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Google Stadia review - Chegou hoje a Portugal, mas será que vale a pena?

Testámos o serviço da Google em várias condições.

Mais de um ano após a estreia do serviço noutros países, o Google Stadia está disponível a partir de hoje em território português. O serviço da Google, apresentado oficialmente em Março de 2019 depois de vários rumores de que a gigante tecnológica estava a preparar uma consola, marca a segunda vinda da tecnologia de streaming para os videojogos. A primeira tentativa de comercializar esta tecnologia surgiu em meados de 2009 com os serviços OnLive e Gaikai. A ideia destes serviços era a mesma de hoje: oferecem a possibilidade de desfrutar de videojogos num hardware básico, isto é, sem a necessidade de ter uma consola ou um PC construído para jogar. É uma ideia aliciante, que visa tornar os videojogos tão acessíveis como assistir a Netflix, HBO ou Disney+.

Tanto o Gaikai como o OnLive não conseguiram estabelecer-se no mercado e ambos acabaram por ser adquiridos pela Sony, que aproveitou a tecnologia para criar o PlayStation Now. Entretanto, a Microsoft também se debruçou sobre o streaming de videojogos com o Cloud Gaming do Xbox Game Pass, que permite desfrutar dos jogos do serviço em smartphones android via streaming. Portanto, esta segunda vinda da tecnologia é diferente da primeira. Já não temos pequenas companhias a defrontarem as gigantes, são as próprias gigantes que estão a apostar na tecnologia de streaming, o que à partida traz mais confiança para os consumidores. Para além da própria tecnologia ter evoluído, hoje as ligações à Internet são melhores e mais rápidas do que em meados de 2010.

"São as próprias gigantes que estão a apostar na tecnologia de streaming, o que à partida traz mais confiança para os consumidores"

O streaming de videojogos tem hoje mais factores a seu favor do que tinha anteriormente, contudo, será consegue oferecer uma experiência tão boa como uma consola ou um PC? Apesar do serviço já estar disponível noutros países há mais de 12 meses, a chegada do serviço a terras lusas trouxe um convite da Google para testar o serviço neste período pré-lançamento. Com uma ligação à Internet com 250 Mbps de download e 150 Mbps de upload, estamos bem acima dos requisitos oficiais da Google para o serviço. Será que a experiência foi satisfatória?

A melhor experiência é com cabo de rede

O nosso primeiro teste com o Google Stadia foi no PC, com cabo de rede ligado. O serviço funciona através do Google Chrome e só precisas de entrar com a tua conta Google. Depois, acedes a uma lista de jogos (neste caso, escolhemos Hitman 2, um dos jogos incluídos na subscrição Stadia Pro) e escolhes o que jogar. Automaticamente, o jogo preenche todo o ecrã e pouco depois surge o menu. O processo é igual a iniciar qualquer outro jogo, mas sem a necessidade de qualquer instalação.

O comando oficial do Google Stadia. É a única peça de hardware lançada pela Google e tem a particularidade de se ligar directamente ao servidor de streaming, o que diminui a latência nos controlos.

Os loadings são rápidos, cerca de 10 a 20 segundos entre o menu e a missão que escolhemos, e surpreendentemente, a latência existente nos controlos quase que passa despercebida. A qualidade de imagem apresentada é boa, mas ainda assim, é difícil não reparar nos artefactos de compressão que denunciam que estamos a jogar através de streaming. No geral, uma experiência satisfatória, ainda que não rivalize com a experiência tradicional de jogar numa consola ou PC. Um jogador ávido facilmente percebe as pequenas degradações na experiência.

"No geral, uma experiência satisfatória, ainda que não rivalize com a experiência tradicional de jogar numa consola ou PC"

Não deixa de ser impressionante o estado actual da tecnologia. Conseguimos jogar literalmente à distância, com o jogo a correr num servidor longe de nós em que todas as interacções executadas pelo jogador são enviadas e devolvidas muito rapidamente. A experiência é provavelmente ainda melhor com o comando oficial do Google Stadia (não tivemos a oportunidade de testá-lo), que se liga directamente ao servidor onde está a correr o teu jogo, não havendo necessidade do sinal atravessar o teu computador, o que diminui mais a latência.

Por Wifi a experiência piora

Passando para um portátil, e sem cabo de rede ligado, a experiência do Google Stadia degrada-se. Os artefactos visuais intensificam-se e a perda de resolução é evidente. A latência também aumenta, mas não torna a experiência injogável. Testamos vários jogos por WiFi, desde jogos de plataformas exigentes como Celeste a jogos de tiros como PUBG e Destiny 2: New Light. Jogámos ainda Submerged: Hidden Depths e também Super Bomberman R Online, um dos jogos que está disponível gratuitamente no serviço.

Cover image for YouTube videoGoogle Stadia em Portugal - Teste a Destiny 2: New Light

Embora seja possível por Wifi, há ocasionalmente pequenas quebras na transmissão, havendo um salto de um ponto para o outro. Os controlos também não respondem tão bem e isto tornou-se percetível em Celeste. Consegui progredir sem muita dificuldade, mas tive que levar em conta a latência existente nos controlos. O pior é mesmo a degradação da qualidade de imagem. Existe bastante compressão de imagem, que se nota até num jogo de estilo pixelizado como Celeste. Noutros jogos, como Destiny 2 e PUBG, isso torna-se ainda mais evidente. Em PUGB, onde é extremamente importante avistar os jogadores adversários ao longe, torna-se impossível de perceber o que está no horizonte devido à compressão. Dá para jogar, mas está aquém de ser a experiência ideal e que recomendaria para quem gosta de videojogos.

