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Left 4 Dead

Fatalmente sós!

Às portas de um destino trágico e abandonados no final de um dia só gizado num pesadelo sufocante, há-de faltar o ar para perceber, por instantes, o que passa pela cabeça de um morto-vivo, para num claro estado de má conservação, morder o corpo de um ser humano dentro do prazo de validade até à última batida cardíaca. Bom, talvez Stubbs the Zombie seja a mais recente e preciosa tentativa de parodiar ostensivamente criaturas horrendas de carne infectada, na forma como Edward Stubbs, ex-agente de viagens, regurgita líquidos ácidos, lança flatulência tóxica, com tripas expostas e braços erguidos à procura da próxima vítima, sobrando o momento capital quando faz da própria cabeça uma mera bola de bowling.

Num estado em que não se sabe ao certo como e quando se vai morrer, o que parece irremediável é um impulso, um acto desenfreado, instintivo, por ordem da natureza disforme, como o que passou pelos dois gañados em RE4 quando atiraram um polícia já morto ao lago sob o olhar atento do Leon Kennedy, enquanto o outro colega ficara reduzido a cinzas depois de arder pregado a um poste. Vem do abdómen, e vê-los agir em bando, como conta Resident Evil ou Dead Rising, projecta uma sensação de profunda impotência perante tamanha coligação. Com um ritmo rápido e intenso por entre espaços distintos, desbravando com pontaria certeira todos os braços em riste pelo meio, quatro sobreviventes lutam pela vida neste L4D.

Juntando esforços, fazem da união uma força suplementar para escapar à morte certa. Eles conseguem atravessar ruas infestadas de mortos-vivos, corredores repletos de criaturas, sem grande margem para sossego e só quando chegam ao terraço de um edifício podem gozar alguma segurança. Este é o ponto de partida para os famosos quatro, de idiossincrasias díspares, e que a Valve elegeu para dar uma nova embalagem aos jogos de “survival horror” com tónico na acção trepidante. A demonstração disponível desde há poucos dias no Steam e marketplace para a Xbox 360 permite jogar dois capítulos a solo (com os restantes três colegas controlados pelo computador) ou com mais três amigos ligados em rede.

Um cigarro no canto da boca sempre ajuda a descontrair o veterano do Vietname, Bill.

A arquitectura de L4D é pensada em primeira instância na exploração para múltiplos jogadores, seja através de combates entre zombies e sobreviventes, ou no avanço das diversas campanhas em plena cooperação de esforços. É possível percorrer as grandes áreas de jogo a solo, já que o computador empresta, numa boa competência, a devida movimentação dos nossos colegas, mas pelo ritmo e sequência dos confrontos não há dúvidas que L4D quer-se jogado com uma banda de amigos.

Por outro lado, este jogo é um FPS com uma progressão algo distinta dos jogos do género que muitas vezes entrelaçam momentos de acção com exploração, havendo algures espaço para quebra cabeças. L4D é mais despachado e força o ritmo por entre hordas de zombies, alimentando o interesse do jogador pelo constante avolumar de situações inesperadas. Com uma circunscrição da narrativa ainda longe do domínio público, também é verdade que os autores desta obra não descuraram a ideia de uma perspectiva cinematográfica como forma de capturar em pleno a tensão, receio e medo, típica dos jogos “survival”.

Na pele de Louis, Francis, Zoey e Bill, a missão, se a aceitarem, é avançar ao longo de quatro grandes áreas repletas de hordas de seres semi-vivos. Naquilo que a demonstração permite descobrir, ao longo da secção do metro e condomínio, destacam-se as zonas sombrias, de fraca e ténue luminosidade, onde se escondem seres à espreita do momento mais inesperado para atacar. Gritam, sente-se que eles nos farejam e gemem o terror que lhes vai no corpo. Num sapateado assustador chegam-se ao perto, e atacam com fúria, consecutivamente, montes deles. A física ajusta-se à força da bala e dá boa conta do recado, sendo fácil e um vício, em pouco tempo, descarregar centenas de cartuchos de espingarda nos inimigos (as pistolas têm munições infinitas, para o caso de faltarem provisões para a metralhadora ou espingarda). As criaturas infectadas ressaltam com o impacto e amontoam-se.

Atenção às costas, mas não pensem que lá por ter duas pistolas vai executar um movimento em câmara lenta ao estilo Matrix. Morreria por isso.

Para a hipótese de falta de balas, eventualmente um carregamento no momento menos oportuno e o gatilho esquerdo está à disposição, propiciando uma vigorosa coronhada para afastar o bando que mete aflição por instantes. À nossa volta os colegas de equipa formam um grupo coeso, de entreajuda e não se escusam a colmatar uma actuação menos eficaz da nossa parte, tendo o colega altruísta direito a uma mensagem de louvor.

Os zombies estão repartidos por várias espécies, justificando comportamentos distintos e inesperados, mas também abordagens diversas. Na demonstração encontramos The Boomer, um zombie balofo e cheio de banhas ascorosas que quando atingido à curta distância, explode e liberta ao seu redor uma chuva esverdeada; sucos digestivos em decomposição, que não só causam cegueira nos sobreviventes como libertam um irresistível poder de atracção sobre hordas de zombies. Por enquanto não é possível determinar que L4D seja um jogo linear, mas daquilo que está disponível até agora, a circulação nas áreas não se compadece com bifurcações ou percursos alternativos. O grafismo está cuidado, coeso, atractivo e polvilhado de pequenos detalhes que ajudam a tornar a experiência mais realista, a par de uma animação fluida e eficaz mesmo com quatro elementos sempre muito próximos.

L4D vai na direcção de um rumo com acento agudo nos “survival” de acção com hordas de criaturas descaracterizadas. De algum modo quase lembra títulos mais arcade na forma como lida com o aparecimento e quantidade de criaturas em presença cada vez que os quatro sobreviventes lutam pela vida naquele oceano de pesadelos. E isso faz toda a diferença.

Left 4 Dead tem lançamento no nosso mercado no próximo dia 21 de Novembro para a Xbox 360 e PC.

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Left 4 Dead

Xbox 360, PC

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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