreas chave para ser compra recomendada. Os fãs dedicados vão criticar o pobre ecrã e qualidade de imagem que não impressiona quando ligada a uma televisão, enquanto outros com apenas um pequeno interesse na ilustre história da SNK vão sem dúvida ser afastados pelo imensamente optimista preço de venda

Se a Tommo conseguir assegurar suporte continuado para o aparelho em termos de novos jogos a preços razoáveis, a Neo Geo X pode ter futuro, mas é impossível ignorar as falhas do sistema. Esta é uma consola que foi criada com as intenções certas mas a execução infelizmente tem falhas.

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Damien McFerran

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Retro fanatic and tech bore Damien has been writing words for professional publication since 2006, but has yet to fulfill his lifelong ambition of being commissioned by Your Kitten Magazine.

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