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Golden Sun - Virtual Console - Análise

Habilidades teledinâmicas.

Depois da chegada à Virtual Console da Wii U de títulos clássicos da Nintendo Entertainment System (NES) e da Super NES, chegaram finalmente os jogos que marcaram uma geração portátil da Nintendo: os títulos da Game Boy Advance. Exclusivamente para este avançado sistema portátil que veio render a Game Boy Color em Março de 2001 (data de lançamento nipónico), imensos foram os jogos editados, muitos deles a darem novos rumos a séries existentes mas também a inaugurarem franquias novas, como é o caso de Golden Sun (com sequela para a GBA e continuação com Dark Dawn para a Nintendo DS), um jrpg em moldes muito tradicionais, com mecânicas conhecidas mas sempre muito sólidas e detentor de uma narrativa que apesar de próxima da fantasia medieval, foi capaz de conquistar uma audiência.

Aliás, Golden Sun conquistou-me. Lembro-me bem de ter adquirido a minha Game Boy Advance e de ter escolhido este jogo da Camelot como primeira experiência numa plataforma que em tudo superava as produções para a GameBoy Color, emprestando mais pormenores e detalhes, inclusive com mais sprites 2D que a SNES proporcionava. A riqueza gráfica, o colorido e um sistema de batalha na mira de saudosos exclusivos da 16-bit da Nintendo, foram alguns dos pontos do jogo que mais depressa se destacaram à medida que ia percorrendo os primeiros ecrãs da narrativa e enfrentava os primeiros adversários num mundo bem construído e atractivo. Agora, com o ecrã do GamePad a replicar o contacto tido nesse distante ano com a Game Boy Advance, todo um legado de memórias desfilou.

Saturos é um vilão da narrativa de Golde Sun.

Pena é que a Nintendo tenha optado por emular na Wii U o jogo com a sua resolução nativa. Na Game Boy Advance, o aspecto pixelizado dos gráficos não é tão perceptível devido ao tamanho diminuto do ecrã e à natural ausência da alta definição da plataforma. Sem uma melhor resolução, o aspecto "granulado" salta à vista num moderno ecrã de alta definição e mesmo no ecrã do GamePad, isso não deixa de ser perceptível. Mas se há uma imediata constatação disso mesmo assim que abrimos o jogo, ao fim de um tempo sentimo-nos mais habituados. Criar uma nova resolução seria mais custoso para a Nintendo, ainda que o consumidor se sentisse muito mais satisfeito por beneficiar de uma melhor resolução, estando até disponível para pagar por uma versão melhorada.

Apesar deste aspecto menos agradável da experiência, é interessante a disponibilidade dos respectivos manuais dos jogos, com resolução muito alta de cada uma das páginas que compõem o manual, ainda que estes se encontrem em inglês. É mais um capítulo de grande nostalgia que nada tem que ver com a experiência, mas muito útil quando queremos ficar a saber mais sobre o jogo, seja porque não tivemos oportunidade de jogar o original, seja porque queremos prescindir da cópia física e conservar o jogo digital, sem perda de elementos relevantes. E sempre é mais um conteúdo disponível. Mas vale a pena ficar ali a folhear aquelas páginas, até porque manuais como os de Golden Sun são muito detalhados, com muitas páginas, desenhos em fundo e fornecem preciosas indicações sobre a estrutura do jogo.

A aldeia Vale e uma das imagens mais icónicas do jogo.

A narrativa de Golden Sun está centrada em várias personagens, destacando-se Isaac, o protagonista e habitante de Vale, que acorda subitamente numa manhã enquanto decorre uma tempestade que tem origem no Mt Aleph e que varre por inteiro a sua aldeia instalada no sopé da montanha. A forte densidade do argumento ocupa umas boas primeiras horas do jogo, apostando no desenvolvimento e ligação entre as personagens, como guardiões de um poder quase ancestral e do qual dependem. Este poder nas mãos erradas e tudo pode desmoronar-se. Sob uma forte amarra medieval e plena de fantasia, não é um jogo com um argumento inscrito em novas temáticas. Mas não tarda até descobrirem o elemento mais distintivo e com efeitos ao nível da experiência; a "psynergy", uma força que permite às personagens realizar uma série de operações como movimentar blocos e outros objectos pesados, sendo que por cada utilização deste poder é dispendido um conjunto de unidades de magia. Assim, a uma forte componente narrativa agregam-se imensos puzzles, de dificuldade gradual, requerendo constante atenção e uma acentuada exploração. Isso deve-se à dimensão vasta do território, levando o jogador a explorar bem cada área e cada canto, onde pode encontrar surpresas agradáveis, como tesouros e outros bónus, mas também bastantes inimigos.

As batalhas obedecem ao modelo tradicional dos combates aleatórios pelo que não há grandes novidades nos encontros com os inimigos. Ao acumular pontos de vitória após uma batalha bem sucedida, a subida de nível confere um incremento de saúde e pontos de "psynergy". Mas são os ataques especiais, obtidos à custa da selecção dos Djinn, pequenas criaturas que podem ser atribuídas às personagens e que afectam a árvore de habilidades proporcionadas pela "psynergy". Criando diferentes efeitos que funcionam como classes, os Djinn podem ser mudados com frequência, alterando a classe da personagem, assim como uma base de estatísticas. Nalgumas situações é possível aplicar ataques devastadores, mas a partir daí o Djinn entra num estado de "stand by", deixando a personagem mais vulnerável aos ataques do inimigo. Na prática funciona como uma espécie de bomba atómica, a ser usada nos momentos quentes da batalha e capaz de criar um ponto de viragem. Até se atingir um óptimo uso desta mecânica, há uma fase de adaptação e algumas tentativas e erro, mas depois tudo depende das nossas escolhas.

O mapa-mundo.

Golden Sun é um jogo bonito visualmente. Embora não sendo estrondoso, envelheceu bem e permanece como um dos mais destacados da classe Game Boy Advance em termos visuais. Há um colorido constante, fruto de transições constantes entre áreas, causando uma óptima sensação para quem dirige as personagens até ao seu destino. Labirintos, túneis e masmorras não oferecem tanta diversidade mas contribuem regularmente com pequenas surpresas, tesouros e alguns objectos insólitos. Tocando em áreas com diferentes geografias, toda a aventura revela uma campanha sólida, bem arquitectada e desafiante, a requerer uma boa preparação das personagens juntamente com os seus Djinn.

Se falharam este jrpg para a Game Boy Advance podem sempre redimir-se e avançar para a aquisição desta versão para a Virtual Console da Wii U. Golden Sun oferece um modelo de combate bastante tradicional, inovando sobretudo ao nível da afectação das classes das personagens, através das criaturas Djinn, com repercussão sobre o naipe de ataques especiais e tabela de dados estatísticos. Um jogo que se distingue também pela qualidade dos quebra-cabeças, forçando o jogador a descobrir as saídas e a encontrar o percurso certo. Recomendado aos fãs do género.

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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