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Naruto Shippuden: UNS Revolution - Análise

Revolução ou renovação...da desilusão?

Em Novembro de 2008, o CyberConnect2 e a agora Bandai Namco decidiram brindar a PlayStation 3 com um exclusivo de seu nome Naruto: Ultimate Ninja Storm cuja edição especial em caixa de metal ainda hoje está aqui à minha frente. Esta nova série dava continuidade aos elementos gameplay da série Ultimate Ninja da PlayStation 2 e mas incluía várias novidades como um modo de exploração livre em Konoha, combinadas com visuais incríveis que pareciam quebrar a barreira entre jogo e Anime. Esse jogo vendeu pouco mais de um milhão de unidades mas conseguiu um resultado bem mais importante que as vendas, plantou a semente para uma nova série que criou fervor entre os milhões de fãs espalhados pelo mundo fora. Isso motivou a editora a lançar a sequela em Outubro de 2010 mas aqui também na Xbox 360 que junto com a PlayStation 3 conseguiram vender quase dois milhões de unidades. A série estava a crescer e o implementar de novas mecânicas com melhorias nas existentes agradou.

A sequela cimentou as bases do original, um jogo com dramática espectacularidade visual mas com um sistema de combate talvez demasiado simples para o seu gosto. Sem a momento algum colocar em causa o enorme serviço prestado aos fãs e uma incrível recriação da banda desenhada/animação. O terceiro jogo da anterior geração chegou em Março de 2012 na forma de Generations que nada mais era do que uma espécie de resumo de tudo o que os fãs haviam visto na TV com algum conteúdo novo. A sensação de estagnação era crescente e as vendas voltam aos valores do original, pouco mais de um milhão mas agora em duas plataformas. A Março de 2013 temos então Ninja Storm 3 que iria vender praticamente o mesmo que o anterior apesar de implementar novas mecânicas e condensar toda a evolução ao longo de seis anos.

Avançamos para Setembro de 2014 e temos este Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm Revolution que procura oferecer a melhor e maior experiência Naruto da anterior geração de consolas. Olhando para a evolução das vendas da série, a ideia que ficamos é que estagnou e manteve-se como um produto para os mesmos jogadores sem conseguir incentivar mais jogadores a aderir portanto a principal questão é se Revolution perde-se no mesmo padrão ou consegue contornar similar destino e tornar-se num produto acima da média? O padrão parece ser exatamente o mesmo: melhoria das mecânicas e visuais espantosos portanto vamos lá descobrir como é esta revolução.

"Revolution está longe de ser o que o nome indica, é mais uma continuidade padronizada que deveria gritar por rebeldia."

Já está disponível nas lojas para os fãs de sempre.

Primeiro devo dizer que Revolution continua a tentar impressionar os fãs da série e parece ter-se decidido de uma vez que os jogos da série são especificamente para eles. Ao contrário do esperado, aqui não temos um modo história, temos um Torneio Mundial mas as histórias secundárias originais escritas por Masashi Kishimoto são um verdadeiro must para qualquer fã que se preze. São muito provavelmente dos melhores motivos para entrar nesta aventura. Como referido, e infelizmente, o modo de exploração, o modo aventura, desapareceu e não mais voltou. Aqui temos um cenário hipotético que pensa se seria possível juntar todos os personagens existentes na série num torneio. Muitos se gabam que são os melhores de sempre portanto vamos colocar a mortalidade de lado e todos na arena. Não existem limites.

Isto catapulta o número de personagens para 118 e isto até pode impressionar mas inevitavelmente levanta a questão: quantidade é sinónimo de qualidade? Certamente não, pois será normal que muitos personagens caiam no esquecimento enquanto outros serão grandes destaques nos modos a solo e online (que nem são assim tantos quanto isso). É fácil perceber que muitos vão a correr para Madara ou Naruto com o chakra de Kurama mas provavelmente metade dos personagens que aqui estão apenas servem para fazer número. Pior do que isso é o alto desequilíbrio que vão sentir nas lutas quando são obrigados a escolher uma equipa de três ou mais personagens e percebem desde logo o preço de jogar somente com os poderosos. O equilíbrio e profundidade entre personagens é obrigatório mas a sua gestão poderia ter sido mais cuidadosa.