E no mobile?

No smartphone o serviço mantém a simplicidade. Instalas a aplicação e escolhes um jogo. O ideal é ligar algum comando por bluetooth ao smartphone (existe até suporte para os comandos da PlayStation, Xbox e Nintendo), mas caso não tenhas nenhum comando à mão, podes activar um Gamepad táctil. Este Gamepad desenrasca, mas a experiência vária de jogo para jogo mediante os controlos. Devido ao ecrã mais pequeno dos smartphones e à maior densidade de pixels, a compressão passa quase despercebida no smartphone. Não vou mentir, poder desfrutar de jogos como Hitman 2 e Destiny 2 num smartphone é uma sensação incrível.

Os controlos tácteis do Google Stadia. Não são ideais, mas servem para desenrascar. O melhor é jogar com um comando bluetooth.

Parece-me que esta é, por enquanto, a mais valia dos serviços de streaming de videojogos como o Google Stadia. Numa experiência caseira, onde podes estar relaxado a jogar numa grande televisão ou monitor, não estão ainda ao nível da experiência tradicional oferecida por hardware poderoso a correr os jogos localmente. Todavia, em situações de deslocação em que estás fora de casa e não podes levar o teu PC ou consola atrás de ti, são uma excelente opção e perfeitamente satisfatórios. Existem pequenos compromissos, mas a tecnologia funciona e está ao alcance de todos, desde que tenhas uma boa ligação à Internet.

Quanto custa e quais são os jogos disponíveis no Google Stadia?

O Google Stadia funciona de duas formas: podes comprar jogos na plataforma como em qualquer outra loja (tipo Steam, Epic Games Store, GOG, etc) e podes subscrever ao Stadia Pro, que te dá acesso a uma lista limitada de jogos (neste momento são cerca de 30 jogos, incluindo Hitman 2, Celeste, SteamWorld Heist, Dead By Daylight, PUBG, entre outros). O Stadia Pro tem um custo de 9,99 euros por mês. Francamente, o catálogo do serviço é bastante limitado e pelo mesmo preço tens o PlayStation Now ou o Xbox Game Pass, que disponibilizam centenas de jogos (o PlayStation Now tem o inconveniente de não ser compatível com smartphones).

O serviço tem recebido apoio de algumas editoras. Por exemplo, Cyberpunk 2077 é um dos jogos que estará disponível no Google Stadia desde o lançamento. Também estão disponíveis outros títulos sonantes como Star Wars: Jedi Fallen Order, Immortals Fenyx Rising, Watch Dogs Legion, Final Fantasy XV, Metro Exodus, Marvel's Avengers, NBA 2K21 e mais alguns. Ainda assim, para um serviço que já foi lançado há mais de um ano, faltam muitos jogos que estão disponíveis noutros serviços / plataformas. Além disso, existe uma questão pertinente: será que as pessoas interessadas no Google Stadia estão dispostas a pagar 69,99 euros por um jogo?

"Para um serviço que já foi lançado há mais de um ano, faltam muitos jogos que estão disponíveis noutros serviços / plataformas"

Parece-me que quem está disposto a pagar tanto por um jogo também está disposto a pagar para ter uma consola ou um PC, podendo assim desfrutar desse jogo sem compromissos. Quanto ao argumento de que os jogos do Google Stadia estão a correr num PC com hardware mais caro do que estarias disposto a pagar, cai por água quando a qualidade de imagem é denegrida pela compressão. Em nenhum momento, nem quando estava ligado por cabo de rede, a qualidade de imagem e a experiência foi tão boa como jogar numa PS5, PS4, Xbox One, Xbox Series ou PC. O único momento em que me parece que o serviço vale a pena foi quando estava a jogar no smartphone, por falta de alternativa melhor.

Apesar disto, a tecnologia está muito mais amadurecida do que na primeira vaga. Com a chegada do 5G, o streaming pode ficar mais forte e limar as arestas que ainda estão ásperas. O principal obstáculo é a compressão de imagem, que é visível mesmo quando a tua ligação à Internet é excelente. Numa época em que as consolas já oferecem experiências a 4K e na maioria dos casos a 60 FPS, a maior dificuldade do Google Stadia é igular esta experiência. Com base no que experimentámos,, o serviço ainda tem que dar um salto maior para se tornar numa real ameaça ao gaming tradicional.

Prós: Contras:
  • Não precisas de um PC ou consola para jogar
  • Suporte para uma grande diversidade de comandos
  • Muito fácil de usar e sem instalação de jogos
  • Podes jogar títulos AAA num smartphone e em qualquer lugar
  • Ainda se nota compressão na imagem, mesmo ligado por cabo de rede
  • A latência é pouca, mas sente-se
  • Muita compressão por Wifi
  • A oferta de jogos é muito limitada
  • Pouco valor na subscrição Stadia Pro

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Sobre o Autor
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Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.

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