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Kirby's Dream World 3 - Análise - Virtual Console Wii U

Mundo de sonho!

Quem conhece os jogos da série Kirby, sabe como esta personagem peculiar tem uma das vidas mais tranquilas e pacatas de sempre, não fosse uma das suas características ser precisamente a capacidade de flutuar, como um imenso zepelin, depois de inspirar uma boa golfada de ar puro.

Na terra dos sonhos, por onde deambula sem preocupações de grande espécie, as montanhas podiam ser substituídas por algodão doce, os rios por escorregas de água, as árvores por guarda-sóis e em vez de alto mar, só recifes de corais . Porém, nem tudo é paz e sossego. Perturbações nesse universo alinhado com os astros são recorrentes, agora à custa da matéria negra, embora a Nintendo tenha deliberadamente optado por tornar menos problemática a tarefa desta emblemática bola saltitante.

A maioria dos jogos da série (para não dizer todos) são experiências amigáveis e bastante acessíveis. A série, na verdade, nunca foi conhecida pelo seu grau de dificuldade e exigência dentro do modelo de plataformas. Sempre foi um propósito dos produtores chegar a uma audiência mais juvenil. Se compararmos o grau de dificuldade das experiências arcade no final dos anos oitenta, com os primeiros jogos protagonizados por Kirby percebemos que, nesta série, sempre foi uma intenção da Nintendo cativar pelo grafismo e pela acessibilidade, permitindo que qualquer pessoa pudesse sentir-se conquistada por aquele mundo de ternura, cor e felicidade, onde habita Kirby juntamente com os seus amigos.

Goodfellas!

Porém, simplicidade não significa ausência de uma estrutura de jogo. Se atendermos a Kirby Epic Yarn, uma das mais recentes evoluções da série, descobrimos que a Nintendo foi capaz de pegar no elemento tecido e torná-lo central em termos da experiência. Não é bem o caso deste Kirby Dream Land 3, lançado em 1997 nos Estados Unidos e em 1998 no Japão, para a Super Famicom. Nessa altura já a atenção do mercado se debruçava sobre os jogos 3D a correr em plataformas como Playstation e Saturn, enquanto que Super Mario 64 era o grande rei da Nintendo 64. Porém, o grande sucesso da Super Nintendo não obstaculizou a produção de jogos para a consola, mesmo depois da entrada em cena das novas concorrentes, mais evoluídas. O único limite nesse processo de localização para vários territórios foi mesmo a não chegada à Europa. Uma situação que agora é corrigida com este lançamento para a Virtual Console da Wii U.

Kirby's Dream Land 3 vem dar continuidade ao modelo de jogabilidade dos jogos anteriores. Não causa por isso nenhuma estranheza revisitar algumas mecânicas, nomeadamente a possibilidade de Kirby voar depois de engolir ar, assim como disparar os inimigos retidos na boca (numa acção em todo semelhante ao arremesso bocal de Yoshi) e praticar poderes especiais oriundos dos adversários, depois de os ter engolido definitivamente. Desta forma, Kirby consegue beneficiar de um grande conjunto de ataques especiais (que podemos identificar através da descrição colocada no canto inferior esquerdo), como o guarda-sol, com o qual pode bater na cabeça dos adversários, mas também atirar bolas de fogo, gelo entre outros.

Tempo para uma boss fight.

No plano das plataformas, Dream Land 3 oferece mais colorido e um traço artístico que nos lembra o uso das ceras sobre papel. Embora menos fluido e produzido graficamente que Yoshi's Island, o ritmo mais lento da movimentação em plataformas deve-se em boa parte à deslocação mais pesada da nossa personagem. É sempre possível pressionar duas vezes para a direita ou esquerda de modo a colocar Kirby em corrida, mas o movimento a passo, é realmente lento e vagaroso, o que até pode causar alguma atrapalhação no contacto com os inimigos. Se preferirem podem sempre inspirar uma boa porção de ar e ganhar capacidade de voo, escapando assim a alguns combates, numa batota que vem claramente encolher a margem de desafio.

Nesta demanda contra a matéria negra que se aprisionou em certas personagens, Kirby será auxiliado por vários amigos, entre os quais se encontram o hamster Rick e o peixe Kine. Ao todo são seis camaradas que disponibilizam assistência à nossa bolha, mas nem todos estão imediatamente disponíveis, devendo ser descobertos dentro dos níveis. O seu auxílio revela-se providencial, facilitando em muitos casos o combate, mas também o acesso a áreas secretas. Em função do seu contributo especial, é indiscutível que a jogabilidade prova assim alguma versatilidade, e cuja revisita, nalguns casos, vale a pena, quanto mais não seja pelas transformações operadas em termos de interacção. Além disso estas personagens oferecem níveis de cutness tão ou mais altos que os de Kirby.

Pelo ar a progressão é mais rápida.

Kirby dispõe ainda de mais um trunfo nesta caminhada; o precioso camarada Gooey, que mais se assemelha a um Slime de Dragon Quest, mas que possui uma estrutura interactiva muito semelhante a Kirby. Porém, a sua utilidade é óbvia. Caso tenhamos um amigo por perto e um segundo comando disponível, podemos fazer dois jogadores felizes. Uma dupla de sucesso, admitamos, ainda que na possibilidade de controlo através da inteligência artificial, cumpra minimamente a sua função.

Em termos de conteúdo, Kirby's Dream Land 3 não é tão vasto como Yoshi's Island ou até mesmo Super Mario World. Existem seis mundos para percorrer, cada um com seis níveis e um combate contra um boss. Em pouco tempo um jogador mais experimentado completa tudo. Já descobrir todos os tesouros escondidos é tarefa suplementar.

Embora não seja um jogo tão deslumbrante como Yoshi's Island, dá conta do recado ao entregar uma paleta de cores abundante, um mundo de plataformas em 2D consistente e todo um design que transpira doçura, entre muitas imagens paradisíacas, reforçado com a inclusão de mais personagens auxiliares. Talvez cada pessoa idealize o seu mundo de sonho. Kirby não precisa de o fazer, porque o mundo dele é de sonho.

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