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Irem Collection Volume 1 - Com um beijo da Madonna

Alguns dos mais árduos clássicos "shmups".

Image credit: Inin Games
Uma peculiar selecção de "shmups" de uma produtora que contribuiu para as bases de um género, mas podia receber mais jogos e reduzir o número de volumes previstos.

A Strictly Limited Games acabou de editar o primeiro volume da Irem Collection. Com desenvolvimento a cargo da Tozai Games, companhia fundada por antigos membros da Irem, chegam três clássicos: Image Fight I, Image Fight II Operation Deepstriker e X-Multiply. As colecções de clássicos produzidos para as arcadas, ao longo dos anos oitenta e noventa, continuam a proporcionar reecontros com os fãs e descobertas interessantes por parte das novas audiências. Produtora e editora que tem investido nessa redefinição é a M2 Co., detentora de alguns volumes de clássicos da renomeada Toaplan, entre outros títulos oriundos de produtoras como Cave (Esp.Ra.De) ou Raizing (Battle Garegga). Com muitos jogos editados no Japão (e no mercado norte-americano), tanto nas arcadas como nas plataformas PC-Engine e Famicom, abre-se aqui uma oportunidade de ver e jogar muitos desses jogos nas novas plataformas, entre os quais alguns títulos menos conhecidos da grande audiência.

A Irem, fundada em 1974, em Osaka, é uma dessas produtoras que ajudou a abrir caminho entre os “shmups”, especialmente com essa notável produção de 1987, R-Type, um dos melhores “shmups” de ficção científica. Para lá da imensa quantidade de jogos produzidos, a Irem criou também uma parceria com a Nanao Corporation que lhe permitiu produzir e vender arcadas no mercado japonês. A Irem Madonna notabilizou-se não só por ser inspirada na vocalista americana, num anúncio no qual os lábios sobressaíam sobre a máquina, mas por ser a “cab” na qual os jogadores podiam jogar os próprios jogos da Irem.

Image credit: Inin Games

Se R-Type é um dos nomes mais consagrados da Irem, não é menos relevante Image Fight e a sequela (Image Fight II). O primeiro é de 1988, editado um ano após o mítico R-Type. Entre os fãs, tanto Image Fight como a sequela são considerados jogos desafiantes, graças ao seu grau de dificuldade assinalável. Contudo, ambos revelaram-se primordiais nas influências de alguns produtores, como o criador de Radiant Silvergun (Hiroshi Iushi) e Tomonobu Itagaki. X-Multiply define-se como um “shmup” de scroll horizontal, do estilo R-Type, assente na particularidade de decorrer dentro do corpo humano, com um ambiente muito distinto e peculiar.

Três clássicos para suar as estopinhas

Image Fight, o mais longínquo em criação temporal da colecção, é também o mais árduo. Este é um “shmup” em formato de scroll vertical, no qual se controla a nave espacial OF-1 Deadalus, numa batalha épica contra os alienígenas. O desenho dos níveis é assinalável, especialmente porque a acção e o combate decorrem em áreas militares espaciais, numa defesa e contra-ataque dos aliens. Com uma aeronave capaz de aumentar e diminuir a velocidade de forma manual e acoplar diferentes pods que gravitam em torno do aparelho, existem suficientes opções estratégicas a adoptar ao longo dos níveis. É exigente vencer e finalizar o jogo, mesmo para os padrões actuais, a dificuldade de Image Fight não prescinde de memorização e caminhos pre-definidos para se chegar ao fim. A margem de improviso é menor. A versão arcada original aqui disponibilizada é acompanhada pela versão PC-Engine de 1990 (Japão) e Famicom e NES (América do Norte), igualmente de 1990.

Image credit: Inin Games

Dois anos depois (1992) a Irem editou a sequela Image Fight: Operation Deepstriker exclsuivamente para a consola PC-Engine, um jogo na mesma base do original embora com melhorias e desenvolvimentos. Desde logo ao permitir a passagem da OF-1 Deadalus para a OF-3 Garuda, em missões mais avançadas. Há novas partes de equipamento, como a chama de plasma, a bomba de gravidade e a “wipe laser”, armas que emprestam mais e diferenciada capacidade de ataque. Porém, a dificuldade permanece alta. É também o primeiro Image Fight a apresentar sequências animadas e com voz, bem como uma banda sonora “stereo” da autoria de Takushi Hiyamuta, que se viria a notabilizar por produzir os temas musicais em Metal Slug, e Hiroshi Kimura (Super R-Type e R-Type Leo). Face ao original é um jogo com maior produção mas também de dificuldade superior, com algumas mudanças designadamente o modo 4:3 decorrente da adaptação à consola PC-Engine.

Quanto a X-Multiply, este “shmup” horizontal de 1989, é apresentado nas versões arcade japonesa e mundial, transmite algumas semelhanças com R-Type, através da navegação horizontal e uma acentuada dimensão científica ao reduzir a aeronave X-002 a uma espécie de aparelho micro, com tentáculos capazes de disparar e ao mesmo tempo fluir no ambiente orgânico humano. Há toda uma arte distinta relativamente aos Image Fight, com detalhes assinaláveis e zonas aterradoras inspiradas nos trabalhos de H.R: Giger, um artista plástico suíço afecto ao surrealismo e arte fantástica. Não é um jogo tão brutal em dificuldade e com todo aquele ambiente deixa uma impressão senão diversa, igualmente apelativa.

Ver no Youtube

Existem tabelas de liderança mundiais para cada um dos três jogos, um factor a ter em conta se o objectivo é levar o nome a uma posiçao cimeira. A colecção justifica-o, com uma boa adaptação à consola Switch (plataforma na qual analisamos a colecção) em termos visuais. O reforço das opções visuais e de emulação, numa aproximação à imagem dos antigos CRT’s permite o habitual, com destaque para uma série de desafios se quiserem investir em algo mais para lá do fim do jogo. O quadro de opções não é tão retumbante ou esmerado como vemos acontecer com as produções da M2 Co., com quadros de selecção baseados na arte e sonoridades dos jogos, bem como um reforço de dados de informação, mapas e manómetros relevantes da aeronave nas laterais da imagem, quando em combate. No entanto, globalmente é uma experiência bastante satisfatória, especialmente desafiante. Os Image Fights são dos “shumps” mais difíceis que podem encontrar. Em resumo, uma colecção que não sendo a mais excelsa no tratamento, providencia um óptimo tratamento de alguns clássicos porventura desconhecidos da nostálgica Irem e relança a curiosidade pelos jogos incluídos no próximo volume.

Prós: Contras:
  • Inclusão de várias versões do mesmo jogo
  • Tabelas de liderança mundiais
  • Arte em X-Multiply
  • Boa emulação
  • Desafios
  • Sistema de save ajuda a prosseguir
  • Sem os bónus da arte ou banda sonora
  • Poucas opções visuais nas laterais da navegação

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