Falo em equipas de três ou mais personagens pois existe agora um novo modo principal que esse Torneio Mundial no qual entraremos numa ilha que podemos explorar livremente mas que infelizmente só aborrece. Colocando de lado os enfadonhos trabalhos secundários, a exploração até consegue ser ocasionalmente divertida mas não ficará na memória de ninguém. Rapidamente procuramos despachar os trabalhos para adicionarmos personagens à nossa equipa e entramos nos diferentes torneios. Qualquer fã de Naruto vai sentir que está a ser respeitado e elogiado ao jogar com qualquer personagem pois terá acesso a especiais, habilidades, combos, transformações e tudo o mais de uma forma espectacular e dinâmica que relembra desde logo o que vemos na TV.

Particularmente importante para isso são os visuais que continuam tão fascinantes como sempre. Apesar do motor já dar sinais de algum desgaste, especialmente no departamento do aliasing, terrível infelizmente, o dramatismo visual de Naruto continua tão imponente como em 2008. Pena mesmo não haver um modo história para tornar tudo ainda mais espectacular. O mesmo poderia ser dito do sistema de combate e da grande maioria das mecânicas gameplay. A grande novidade são os combates a 4 no modo Torneio, onde temos um valor acima da energia que temos que aumentar para triunfar. Ao espancar os outros três concorrentes são libertadas orbs que temos que recolher e quem tiver mais no final do combate ganha. O sistema de combate continua tão simples, acessível e veloz como no primeiro UNS mas agora com a sabedoria e melhorias de 7 anos em cima.

No entanto, o incessante pressionar de um só botão de ataque e a demasiadamente fácil forma de aplicar os jutsus mais poderosos e devastadores, banaliza o jogo e torna estes momentos imponentes, como o Super Tailed Beast Rasenshuriken, em algo que rapidamente perde o impacto. A velocidade é alta e o martelar dos botões será recompensador mas tão vamos perceber que dominar todos os outros sistemas de suporte será vital. Desde contra-atacar, recarregar chakra, correr ou recuar rapidamente, alternar entre adversários nos quais a mira está centrada, estes e mais sistemas dão alguma profundidade ao sistema de combate mas quando encontramos os personagens mais fortes, os outros 70/75 deixam de fazer sentido.

Só mesmo os mais acérrimos e dedicados fãs vão conseguir abraçar este jogo sem as mesmas reticências que tem afligido a série nos lançamentos mais recentes. Existem personagens novas e inéditas, Mecha-Naruto foi muito badalado pelo CyberConnect2, existem novas histórias secundárias com animação inédita, existem novos modos de jogo que no papel até impressionam mas na prática não partilham do mesmo saber que outros estúdios que os utilizaram ou ainda utilizam, tem muito material e imagens que só mesmo os dedicados vão perceber mas ainda assim não evitar ser o que os outros anteriores foram: um jogo interessante mas com falhas que deveriam ter sido corrigidas.

Não é um mau jogo mas é um produto que está perdido num mar de estagnação e não sabe onde fica a terra, portanto sem saber em que direção nadar. Sinceramente toda esta situação faz-me pensar no mundo da música. Temos uma banda que não quer lançar mais discos mas a editora insiste no cumprimento do contrato e obriga nem que seja a um best Of da praxe com um ou dois temas novos. Sabemos que o estúdio sabe fazer bons jogos e ama de verdade estas séries mas está demasiado rígido para permitir novos voos. Existe tanto potencial no material fonte que continuar a bater na mesma tecla que nem tem dado os resultados que os fãs desejam é algo que não consigo perceber. É tão fácil criar um bom jogo de Naruto e o próprio CyberConnect 2 mostrou isso no início desta anterior geração de consolas.

Acredito que está na hora de entregar a propriedade a um novo estúdio, como o Omega Force da Koei Tecmo, e criar uma nova série como Naruto Shippuden Warriors e descansar a série Storm. Revolution não é um mau jogo, apenas serve para uma minoria que ainda não se cansou de jogar os mesmos jogos há sete anos. Uma minoria certamente guardará de forma religiosa este novo produto e tem todo o direito de o fazer mas todos os que se preocuparem com o futuro de Naruto nas consolas caseiras, principalmente já a pensar nas novas consolas, deve olhar com preocupação para a evidente falta de ideias na série e para a ausência de inovações profundas.

7 / 10

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Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.

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