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Immortals of Aveum - Uma base sólida com falhas significativas

DOOM Eternal com magia devia ser mais divertido.

Image credit: Ascendant Studios
Uma narrativa que mistura humor e emoção, apresentando uma jogabilidade sólida, mas que, no entanto, poderia ser mais envolvente e divertida. Infelizmente, os visuais deixam a desejar.

Immortals of Aveum é a mais recente aposta da EA Originals, um título que promete transportar os jogadores para um reino mágico e misterioso, repleto de desafios épicos e aventuras emocionantes. Desenvolvido pela Ascendant Studios, estúdio independente composto por veteranos da indústria, foi um processo de cinco longos anos de trabalho árduo para entregarem uma experiência única de ação, combinando narrativa envolvente, mecânicas inovadoras e um mundo mágico exuberante para explorar.

A narrativa de Immortals of Aveum é um dos elementos centrais e devidamente destacado, com a intensão de nos cativar e transportar para um reino mágico e repleto de mistérios, onde assumimos o papel do protagonista Jak, um "Immortal" capaz de manipular diferentes cores de magia, cada uma com habilidades únicas. É visto como um imprevisto, alguém que cresceu desprovido de poderes e recursos nas ruas de Seren, mas será ele a chave para um futuro melhor. É forçado a envolver-se na guerra infinita pelo domínio da magia, uma guerra que afetou a humanidade durante muito tempo.

Narrativa envolvente e cinematográfica

Aveum é onde tudo se irá passar, um mundo de conflitos seculares e lutas pelo controlo da magia, conhecida como Everwar. Neste cenário, os cinco reinos outrora poderosos foram reduzidos a duas forças opostas: Lucium e Rasharn. Entre eles, estende-se a Ferida, um abismo profundo que divide os reinos com as suas fendas sombrias. Jak, acompanhado pela ordem de elite de Imortais, é chamado para intervir no conflito. A missão é desvendar os segredos enterrados no passado tempestuoso de Aveum, à procura de pistas que possam salvar o futuro.

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Com uma narrativa envolvente, o jogo combina uma experiência cinematográfica com um combate baseado em feitiços. Aqui destaca-se logo a perspetiva do gameplay, é em primeira pessoa, típica dos FPS. Uma opção da Ascendant Studios que tem impacto significativo de como se desenvolve a jogabilidade e todas as suas complexas mecânicas. As ferramentas que temos à nossa disposição, a magia das cores, são em quantidade elevada, demasiada até para ser sincero.

A escolha de adotar a perspetiva em primeira pessoa, característica dos FPS, influencia de forma marcante a jogabilidade e as suas complexas mecânicas. O jogo oferece uma ampla gama de ferramentas à disposição dos jogadores, representadas pelas diversas cores da magia. No entanto, a abundância dessas opções pode parecer excessiva, é um enorme desafio dominar as numerosas possibilidades à disposição e a realizar múltiplas combinações para derrotar os inimigos.

Opções e personalização do estilo de combate

Em Immortals of Aveum, o sistema mágico oferece uma variedade impressionante de opções para explorar e personalizar os estilos de combate. Com mais de 25 feitiços e 80 talentos disponíveis, temos a liberdade de aprimorar e adaptar as habilidades de acordo com as preferências individuais e estratégias táticas. As cores da magia desempenham um papel importante na jogabilidade. Cada cor - Vermelha, Azul e Verde - tem características únicas. A Magia Vermelha é ligada à violência e pode criar raios destrutivos. A Azul manipula a matéria e permite criar escudos. A Magia Verde lida com crescimento e morte, podendo prender objetos. Cada magia tem um símbolo e cor associadas.

Através da combinação estratégica das diferentes cores de magia, podemos ajustar a abordagem de acordo com os desafios que iremos encontrar. É possível criar combinações únicas para enfrentar inimigos e resolver quebra-cabeças. Esse sistema de cores acrescenta profundidade à jogabilidade, oferece escolhas significativas e criativas em cada situação. Embora seja uma combinação interessante com múltiplas possibilidades, nem sempre a sua introdução é amiga do jogador. Jogar em primeira pessoa e de comando, joguei na PlayStation 5, pode ser incómodo e não tão recompensador como desejado.

O mundo de Aveum é segmentado em diversas zonas, cada uma desbloqueada à medida que a jornada avança. Essas áreas apresentam ambientes distintos, variando desde paisagens gélidas até cenários exuberantemente verdes. Os locais estão repletos de áreas a explorar, proporcionando uma sensação de descoberta constante. No entanto, vale notar que, ao seguir a narrativa principal, o jogo assume uma abordagem mais linear, somos sempre guiados por um ponto de referência que nos indica a direção certa.

Linearidade e jogabilidade a precisar de ajustes

É de fato uma apresentação que segue uma abordagem predominantemente linear, embora permita momentos de pausa para quem deseje explorar Aveum com mais profundidade. Além da progressão da história principal, são oferecidos desafios adicionais, como uma variedade monstruosa de quebra-cabeças, e áreas acessíveis por meio de portais com desafios a completar em troca de recompensas. Algumas áreas do jogo lembram de forma evidente o estilo visual do jogo "Control" da Remedy Entertainment, uma semelhança intrigante e surpreendente que não passa despercebida.

