Monster Hunter World - Primeiras impressões
Caçar monstros na beta é divertido.
Monster Hunter é uma febre que começou em 2004 na PlayStation 2, mas sempre procurou colocar-se nas plataformas mais populares. O especial entusiasmo demonstrado pelo público Japonês, muito superior ao que o Ocidente revelou pela série, rapidamente motivou a Capcom a concentrar-se nas portáteis para a série Monster Hunter. As vendas do jogo na PSP e Nintendo 3DS tornaram-se largamente superiores às vendas na PS2 ou Nintendo Wii/U para a editora Japonesa ignorar esse facto. Como tal, as consolas caseiras sofreram em detrimento das portáteis. É compreensível pois a série ficou associada às portáteis e os jogadores Japoneses, que na sua esmagadora maioria representam os fãs da série, preferiam comprar o jogo numa plataforma que o permitia levar para fora de casa e jogar com os amigos. Esse ainda permanece o maior valor de Monster Hunter, jogar com amigos.
No entanto, ao longo dos anos mais recentes, a série começou a acusar um grande desgaste e estagnou, o que se fez sentir nas vendas. A série em si já vendeu mais de 40 milhões de unidades, mas os mais recentes sofreram uma acentuada queda nas vendas. Na tentativa de responder à encrenca em que se colocou, a Capcom procura seguir a sua filosofia: procurar as plataformas mais populares que permitam à série manter a sua essência e introduzir um número mínimo de melhorias ou novidades que possam merecer a atenção dos seguidores. Isto significa que pela primeira vez desde 2009, quando Tri foi lançado na Wii, temos um Monster Hunter pensado para consolas caseiras. Para aproveitar a popularidade da PlayStation 4, PC e Xbox One no Japão e Ocidente, a Capcom decidiu olhar para estas plataformas mais poderosas e criar um Monster Hunter livre das limitações de uma portátil.
"Apesar de ser possível jogar a solo, não se compara com a sensação de jogar ao lado de amigos."
A chegada da beta à PlayStation 4 permitiu-nos jogar um pouco de Monster Hunter World (3 missões que podes jogar a Solo ou em Cooperativo para um grupo de 4) e descobrir em primeira mão as intenções da Capcom para o regresso da série às consolas caseiras. Numa era em que este tipo de jogos, sempre focado no cooperativo online, começa a seguir em direcção ao conceito de "jogos enquanto serviço" este é um momento especialmente interessante para os fãs. Monster Hunter World promete ser quase tudo o que os fãs pediam num possível regresso às consolas caseiras, mas este primeiro contacto deixou boas indicações, mas também nos deixou com algumas reticências. Monster Hunter é sobejamente conhecido e a Capcom quer-se manter fiel à sua essência, mas será que a Capcom está a jogar em demasia pelo seguro?
Algo que fica desde logo evidente é que isto é Monster Hunter puro e duro: um jogo aparentemente simples, mas que se torna incrivelmente divertido quando jogado com amigos. Comecei por jogar a solo para me habituar aos comandos (existem tantas acções que podes realizar que inicialmente se poderá tornar assustador). Rapidamente descobres que World enverga a mesma fórmula dos jogos das portáteis: começas num menu a escolher o monstro que queres caçar (cada um tem o seu mapa e a sua dificuldade), começas num dos vários acampamentos à escolha e partes em busca do rasto do animal. Segues o rasto (recolhes os itens que quiseres pelo caminho, que usas para melhorar armas e armadura) e quando o encontrares, começas a atacá-lo com a ajuda do teu pequeno felino (muito adorável).
Quando o monstro sofre um determinado dano (continua a não existir barra de vida para os monstros), fogem e procuram refúgio longe de ti. Terás de o perseguir rapidamente para acabar com ele. Cada caçada tem um tempo limite e um número limitado de vezes que podes recomeçar após ser abatido pelo monstro. Quando acabas com ele, voltas ao menu para escolher outra caçada. É isto. Tudo muito simples e muito familiar, na verdade, parece que a Capcom usou o poder destas plataformas caseiras para expandir os conceitos de Monster Hunter ao invés de os revolucionar. É o mesmo, mas maior. Isso é visível na ausência de ecrãs de loading nestas imensas zonas abertas, algo que quebrava a experiência nas portáteis ao caçar os monstros que teimavam em fugir entre zonas, no tamanho de cada zona e claro, no nível de detalhe e qualidade gráfica em cada uma delas.
Monster Hunter World decorre de forma altamente fluída e que funciona especialmente bem quando estás acompanhado, como já o referi diversas vezes. É um jogo que segue o mesmo molde, mas desfruta de um poder muito maior para se livrar das correntes impostas pelas portáteis. Mas não te enganes, é o Monster Hunter que conheces. A capcom apoiará o jogo de forma consistente e firme, prometendo dar-te incentivos a explorar os mundos além da simples caçada. O gameplay é acessível e existem vários parâmetros a respeitar (como melhorar as armas antes de uma caçada para corresponder às especificidades do monstro que vais procurar), mas é uma experiência muito directa e fácil de aprender. Grande parte da estratégia está na gestão dos atributos do equipamento e no tipo de arma que vais suar (mais pesada significa mais lento mas mais forte, mais leve significa menos dano mas maior agilidade).
Jogar a beta de Monster Hunter World é constatar o óbvio: é uma experiência muito divertida, mas que ganha verdadeiro valor quando jogada com outras pessoas. Existem actividades que premiam o teu tempo naquele mundo, seja a solo ou em cooperativo (como recolher itens para crafting de melhores preças), mas é ao lado de outras pessoas que a fórmula Monster Hunter alcança todo o seu dinamismo e energia. A beta atesta isso mesmo e deixa uma clara mensagem para quem está a pensar comprar o jogo completo: com amigos alcança um patamar superior. A beta também permitiu ver que a Capcom trabalhou bem no aspecto visual, mas mostra que manteve a mesma estrutura de várias zonas abertas divididas por menus entre caçadas e não propriamente um imenso mundo aberto que muitos poderiam desejar. De certas formas, Monster Hunter World parece-se colar-se muito próximo à fórmula vista nas portáteis, o que poderá representar inesperados riscos.