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Greedy Guns - Análise

Um jogo português extremamente difícil.

A dificuldade é o chamariz de Greedy Guns, mas a falta de variedade do desafio torna-o cansativo e previsível.

A indústria dos videojogos está a crescer em Portugal e cada vez existem mais produções nacionais, algo que há uma questão de anos era uma raridade. No entanto, apesar deste crescimento, a dura realidade é que no panorama de desenvolvimento de jogos à escala mundial, Portugal é um país praticamente inexistente. Para que isto mude, não são necessários mais jogos, são necessários mais jogos que se destaquem e que apresentem qualidade. Será que é este o caso de Greedy Guns?

Greedy Guns foi desenvolvido pelo Tio Atum, um estúdio composto por apenas três pessoas, mas com experiência prévia na área do desenvolvimento dos videojogos. Há quatro anos que Greedy Guns está em desenvolvimento e passou pelo Kickstarter, com uma campanha de sucesso em que recebeu £11,653 em financiamento. Greedy Guns é um jogo envolto em nostalgia e com inspiração em clássicos como Metal Slug, Gunstar Heroes e Castlevania. Na sua essência, é um jogo de tiros e plataformas em sidescrolling com a possibilidade de regressar a áreas anteriores com novas habilidades para apanhar o que ficou para trás.

É sobretudo um jogo para quem gosta de retro, até porque só esses terão a capacidade para tolerar a elevada dificuldade. Sim, Greedy Guns é um jogo extremamente difícil e não existe opção para reduzir. Não é propriamente uma falha, é assim que os criadores visionaram a experiência. Ainda assim, apesar das inevitáveis dezenas ou centenas de mortes que vão acumular, é um jogo generoso no que toca a checkpoints. Nunca vão perder muito progresso graças ao sistema de gravação automática e sempre que reaparecem têm a vida cheia.

Cover image for YouTube videoGREEDY GUNS - JOGO PORTUGUÊS INSPIRADO EM METAL SLUG

Não te deixes enganar pela generosidade dos checkpoints, este é um jogo que está constantemente a tentar matar-te! Os numerosos inimigos aparecem, de surpresa, de todas as direcções. Correr na direcção oposta nem sempre é uma alternativa, já que Greedy Guns gosta de nos encurralar com inimigos de ambos os lados. Felizmente, os controlos e a personagem respondem lindamente, ainda que requeira uma excelente coordenação e capacidade para prestar atenção às várias coisas que estão a acontecer no ecrã.

"Greedy Guns gosta de nos encurralar com inimigos de ambos os lados."

Tal como outros jogos do género Metroidvania, inicialmente estamos limitados e não podemos explorar devidamente o mapa inteiro. A primeira habilidade que vão desbloquear é o rebolar. Com esta habilidade a personagem rebola pelo chão e consegue escapar aos adversários e passar por certos obstáculos dos níveis. Mais adiante, vão desbloquear outras habilidades necessárias para passar outros obstáculos. Além das habilidades, há novas armas para desbloquear e comprar que dão imenso jeito. Há uma sniper que causa muito dano com um só tiro, uma pistola que dispara três tiros de uma vez em três direcções, uma arma cujas balas fazem ricochete nas paredes e por aí em diante.

O modo cooperativo local é uma mais valia. Jogar com um companheiro ao nosso lado torna sempre a experiência mais divertida, se bem que um modo cooperativo online seria também uma adição valiosa. Podem jogar tanto com o rato / teclado ou comando, a escolha é vossa. Qualquer um dos dois funciona bem com o sistema de mira de 360 graus (basicamente, podem apontar e disparar para qualquer direcção).

É difícil lidar com os inimigos no meio de tantos projécteis.

Embora tenha sido inspirado por títulos como Metal Slug e Gunstar Heroes, artisticamente não está tão trabalhado. Não é um jogo feio, mas deixa-nos indiferentes. O mapa é grande e com cenários variados, mas em nenhum momento sentimos a necessidade de abrandar para apreciar os cenários. Por outro lado, a banda sonora de Greedy Guns é como se fosse uma viagem para os tempos das arcadas e das antigas consolas da Sega e da Nintendo, em que sons dos 16-bit acompanhavam na perfeição o ritmo dos jogos.

"A banda sonora de Greedy Guns é como se fosse uma viagem para os tempos das arcadas"

Ultimamente, Greedy Guns é um jogo em que a elevada dificuldade passa para a frustração. Em jogos como este a barreira que separa as duas é ténue. O erro de Greedy Guns é que utiliza sempre a mesma táctica para criar dificuldade, que é atirar o maior número de inimigos possível contra nós. Eventualmente torna-se cansativo e previsível, mesmo com o sistema de checkpoints. As batalhas com os bosses, que supostamente deveriam ser as secções mais desafiantes, são mais toleráveis do que certas secções do jogo. Pelo menos, foi com essa impressão que fiquei.

Greedy Guns consegue ser divertido e desafiante em alguns momentos, e fico contente por ter um jogo destes de origem nacional, mas há outras situações em que a vontade de criar dificuldade passa dos limites. Para além disso, o desafio passa sempre por lidar com uma grande quantidade de inimigos enquanto temos que nos desviar de projécteis. No entanto, se estás à procura de um desafio à moda antiga e não te importas de ser enxovalhado por numerosos inimigos, é uma opção a ter em conta.

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Jorge Loureiro avatar

Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.

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