A componente da jogabilidade é uma peça fundamental da experiência, oferecendo uma vasta gama de ferramentas e magias que sustentam as mecânicas. A obtenção acelerada dos poderes mágicos é um ponto positivo, eliminando a espera por habilidades essenciais. No entanto, a grande quantidade de feitiços disponíveis pode ser um desafio. Embora seja possível dirigir o foco para uma das cores de magia, a escolha certa é crucial para derrotar determinados inimigos, considerando as suas vulnerabilidades específicas. Há que ter em consideração que alguns inimigos são mais vulneráveis a um dos elementos, um escudo azul é mais fácil de quebrar com os poderes da cor condizente.

A variedade de poderes mágicos proporciona dinamismo à experiência, permite adaptações estratégicas para diferentes situações. A escolha entre especializar-se em uma cor ou explorar várias abordagens oferece uma sensação de personalização ao estilo de jogo. Mas a introdução de inimigos com fraquezas especificas deitam um pouco por terra uma evolução centrada em apenas uma das cores/magias.

A análise das mecânicas de Immortals of Aveum revela evidentes obstáculos e imperfeições. Certos movimentos carecem da fluidez desejada, com impacto negativo na experiência. Por exemplo, os saltos com a Corrente mostram-se “enferrujados” e o Impulso/Blink é interrompido por pausas inexplicáveis. Ao percorrer os cenários em momentos intensos de combate, a falta de fluidez na movimentação é evidente, muitas vezes devido a escolhas que poderiam ter sido diferentes. Em comparação, vem ao pensamento a movimentação contínua e espetacular de Doom Eternal, que se destaca pelas suas arenas fluídas e dinâmicas. A inclusão da abordagem da id Software teria o potencial de elevar a experiência a um patamar excecional. É notório que pequenos ajustes poderiam fazer toda a diferença, tornando-se, assim, uma oportunidade perdida para um maior impacto.

A considerável dificuldade em jogar utilizando um comando é mais que evidente. Muitas das batalhas revelam-se extremamente caóticas, e o comando por vezes não consegue oferecer a resposta necessária. Percebi a necessidade de ter um teclado e rato à disposição, uma vez que me senti prejudicado pela utilização do DualSense. O problema, na minha opinião, está na velocidade de combate dos inimigos - alguns são excessivamente rápidos e, por vezes, surgem em número excessivo. Esta situação fez-me recordar a minha experiência em Doom Eternal, quando tentei jogar com um comando e constatei que a minha eficácia era significativamente inferior em comparação com o uso de rato e teclado.

Apresentação visual na PlayStation 5 é dececionante

No que diz respeito à vertente visual, a apresentação suscita muitas preocupações. Embora utilize o poderoso Unreal Engine 5 e exiba a eficácia do recurso Nanite na eliminação do pop-in, a impressão geral não é impressionante. Na PlayStation 5, parece abraçar uma resolução muito baixa com a utilização agressiva do FSR 2.0 da AMD. Esta abordagem traz consigo várias imperfeições visuais, algumas delas tão marcantes e com impacto negativo em momentos-chave, como as cinemáticas.

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Para ser franco, é inegável que o impacto visual é marcadamente negativo. A resolução surge excessivamente reduzida, resultando num blur acentuado e defeitos visíveis na imagem, abrangendo as sombras, detalhes do cabelo, entre outros. Além disso, as várias imperfeições visuais são acompanhadas por quedas de fotogramas em diversas ocasiões, inclusive nas cinemáticas, que expropriam a atenção e o esplendor da experiência, desviando o foco do que deveria ser o cerne da apreciação devido à sua intrusão.

No entanto, também se destacam detalhes de qualidade aqui. As expressões faciais dos personagens são notáveis, constituindo uma das facetas que verdadeiramente impressiona. A fluidez quase impecável dos movimentos faciais durante os diálogos é notável, proporcionando momentos em que a entoação das frases é espelhada de forma quase perfeita nos gestos faciais. O sincronismo entre a expressão verbal e a movimentação da face é notável e contribui para um grau de realismo significativo.

Uma base para uma sequela

A experiência é marcada por uma vasta seleção de magias, que, embora possam parecer excessivas e confusas em certos momentos, proporcionam diversão ao longo do gameplay. No entanto, a falta de fluidez na movimentação do personagem é evidente e deixa uma sensação de que a experiência poderia ser ainda mais recompensadora com melhorias nesse aspeto. Embora o jogo tenha criado uma base sólida, há espaço para futuras incursões que poderiam suavizar essas arestas e tornar a experiência global mais envolvente e divertida.

Immortals of Aveum é uma conjunção de excelentes ideias, desde a sua narrativa com pitadas de humor, que diverte e comove na reta final, passando por uma jogabilidade com boas mecânicas e uma enorme abundância de opções jogáveis. Um tanto lento em desenvolvimentos na fase inicial, mas que acelera para uma positividade de acontecimentos finais que me cativou. Não fosse essa aceleração final em que evidencia o que de bom aqui há, estaríamos perante um trabalho com apenas algumas boas ideias. Foram cerca de 16 horas de jogo, incluindo explorações além da narrativa principal. Talvez uma sequela possa finalmente explorar todo o seu potencial.

Prós: Contras:
  • Narrativa envolvente e com bons momentos de humor
  • Os poderes mágicos são interessantes
  • Várias formas de matar os inimigos
  • Visualmente dececionante na PS5
  • Muitas imperfeições visuais
  • Jogabilidade precisa de ser aprimorada
  • Muita repetição das mesmas ações
  • Quebra-cabeças em quantidade exagerada

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