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MotoGP 17 - Análise

Guiar uma equipa ao pódio.

Uma produção sobretudo para os fãs. Adiciona um interessante modo gestão mas no resto ainda é um jogo formatado no modelo dos jogos passados

O estúdio italiano Milestone renovou mais uma vez a licença de utilização do mundial de MotoGP. O acordo com a Dorna Sports permanece em vigor e assim temos nova dose de competição, com as motas, as marcas e os pilotos oficiais que integram as várias disciplinas do mundial de motociclismo. É assim desde há um punhado de anos, quando a Bandai Namco passou a distribuir os jogos do estúdio sedeado em Milão, conhecido pela devoção demonstrada pelos desportos motorizados, tanto em duas como em quatro rodas.

Tendo em conta a popularidade da competição, especialmente aqui ao lado, que contribui não só com alguns grandes prémios (Catalunha, Jerez e Valência - Ricardo Tomo) - como ainda é berço de campeões como Jorge Lorenzo ou Marc Márquez -, tornar a série anual é quase um requisito mandatório, algo a que já estamos acostumados, por esta altura do ano, quando o mundial de motociclismo cumpre metade das provas do calendário.

MotoGP 17 é um jogo com algumas mudanças e melhorias, mas que em termos globais permanece como uma produção dirigida sobretudo aos fãs e entusiastas da modalidade. É esse o seu escopo e dificilmente veremos algum dia um jogo capaz de se tornar mais ambicioso que o interesse em cobrir a disciplina. Sabem por isso os fãs com o que podem contar: desde uma melhoria na condução das motas, melhor fluidez (estável nos 60 fps), algumas opções e modos de jogo novos. No entanto, o motor gráfico acusa já algum desgaste e nesse capítulo urge efectuar uma mudança. Tornar o jogo mais apelativo e rico visualmente, assim como melhorar a atmosfera ao redor da pista, são alguns pontos a considerar em futuras edições.

O tuga Miguel Oliveira, de 22 anos e estudante de medicina, é um dos pilotos mais rápidos do Moto2.

Assim que subimos para a mota e aceleramos no asfalto do serpenteante circuito italiano Mugello, a sensação de equilíbrio é dominante, um misto de arcade e simulação, capaz de agradar tanto a principiantes e novatos como a jogadores experientes (depois de desligadas uma série de assistentes), tornando a condução interessante, embora não muito diferente do que experimentamos em edições pretéritas. Há bons indicadores: o som do motor está melhor (escutam-se até alguns rateres), as acelerações em curva requerem cautela e as travagens só com uma abordagem por antecipação podem ser bem sucedidas.

Pessoalmente, julgo que esta é uma experiência digna e sólida, no que à condução diz respeito. Sobretudo se nos atrevermos a desligar algumas assistências, caminhando a passos largos para a simulação. Mas resta saber até que ponto isto é novidade e nos fascina se jogámos algumas edições passadas? É difícil encontrar motivo para o fazer de novo, a não ser pela mera devoção pelo desporto, já que todas as equipas, marcas, motas e pilotos estão devidamente representados, uma autenticidade que acaba por prestigiar a produção mas não diz tanto a quem tenha experimentado.

Relativamente a modos de jogo, o campeonato é um dos destaques, com a opção para a criação de uma carreira, que vos deixa personalizar o vosso piloto. Depois de seleccionado o equipamento, as luvas e as botas, assim como o nome no fundo das costas, é tempo de saltar para a pista e começar a acumular sucessos na categoria de aceso ao Moto 3, o Red Bull MotoGP Rookie Cup. Depois deste pequeno trajecto vão pular para o Moto3. Nesse campeonato, mais de uma vintena de jovens aguerridos pilotos, dispostos a tudo para cruzar a linha de meta na frente, formam um extenso pelotão. O objectivo passa por ultrapassar barreiras e vencer corridas, e depois campeonatos, até chegar ao MotoGP e arrecadar o troféu da disciplina rainha.

Não faltam pilotos e motas clássicas como a Honda NSR500 (500cc) do espanhol Alex Crivillé

Embora este modo se encontre escalonado dentro do habitual registo, a grande novidade vai para a gestão de uma equipa, com toda a actividade relacionada com contratações e papelada, por oposição à acção na pista. Um modo que surge em consonância com os jogos gestão, entre os quais se destacam os de futebol e Formula 1. Basicamente, o objectivo consiste em criar uma nova equipa, com recurso a patrocinadores, cores da equipa e pilotos, uma operação que arranca no Moto 3.

"MotoGP 2017 é um jogo com algumas mudanças e melhorias, mas que em termos globais permanece como uma produção dirigida sobretudo aos fãs e entusiastas da modalidade."

Paralelamente à burocracia inerente ao desenvolvimento da equipa, é necessário preparar e desenvolver a mota, através de partes e componentes com melhor eficácia, indispensável para a melhoria dos resultados dos pilotos. Para isto é preciso vencer corridas e obter boas somas monetárias. As actividades estão concentradas no tempo livre, nas corridas e actividades diárias. O nível de gestão é interessante e bastante alargado, mas mais alguns quadros de informação, sobretudo na relação mantida com os pilotos e grau de satisfação (ou insatisfação) face ao "set up" da mota, dariam mais profundidade e uma melhor percepção da evolução.

Os outros modos de jogo são compostos pelo habitual "time trial" (ideal para afinar e testar uma mota antes de partir para um GP), opção Grande Prémio, com avanço para a corrida, e o modo campeonato, através de qualquer uma das diferentes categorias. Por fim, a opção para vários jogadores, via multiplayer em ecrã dividido, ou em ligação online, até 12 jogadores. Vencendo provas e conquistando troféus, desbloqueiam um conjunto de pilotos lendários, bem como as respectivas motas, das antigas categorias 125 cc, 250cc e 500 cc.

Aos 38 anos, poderá Valentino Rossi sagrar-se, novamente, campeão do MotoGP? No jogo podem reescrever a temporada.

Em corrida, um dos pontos negativos que continuamos a apontar é o escasso desenvolvimento da inteligência artificial. Os pilotos controlados pelo computador quase nunca erram e seguem uma linha trajectória como se estivessem sob carris. Mesmo quando um piloto cai à sua frente e rola sobre o asfalto, não há o mínimo desvio ou tentativa de evitar o acidente. Os toques entre as motas são muito frequentes, daí o recurso ao botão capaz de fazer "rewind". De resto, o realismo pode ser acentuado se desligarem as assistências, mas muitos dos problemas oriundos de um menor desenvolvimento da IA permanecem.

O grafismo, apesar da solidez nos 60 fps, não é um destaque e percebe-se que o motor gráfico usado pela Milestone acusa bastante desgaste, não se esperando muito mais que o satisfatório. A Milestone tem vindo a adoptar o Unreal Engine nalguns dos seus jogos, pelo que será o momento certo também para a franquia MotoGP dar o salto. A caracterização dos circuitos revela autenticidade mas a atmosfera é pouco contagiante. As emoções partem sobretudo do contacto com a mota, em especial na perspectiva dos olhos do piloto, que depois de algum tempo de adaptação provoca óptimas sensações (embora seja mais difícil de controlar). Em suma, Moto GP 2017 não redefine a exposição do mundial de motociclismo em videojogo, e apresenta-se, mais uma vez, como um jogo para os fãs. Com alguns pontos em melhoria, em certas áreas a Milestone ainda pode desenvolver e trabalhar para uma experiência superior, porventura mais convincente e autêntica.

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MotoGP 17

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.
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